A ex-vocalista do Nightwish, Tarja Turunen, provavelmente sempre será um ícone no "reino" do Gothic Metal. Depois de lançar o seu novo álbum, "What Lies Beneath" no começo de Setembro deste ano e começar uma turnê, uma entrevista era inevitável, é claro. Nós conversamos com ela sobre a turnê, seu novo álbum e todas as máscaras que precederam isso tudo. O que há sob a superfície de Tarja e seu novo álbum? A diva revela.

Texto: Melanie

Oi Tarja! Como vai?
Obrigada por perguntar, eu estou realmente bem. Descansando e trabalhando para os shows futuros no meu lar, eu Buenos Aires.

Parabéns por outro grande álbum. "What Lies Beneath" é realmente algo diferente, em comparação com o "My Winter Storm". Depois de "My Winter Storm", levou três anos para o lançamento do "What Lies Beneath". O que aconteceu nesses três anos?
Eu estava viajando constantemente durante esses três anos. Eu tive a oportunidade de ver muitos lugares que eu nunca tinha visto antes e encontrar pessoas adoráveis ao redor do mundo. Eu comecei a trabalhar no meu segundo álbum dois anos atrás, então o processo de escrita estava acontecendo quando eu tinha um tempinho das turnês. Eu estava escrevendo seja sozinha em casa ou com outros escritores em seus locais preferidos. Então, no total, os três anos foram preenchidos com viagens.

O que você diria que é a maior diferença entre o "My Winter Storm" e o "What Lies Beneath"?
O WLB é mais direto e claro, no que se refere à produção. Ele também é um álbum muito pessoal para mim, desde que eu estive muito envolvida no processo criativo. Também é um pouco mais enérgico, mais pesado do que o primeiro e creio qu eu deixei a minha direção muito clara com este álbum. As pessoas podem entender aonde eu estou indo com ele.

Você não quis dar aos fãs uma data para o lançamento do álbum até que você o tinha terminado. Os fãs não tinham idéia de quanto tempo levaria. Você colocou alguma pressão no processo de escrita?
Se eu tivesse estabelecido uma data para o lançamento, isso poderia ter trazido pressão para mim, mas como eu não estabeleci, eu tinha todo o tempo para terminar e ter certeza de que o álbum sairia do jeito que eu queria.

Desde que você começou a sua carreira solo, você esteve escrevendo cada vez mais sozinha. Quando você decide que vai querer ajuda ou não? E como você decide a ajuda de quem você precisa?
No começo da minha carreira solo, eu não estava realmente certa de que eu era capaz de escrever boas músicas, e a minha gravadora também não! Então, eu decidi conseguir alguma ajuda de pessoas com as quais eu estava escrevendo profissionalmente por muitos anos, e que podiam entender as minhas necessidades como artista. Para escrever com alguém, é uma questão de confiança e de entendimento entre quem escreve as músicas. Não pode haver assuntos que interfiram na intimidade do processo de escrita. Eu aprendi muito dessas sessões que tive com as pessoas talentosas com as quais eu escrevi. Eu nunca teria escolhido de forma diferente. De qualquer forma, todos me encorajaram a escrever por conta própria, o que eu ando fazendo cada vez mais. Às vezes com mais sorte, às vezes com menos. De qualquer forma, quem é o juíz no final, se a música é boa o suficiente? Você mesmo. Às vezes você pode obter o sucesso e em outras, a canção acaba sendo só uma canção "na média". Eu amo escrever com as pessoas com as quais eu me sinto confortável.

Se eu não me engano, você foi até a Islândia para gravar o vídeo de “I Feel Immortal”... Você poderia nos contar um pouco mais sobre o vídeo e o processo?
Eu sempre tive o sonho de visitar a Islândia. O sonho se tornou realidade quando o diretor Jörn Heidmann me sugeriu que eu viajasse até lá para gravar o primeiro vídeo para o meu novo álbum. Eu estava emocionada, uma vez que eu queria capturar algo imortal para o meu vídeo e o que é ainda é imortal no nosso mundo, é a natureza. Na Islândia, nós encontramos paisagens estonteantes, o oceano, montanhas e cachoeiras. Eu simplesmente amei ficar por lá durante quatro dias. A história do vídeo é muito emocionante e tocante. Fala sobre o ciclo da vida.

