"Essa consciência me fez humilde mas não ter menos força de vontade"

Da última vez que batemos papo com a pequena finlandesa sobre os mais recentes acontecmentos de sua carreir solo, agora finalmente há uma entrevista mais detalhada sobre a longa espera e realmente esperado o sucessor de My Winter Storm" chamado "What Lies Beneath". Tarja, que agora está morando permanentemente  na Argentina, nos revlou suas reflexões pessoais do presente e também as do passado.

Orkus: O seu novo álbum tem o título "What Lies Beneath". O que essas palavras representam pra você?

Tarja: Com "What Lies Beneath" eu pessoalmente encontrei a definição do título no começo do processo de composição. O álbum é basivamente sobre o que está escondido em mim com mulher e como artista assim como no resto do mundo. Nos últimos anos eu aprendi que sempre vale a pena dar as coisas uma segunda visão, porque olhando algo de uma vez você tem uma impressão errada. Essa consciência sem sido muito importante pra mim e tudo no meu segundo álbum, especialmente a arte, é o verdade pra esse lema. Se você por exemplo tem um amigo e acha que o conhece muito bem, você fica totalmente confuso se ele de repente agir diferente do que de costume. Então, "What Lies Beneath" é sobre o fato de que as primeiras impressões geralmente podem ser erradas ou parciais. Eu acho que já muitos mistérios e coisas escondidas na nossa vida e nós não sabemos por que elas acontecem. A única coisa que podemos fazer é olhar pra eles novamente de forma diferente.

Orkus: Você teve um conceito claro sobre a direção do álbum assim que começou as composições?
Tarja: Eu tive uma vaga ideia mas é claro, leva algum tempo para ser desenvolvida. Principalmente porque eu estava viajando muito e raramente podia trabalhar muito. Quando eu escrevo, escrevo no piano. O piano é um instrumento muito especial pra mim, um muito melancólico. É perfeito pra explorar meus sentimentos escondidos que sempre são uma experiência muito intensa. Vendo a mim mesma como compositora é uma nova experiência pra mim e algumas vezes eu ainda me sinto envergonhada ao expressar minhas ideias. Mas eu estou aprendendo coisas novas todos os dias e eu aprecio muito essa nova liberdade que consegui. Além disso estou muito contente com as músicas finalizadas, elas soam exatamente como eu queria que elas fossem desde o começo.

Orkus: Na nossa última conversa você revelou que foi ótimo produzir o seu próprio álbum. Isso mudou sua percepção musical – e quais foram as dificuldades enfrentadas?

Tarja: Quando eu escutei algumas músicas nesses dias, eu me peguei analisando cada detalhe, e isso pode ser bastante pertubador as vezes. Eu achei super interessante o quanto isso virou um hábito e como naturalmente tive a liberdade de ter isso fluindo de mim mesma e eu percebo mais e mais que não há somente uma forma de fazer algo por mim. No momento estou disposta em aprender coisas diferentes – na música e no dia a dia. Depois da minha mudança para Argentina, tive que compreender que as coisas não funcionam como na Finlândia, mas isso é atualmente a sorte das pessoas. Nós somos capazes de descobrir todas essas diferenças e na melhor das hipóteses elas estão em uso por nós, vamos nos beneficiar e crescer. É por isso que acredito que tem apenas um modo de fazer música, não há “certos” e “errados”. Produzir é uma palavra muito grande para algo que eu estou fazendo por mim mesma. “What Lies Beneath” é meu novo álbum e vai me fazer incrivelmente feliz se tudo funcionar como planejado. Todo o processo de gravação era um novo passo para algo diferente e mais difícil mas estava tudo bem. E eu não quis perder nenhum momento, nem os mais difíceis. Por exemplo, eu tive que pressionar os músicos uma vez pois eu queria o melhor resultado que eles poderiam me oferecer. Felizmente nenhum deles levou isso para o lado pessoal e me intenderam e me apoiaram.

Orkus: “What Lies Beneath” soa bem mais pesado e diferente do “My Winter Storm”. Foi o MWS mais uma experiência e esse segundo álbum agora está “refletindo” você mesma como cantora solo?
Tarja: A metáfora com o espelho encaixa perfeitamente, Eu sempre digo que fazer música é um aprendizado constante que permite a você sempre experimentar coisas novas.
Depois de ter feito parte de uma banda por anos, é uma experiência completamente nova a qual reflete a mim e a minha personalidade para quem ouve. Até então eu não quero me sentir uma cantora de Heavy Metal ou uma cantora clássica, eu não me encaixo em nenhuma categoria facilmente. Eu não deixo as pessoas me encaixarem em nenhuma categoria pois eu ainda não achei o meu próprio caminho. Eu tenho feito músicas por toda minha vida e essas pessoas vê em mim o que pode ser bom para elas, mas eu tenho uma visão diferente sobre isso. A música que eu faço reflete isso, minha música reflete a mim mesma. WLB também representa um desenvolvimento lógico do MWS para o gênero musical que hoje eu amo. Meu álbum de estréia ainda representa um tipo de música que eu pessoalmente gosto de ouvir. Isso pode soar um pouco estranho mas todos os elementos que eu amo se resumem nessas palavras: Uma bela orquestra, heavy, ranhuras de guitarras e a clareza e beleza do metal.

