UMA FORASTEIRA POR ADOÇÃO
Tarja Turunen é famosa em todo o mundo por sua carreira musical, mas em Boedo, é muito conhecida por ser uma fervorosa simpatizante do San Lorenzo. Dona da voz mais importante do heavy metal feminino, esta finlandesa de 33 anos se casou com um argentino e herdou a paixao dele pelo Ciclone¹. A história de uma forasteira por adoção.
Ler alguma história que relacione alguma celebridade ao San Lorenzo sempre tem um resultado muito pitoresco, mas ainda mais curioso é que esse pessoa nem sequer nasceu no nosso país. Por isso, quando soubemos que Tarja Turunen, uma famosa cantora finlandesa, guardava em seu coração um incrível carinho pelo Ciclone, não pensamos duas vezes antes de tentar entrar em contato com ela e pedir que nos contasse sua história. Claro, a missão não foi fácil, e durante vários meses seguimos o seu rastro, enquanto estava em turnê pela Europa, mas finalmente encontramo-nos, em uma breve passada por Buenos Aires durante os primeiros dias de Setembro.
Depois da troca de vários e-mails com seu marido, Marcelo Cabuli, pudemos saber que a mulher (dona de uma voz cativante) iria ver a partida contra o Vélez, e aproveitamos para conhecê-la.
A odisséia continuou sendo difícil, porque foi uma partida com muita concorrência, e realmente foi difícil encontrar com ela no estádio, mas graças a sua boa disposição - e a de seu marido - finalmente a encontramos na platéia e pudemos transformar em realidade o desejo de conversarmos por uns minutos.
Ela é muito discreta, na verdade, pouquíssimas pessoas das que as rodeavam se deram conta de quem ela era, e pouco depois de ter feito a entrevista - e quando o segundo tempo estava para começar, alguns curiosos se animaram e se aproximaram para pedir alguma foto ou autógrafo. Quanto ao seu lado pessoal, não é inútil reconhecer que sua aparência impactante, seus grandes olhos verdes e sua pele extremamente branca e com aspecto de porcelanada denunciam a sua origem finlandesa, sem dúvidas, o macacão de San Lorenzo que usava elegantemente a contextualizaram perfeitamente com o ambiente, e acabou parecendo ser apenas mais uma corva.
Enquanto durava a entrevista, pude notar que ela estava muito pré-disposta a responder às nossas perguntas, e na amável forma com que se relacionava com os demais fãs. Além do mais, em nenhum momento deixou de se surpreender e enfatizar o fervor do nosso povo durante a partida. “Isso é algo que só acontece na Argentina”, comentava por baixo. Na nota, terminou de revelar a sua paixão azul e escarlate.
SUA CARREIRA
Para aqueles que não estão imersos no mundo do rock, não é muito explicar que a cantora começou a sua carreira em 1996, integrando o famoso grupo de metal sinfônico Nightwish, com o qual alcançou a máxima transcedência mundial. Mas em 2005, por causa de diferenças com vários integrantes da banda, Tarja se distanciou e começou uma bem-sucedida carreira como solista que levou à correr o mundo inteiro levando a sua música e a sua inigualável voz. Essa turnê a levou a apresentar-se em Buenos Aires em 2008 e 2009, para um grande sucesso de audiência. Faz apenas um mês desde que foi publicado o seu terceiro álbum, chamado WLB, que por esses dias está sendo apresentado no velho continente.
Como nasce a paixão pelo San Lorenzo?
Vem com o casamento (risos). Bom, na Finlândia, conhecemos pouco do futebol, como esporte ele não é tão importante, além do mais é um país mais frio, e então o futebol - que é muito passional - é muito conhecido, mas não é um esporte nacional. Eu não era uma acompanhante dessa atividade, mas quando conheci ao meu marido, comecei a seguir o San Lorenzo. Faz 10 anos que o conheci, e desde então sou do Ciclone.
E como é a sua relação normal com o time?
Vi muitas partidas no estádio do San Lorenzo e sou sócia do clube. O sentimento é incrível. O futebol conecta tantas pessoas que resulta em algo maravilhoso. É inevitável amar o futebol quando se casa com um Argentino, porque, obviamente, isso vem no pacote (risos).
O fervor dos torcedores na Argentina te surpreende?
Sim, claro. Para mim é o melhor! É incrível como se vive o futebol por aqui, o sentimento que ele pode passar, é algo que não existe na Finlândia, é algo muito lindo de se ver, sentir, é algo muito importante e muito parecido ao que alguém pode passar com a música.
Justamente… Para você, há um paralelismo entre o que acontece no rock e no futebol?
Existe aqui na Argentina, porque é muito particular a forma que o público vive os concertos, a paixão que as pessoas têm pela música, e no futebol, é a mesma coisa. É muito bom conhecer e sentir algo que não acontece em outros países. É uma boa experiência poder vir ao estádio e experimentá-lo sempre que possível.
QUEM É TARJA TURUNEN?
Tarja nasceu em 17 de agosto de 1977 na cidade de Kitee, Finlândia. Começou os seus estudos musicais na idade de 6 anos, quando começou as aulas de piano e flauta, para logo incursionar-se no vocal. Mas aos 18 anos decidiu voltar-se para o canto lírico, entrando para a Academia Sibelius na cidade de Kuopio. Ali conheceu Tuomas Holopainen, que estava preparando o seu projeto masical.
Ele se propôs a incluí-la em seus planos, e ela aceitou o convite. Dessa iniciativa, surgiu o Nightwish e a sua proeminente carreira artística.
¹El Ciclón: time de futebol argentino.