Tarja Turunen volta ao Chile para se apresentar no próximo dia 23 de março, apresentando o seu último disco, "What Lies Beneath". A cantora falou com a PowerMetal.cl sobre o seu novo trabalho, uma revisão da sua carreira e nos conta sobre os músicos que a acompanharão em seu concerto no Teatro Teletón.

Saudações, Tarja! Antes de qualquer coisa, gostaríamos de ter agradecer pelo seu tempo e dizer que é uma honra entrevistar-te. No próximo dia 23 de março, teremos novamente a oportunidade de te ver ao vivo e em nosso país, desta vez, para promover o seu segundo álbum como solista. Qual é a parte que mais te entusiasma em visitar o Chile?
Os meus fãs adoráveis e a atmosfera que há nos meus shows. De verdade que estou esperando me apresentar para vocês novamente! Já se passou muito tempo.
Há muita gente ansiosa para saber quem serão os músicos que te acompanharão nessa turnê, é possível que você responda?
Sim, claro, quem me acompanhã são: Max Lilja no Cello; Doug Wimbish no baixo; Alex Scholpp na guitarra; Christian Kretschmar no teclado e Mike Terrana na bateria.

Você disse que o What Lies Beneath é um trabalho muito pessoal e que, na verdade, é o resultado de seus esforços como produtora. Tendo isso em conta, como você vê seu desenvolvimento no processo de produção e gravação para os próximos discos?
Penso que será um processo natural novamente. O que aprendi do processo de produção do What Lies Beneath foi que eu precisava confiar em meus instintos e nas pessoas com as quais eu tinha escolhido trabalhar. Produzir o meu segundo álbum por conta própria não foi muito difícil porque nunca senti que me deixavam sozinha nas decisões que tomava. Sempre tive gente ao meu redor com as quais discutir as coisas e solucioná-las. Creio que o meu terceiro álbum será novamente um álbum muito forte, de uma mulher que ama ser livre em relação às suas emoções e creatividade.

Falemos um pouco sobre os seus convidados no What Lies Beneath. Quais critérios você utilizou para escolher as pessoas com as quais trabalhou?
Queria trabalhar com aquelas pessoas que eu conhecia muito bem e que eu sabia que poderia contar com seu talento e sua paixão. Sabia que eles dariam o melhor de si para a minha arte, e eles o fizeram. Ainda que às pessoas possa parecer que não é uma banda, eu sinto que tenho uma banda comigo. Todos os garotos se esforçaram muito nos arranjos das canções, assim muitas músicas foram mudando no estúdio. Enviei para eles as demos de cada uma das canções antes e disse que esperassem para podermos discutí-las cara a cara. Queria que se sentissem livres e que tocassem de forma livre. Há uma boa razão para que cada um dos músicos que estão tocando comigo estejam no disco. A sua personalidade, sua forma de tocar, etc. Nós curtimos criar músicas juntos e isto é fácil de perceber nas nossas apresentações.

Nas turnês e apresentações anteriores aqui na América do Sul, você comparilhou o palco com alguns dos melhores músicos, como foi trabalhar com lendas latino americanas como Walter Giardino e Kiko Loureiro?
Eles são guitarristas magníficos, e são guitarristas muito diferentes. Fui muito sortuda de trabalhar com Walter e Kiko.Ambos compartilharm o amor pela música e têm seus sonhos respectivos de trabalhar com ela. Creio que para eles foi um tipo de desafio trabalhar comigo, porque sou um tipo diferente de cantora, não a típica cantora de Heavy Metal, e a minha música também é assim, é um pouco diferente e requer uma mente mais aberta da parte dos músicos. Mas suponho que tenha sido um lindo desafio. Com Walter, somos amigos hoje, e é sempre é bom falar de música e da vida com ele. E, em qualquer caso, ele viu muito mais coisas do que eu em sua longa carreira.

Conte-nos, como está indo sua carreira no canto lírico? Como faz para administrar o seu tempo entre o Heavy Metal/Rock e a ópera?
Tenho uma professora de canto em Buenos Aires e sempre que vou para casa, a visito de uma a duas vezes por semana. Sinto que ainda desejo fazer progresso como cantora lírica. E não gostaria que a situação mudasse. Sinto que o processo de aprendizagem no canto nunca terminará, e que você sempre terá trabalho a fazer com sua voz. Amo cantar, e amo o canto lírico. Entender o meu instrumento melhor, me ajuda a cantar melhor, sem que importe se a música é ópera ou rock. Se tudo sair bem. vou gravar um disco clássico propriamente dito no ano que vem, e isso será uma mudança muito grande para mim. Ter concertos clássicos no meio de meus concertos de rock é sempre complexo vocalmente para mim. Mas amo que eu possa fazer os dois. Nunca ninguém será capaz de me fazer escolher entre os dois estilos, uma vez que os dois me fazem sentir completa. Pratico meu canto lírico diariamente todos os dias, incluindo quando estou em turnê de rock, pois cantar é um estilo de vida para mim.