A arte da capa mostra muitas máscaras e uma série de cicatrizes ao lado do seu rosto. Isso se encaixa no título do álbum, “What Lies Beneath”. Isso me lembra de uma máscara. Você acredita que todos usam uma máscara? Ou então possuem um profundo segredo? Qual é a história por trás do título, assim como por trás da arte da capa?
Nunca é fácil saber o que está por baixo de nós, seres humanos. O que sou eu de verdade, e porque nós agimos da forma como agimos às vezes? Porque é tão difícil para nós dizer a verdade às vezes? Muitas vezes, é melhor dar uma segunda olhada nas coisas, então você pode ver as coisas de uma luz ou de uma perspectiva diferentes. Talvez você nunca note algumas coisas se você der só uma olhada rápida, talvez você acabe até perdendo algo importante. Tirar um tempo para fazer coisas e se entender melhor, é algo que vale a pena.

Você mencionou que já escreveu vinte músicas, mas nem todas apareceram no álbum. O que acontece com as faixas que sobraram?
Eu as guardei para o futuro. Talvez no próximo álbum eu só retrabalhe ou termine algumas deles. Havia muitas músicas que não se encaixaram para o conceito do álbum que eu tive dessa vez, mas elas são músicas boas para projetos futuros.  

Seu novo álbum também contém um cover, porque você escolheu “Still of the Night”, do Whitesnake?
Eu nunca fui uma grande fã de Whitesnake, mas eu tenho os álbuns deles e conheço bem a música que eles fazem, uma vez que meu irmão mais velho era um fã e ouvia Whitesnake praticamente todo dia em casa quando eu era criança. Eu já sugeri fazer um cover dessa música para que o Nightwish fizesse um cover, muitos anos atrás, mas a resposta foi “Não.” Então eu tive essa música na minha mente por muito tempo. Apesar de que eu queria retemperar a versão original com uma orquestra sinfônica e um coral bombástico, então eu entrei em contato com meu amigo talentoso, Tim Davies de Los Angeles, e o pedi para fazer os arranjos massivos. Ficou realmente pesado, e eu amei.

No “My Winter Storm”, você fez cover de Poison, do Alice Copper, e o engraçado é que agora você é a convidada especial dele para a nova turnê. Isso é uma grande coincidência. Como isso aconteceu?
Eu nem mesmo posso contabilizar as surpresas e coincidências de sorte que eu tive durante os últimos cinco anos na minha carreira, mas essa definitivamente é uma das maiores! O empresário dele entrou em contato com o meu há algum tempo e perguntou se eu teria interesse. Eu estava tão feliz de ouvir que o senhor Cooper queria que eu fizesse parte da turnê dele. Mas eu não estarei cantando “Poison”! Hahaha.




Você também faz um monte de projetos paralelos. O que está na sua agenda para os próximos meses, tirando as turnês?
Eu já estou começando a escrever músicas para o meu novo álbum! Sim, parece loucura, mas é verdade. Ao menos a  minha vida não está ficando tediosa com todas as coisas que eu estou preparando para o futuro. Eu tenho muitas idéias para projetos paralelos também, e, aliás, eu comecei a trabalhar em um deles. Eu não posso dizer muito sobre ele ainda, mas eu queria fazer um álbum como este já há muito tempo. Constitui um tipo muito diferente de música, mas baseado puramente em emoções. Além da música, eu estou planejando tirar férias no começo do ano que vem, uma vez que eu não tiro férias por pelo menos um ano agora, e vou explorar o que está por baixo da superfície do oceano muito em breve. .

Então, vamos falar sobre a turnê! Você mencionou que tem um novo baixista na turnê. Você pode introduzí-lo rapidamente para nós?
O nome dele é Kevin Chown. Ele esteve tocando com o meu baterista, Mr. Mike Terrana, cerca de quinze anos atrás nos Estados Unidos com uma banda chamada Artension. Foi assim que eu conheci o Kevin. Eu o conheci um pouco mais cedo neste ano, em Los Angeles, e percebi que ele é um homem muito calmo, e com um grande talento. Foi um grande prazer tê-lo comigo na turnê. Eu tive tanta sorte ao encontrar gente boa ao meu redor. Espero que essa sorte nunca mude.

Quando visitei o seu show no “013”, em Tilburg, Holanda, eu percebi que no começo do show você tem uma cortina pendurada no teto. Qual é a idéia por trás da cortina que cai?
Eu amo desenvolver novas idéias para a “configuração” do palco; realmente, é como criar algo lindo. Para mim, os efeitos visuais são tão importantes quanto a própria música. A minha música é inspirada em emoções, e meu sonho seria um dia criar um tipo de configuração musical para o palco, cheia de efeitos visuais. Como a minha música passa por várias mudanças de emoções, a configuração do palco poderia mudar junto com a música.