Orkus: Em algumas canções (Dark Star, Anterrom Of Death) você trabalhou junto com músicos convidados. Quais músicos deixaram sua marca no What Lies Beneath?

Tarja: Em Anteroom Of Death, que também será a primeira canção do cd, eu fui vocalmente auxiliada pela banda a capella alemã Van Canto. Esta canção certamente chocará muitas pessoas porque é provavelmente uma das mais progressivas no What Lies Beneath, e é inspirada em Bohemian Rhapsody do Queen. Em Dark Star estou num dueto com Phil Labonte do All That Remains. Para esta canção, quis um cantor capaz de gritar agressivamente assim como também cantar melodias harmônicas comigo. Phill combinou perfeitamente o que me deixa muito feliz. Tirando estes, diferentes guitarristas, por exemplo o americano Joe Satriani, estavam trabalhando no What Lies Beneath, o que também me deixa muito orgulhosa.

Orkus: In For A Kill contém o verso “Nada pode brilhar, deixado na escuridão”. Qual é a ideia por trás desse verso?
Tarja: Certamente você não vai acreditar que essa canção é inspirada por tubarões. Assisti um programa sobre tubarões que não somente me deu arrepios mas também realmente me fez chorar. Entendi que humanos são, frequentemente, os mais cruéis animais, nós mesmos somos os tubarões que tanto tememos. Nós matamos tubarões porque acreditamos que eles nos caçam, mesmo que na realidade é o contrário... Nós os caçamos, não eles a nós. O verso que você está falando se refere ao lado obscuro dos homens. Mesmo aqueles que parecem ricos, poderosos e estimados mas frequentemente fazem coisas horríveis. Isso torna-se claro principalmente quando chegamos a assuntos como abuso infantil ou prostituição. Tais coisas terríveis acontecem frequentemente sob o disfarce da decência e é sobre isto que a música trata.

Orkus: Quando você começou cantando em uma banda de metal, mulheres ainda eram bem raras nesse estilo. Que obstáculos você teve que superar até se sentir bem e você pensa que isto está mais fácil para cantoras de metal hoje em dia?

Tarja: O maior obstáculo sempre foi minha voz. Eu continuo lutando com isso de tempos em tempos mas não tanto como antes. Acho que aconteceu em 2003 ou 2004 quando comecei a me sentir melhor cantando algumas músicas da banda. As vezes é difícil, para quem está de fora, entender mas foi incrivelmente difícil ter que fazer minha voz mais flexível nas canções do Nightwish. Eu estava treinada para música clássica e ópera e dificilmente pude usar minha técnica no metal. Se tivesse feito isso, as pessoas teriam ficado mais chocadas do que satisfeitas, porque esse tipo de canto teria sido tão dramático. Eu sempre fui aceita como uma mulher ou antes como uma menina. Mas é claro que eu era muito jovem no início; tudo era muito novo para mim e aconteceu de uma forma incrivelmente rápida. Quando de repente aparecemos nos jornais, foi com certeza principalmente minha base familiar e o jeito que me via e me tratava que me salvaram de perder o chão sob meus pés. Muito pelo contrário, eu sempre estive ciente da realidade em que vivo. Eu cedo entendi que é necessário investir bastante em você e que não lhe é permitido deixar as coisas de lado se quer atingir seus objetivos. Quando se faz música, sempre há alguém melhor do que você. Isso me fez humilde mas não com menos força de vontade para tentar compreender minhas idéias e sonhos. E sim, penso que está mais fácil para as mulheres cantar em uma banda de metal hoje, mas isso é simplesmente maravilhoso.Eu acho que você realmente tem que ter para se apresentar e mostrar-se confiante em frente de uma platéia de metal. Então em toda mulher há uma necessidade de ser um pouco garoto porque nós não temos tanto essa coragem. Mas estou convencida de que as mulheres têm uma certa força adicional que falta nos homens. Na minha opinião, nós somos mais frequentemente capazes de lidar com o estresse e situações difíceis do que os homens, até porque nascemos como mães em potencial.Quando eu comecei existiam menos garotas na mesma situação, mas há muitas de nós atualmente e isso me deixa incrivelmente orgulhosa.