através de um monte de histórias sobre a sua vida, pudemos notar que, como mulher, você conseguiu se sobressair em um cenário com presença majoritária de figuras masculinas e admiramos o fato de que não seja uma dessas artistas que se apegam a um certo estereótipo. O que pensa desses artistas cuja música é feita por (ou para) eles mesmos, só para seguir uma certa tendência?
Em geral, não é fácil ser músico no mundo de hoje. A concorrência está cada vez mais dura e as gravadoras já não vendem mais, assim é muito difícil vender as dificuldades da indústria musical como artista. E como dizem, tudo já foi escrito uma ou duas vezes. Quer dizer que é muito complexo criar algo novo. Como seja, sempre segui meus próprios instintos e os sinais que iam aparecendo pelo meu caminho. A música é uma arte, e a arte é levar emoções às pessoas. É um privilégio ter a possibilidade de ser músico e gostar do seu trabalho. Não é muita gente que pode fazer isso de forma séria. Creio que nós, músicos, somos todos sonhadores de certa forma, porque essa consciências das emoções que aparecem envolvidas nas músicas é o que nos conecta. Somos seres muito sensíveis de forma geral, e creio que ninguém possa fazer música só porque alguém disse que ele tem que fazer, ou porque queiram seguir certa tendência ou moda. Ao menos, eu não poderia fazer. Eu também cantei músicas que não eram de minha própria criação por quase 9 anos, no Nightwish. Mas nunca senti que não era parte da criação ou da paixão. Acho que muitos cantores que encontraram o seu próprio estilo. Definitivamente, não é fácil descobrir, e isso leva tempo. Além do mais, nem todos os artistas têm valor para fazê-lo. Caso contrário, é uma decisão que deveríamos respeitar.

Muitos de nós seguem a sua carreira desde lançamentos de discos como Angels Fall First e OCeanborn. Bem, desde então se passou um bom tempo, e hoje em dia você é quase um fenômeno mundial. Poderia nos contar como, e em que medida isso mudou a sua vida?
Se pensa no fato de que eu nasci na pequena vila de Puhos, na Finlândia, e que agora vivo em uma cidade enorme como Buenos Aires, você percebe que houve toda uma viagem no meio. Minha vida não foi nada normal nos últimos dez anos. Ainda que tenha sido uma grande viagem, através de diferentes culturas e experiências, não deixaria de ter nenhuma delas, porque todas essas experiências me fizeram ser quem sou hoje. Sou o tipo de pessoa que trabalha duro; quero que as coisas sejam perfeitas e bem feitas. As vezes, trabalho demais pelas coisas que quero alcançar, mas a vida me mostrou que devo viver meus sonhos agora. Nunca pode saber quando chegará o momento de dizer adeus a tudo o que ama, assim, quero curtir o que tenho. Viver em uma cultura mais aberta, como a argentina, também me ensinou bastante. Hoje em dia posso falar de coisas das quais antes não podia. O sucesso tem seu lado bom e seu lado ruim. Agora sou mais cuidadosa com as pessoas, porque tive experiências em que fui usada sem sequer notar. Escolho com mais cuidado aos meus amigos e às pessoas com quem compartilho a minha vida privada.

Finalmente, continua em contato com o fã-clube do Nightwish e com os fãs do Nightwish, de forma geral?
Eu tenho os meus fãs, a banda tem os seus fãs, e compartilhamos um montão de fãs. Então, sim, continuo em contato com os meus fãs.

Muito obrigado pelo seu tempo, Tarja. Te desejamos o melhor e nos alegramos de que se sinta feliz e livre com o seu projeto. Por favor, poderia enviar alguma mesnagem aos eus fãs que visitam o PowerMetal.cl? E, por certo, se isso te agradar, pode convidá-los para o seu show no Teatro Teletón.
Eu gostaria de agradecê-los a todos por sempre estarem ali para mim, ao longo de todos estes anos. Sem vocês, simplesmente não haveria um "eu"! Estou muito emocionada pelo fato de ter a oportunidade de cantar para vocês em março. Espero ver a todos no concerto. Muito obrigado por tudo. Nos vemos em breve! Com amor, Tarja.