Durante um show, você muda de roupas por, aproximadamente, três vezes. Você também usa o traje que você usou no vídeo “I Feel Immortal”, suas roupas foram especialmente feitas para você? Como você escolhe as roupas e sapatos que você usará no palco?
Eu sempre amei mudar de roupa durante os meus show. Mesmo antes da minha carreira solo, eu fiz isso e as pessoas que seguem a minha carreira já podem esperar que eu farei isso. Como eu disse antes, assim como a minha música tem mudanças emocionais, eu tenho que tentar mudar os visuais também. Roupas para as performances são partes importantes do meu show e, de modo geral, me leva um longo tempo para desenhá-las para minhas turnês e concertos futuros. Uma boa amiga minha na Finlândia é costureira e nós estivemos trabalhando próximas por mais de dez anos já, desenhando e preparando as minhas roupas. às vezes eu acho roupas legais para fazer os shows de coleções de estilistas locais Argentinos, como Maria Vasquez ou Trosman. Eles têm estilos realmente diferentes e únicos. Eu amo roupas que têm algo a dizer, elas me dizem algo, e a mensagem tem que ser forte o suficiente. Hoje em dia, minhas roupas são mais ou menos baseadas em duas cores puras; preto e branco. A razão para isso é o conceito por trás do meu álbum.

Eu devo dizer, eu era a garota mais feliz no planeta, no segundo em que percebi que “End Of All Hope” tinha começado a tocar. Seus shows são mesmo algo especial, uma vez que você apresenta o melhor da sua carreira solo, e o melhor de quando você ainda estava com o Nightwish. Você também tocou “Phantom of the Opera”, “Passion And The Opera”, e “Nemo”, só para citar algumas. Quando, e como você decide qual canção mais antiga você irá cantar?
Quando eu estou planejando minhas novas turnês e set lists para elas, eu dou uma olhada em todas as possibilidades de que canções incluir, e quais excluir. Isso significa meses antes das turnês começarem. Eu tenho sorte de já ter material o suficente por mim mesma, mas também é divertido adicionar umas canções mais antigas. Por exemplo, para as próximas turnês minha banda precisou aprender cerca de mais umas 30 canções, então quando eu decido mudar uma música ou duas, eles já as tem preparadas. É realmente divertido e assim, nunca fica tedioso.

Montes de outras bandas e músicos gravam um DVD ou um CD ao vivo, você sequer considera fazer um desses?
Eu discuti várias vezes sobre lançar um DVD com a minha gravadora, mas eu ainda não tenho nenhum plano concreto para isso. Seria simplesmente incrível ter um lançamento em DVD apropriado no futuro, mas eu quero prepará-lo com cuidado, e com muito amor.

Seus irmãos Toni e Timo também colaboraram nesse álbum. Toni também participou da sua turnê. O quando os seus laços familiares são importantes para você, e você se considera uma boa irmã, filha, amiga ou esposa?
A minha família é tudo o que eu tenho. Eu sinto falta da minha família constantemente, uma vez que eu não vivo mais na finlândia. O Skype sempre ajuda! Eu me considero como uma boa irmã e filha, mas não acho que estar menos presente fosse me transformar em uma pessoa pior. O amor e o cuidado entre irmãs e de pai para filha nunca muda. Quando estamos juntos, é tempo de qualidade. Sobre ser uma esposa, acho que você teria que perguntar para o meu querido esposo. Ele poderia te dar a resposta correta hahaha.

Apesar de que você é uma musicista bem conhecida e muito respeitada, você deve ter sonhos... quais são os seus sonhos para o futuro?
Eu sou uma sonhadora, então eu estou vivendo os meus sonhos no momento. É um privilégio ser uma musicista hoje e ter uma carreira como que eu tenho. Minha voz me mantém trabalhando muito para o futuro e eu acredito que sempre há algo com a qual sonhar. Eu adoraria ter a minha própria família e descobrir o que está por vir para mim, porque você nunca saberá se não tentar descobrir.

Muito obrigado por ter esta entrevista comigo! As famosas últimas palavras, são suas...
Muito obrigada por estar comigo! Muitos beijos e saudações para os meus adoráveis fãs alemães. Eu espero vê-los novamente em breve. Com amor, Tarja.