ENTREVISTA COM TARJA TURUNEN E HARUS

COMO NASCEU A IDÉIA DESSA TURNÊ?

TARJA: Eu e meu marido pensamos que seria legal fazer concertos com esses músicos. O Natal é uma época especial do ano e na Finlândia, as pessoas realmente amam a música dessa época. Já é um tipo de tradição para as famílias que elas devem ir assistir pelo menos um concerto de Natal por ano.
KALEVI: Essa é a nossa segunda turnê de Natal, e este Sibelius hall nos dá diferentes posibilidades, por exemplo, para montagem de palco. É um lugar fantástico para se criar algo diferente, especial.
TARJA: É um lugar maravilhoso, sem dúvidas. Então, aonde nós nos "achamos"?
KALEVI: Aconteceu no festival de orgão de Lahti, aonde nós fizemos o nosso primeiro concerto juntos em 2005.
MARKKU: 2006.
KALEVI: Essa foi uma idéia de Erkki Krohn, então nós começamos a trabalhar juntos em Lahti, que é aonde estamos de novo.
TARJA: Sim, se eu me lembro certo, o nome do concerto era "Cross Over Organ"
KALEVI: Foi no concerto de abertura do festival de orgão de Lahti que tudo começou.
MARZI: E o resto é história. E ainda não há fim!

COMO VOCÊS ESCOLHEM AS MÚSICAS?

KALEVI: Na maior parte das vezes, a Tarja escolhe as músicas.
TARJA: Sim, na maior parte das vezes, mas então as suas músicas instrumentais...
KALEVI: Bem, algumas músicas são escolhidas por mim, e o resto por você. É uma boa colaboração. Nós usamos acordes que temos como ponto de partida, mas então, Marzi começa a improvisar, Markku e eu fazendo um monte de arranjos... e todos acabamos com novas idéias.
MARKKU: Sem as partituras.
??: É justo dizer que a maioria dos arranjos são feitos por Kalevi.
KALEVI: Esse é um grupo de músicos que está improvisando e tocando as músicas de modo diferente a cada concerto.
MARKKU: Sim, isso está certo. Mas há um arranjo de Jarkko Kiiski para a Ave Maria de Caccini que nós já tocamos em nosso concerto de 2006.
KALEVI: Mas, de modo geral, nós sempre tentamos criar um espírito diferente para cada um de nossos concertos.
TARJA: Isso mantém tudo em um nível emocional delicado, porque nós nunca repetimos de verdade o que foi feito antes.
KALEVI: Mas é um grande grupo de pessoas em que todos são livres para trazer novas idéias, então dito isso, agora que estamos prontos para o próximo concerto, vamos mudar novamente, porque eu já tenho algumas idéias para ele.
TARJA: Oh, sério? Ótimo.
KALEVI: Principalmente para "Astral Bells", eu tenho uma idéia completamente nova de arranjos, um truque especial, mas de qualquer forma... nós mudamos poucas coisas e continuamos com arranjos novos.
TARJA: Isso mesmo.

TARJA, VOCÊ COMPÔS UMA AVE MARIA SOZINHA. COMO ISSO ACONTECEU?

TARJA: Essa minha Ave Maria nasceu há algumas semanas, e levei apenas alguns minutos para terminá-la. Meu instrumento, um Grand Piano que eu tenho em casa, é muito inspirador, então eu acho que é facil para mim fazer música emocionante com ele. Eu só apertei o botão "gravar" no meu celular, e pronto. Eu deixei como estava por um tempo e então eu dei uma ouvida e pensei "Bem, talvez haja algo bom aqui." Então eu comecei a dar uma olhada nas letras em latim de Ave Maria, e dei forma à minha própria Ave Maria. Foi fácil porque... bem, o meu marido me disse "Eu posso te ajudar com a letra..." então eu não tive mesmo que escrevê-las.
KALEVI: Sim, existem letras para essa música. Eu posso dizer que quando eu peguei essa peça em minhas mãos, eu já senti que era uma peça clássica internacional.
MARZI: É realmente uma música maravilhosa.
KALEVI: Eu digo que é tão ótima, que poderia ser oferecida para qualquer pessoa no mundo. Ficaria boa até com Karita Mattila. Eu escrevi os arranjos pro orgão para ela uma noite depois da gravação original que a Tarja me deu, e todos nós improvisamos em nossos concertos, ainda nos baseando naquela gravação. É uma ótima base para a música, e tirando uns poucos acordes que eu adicionei, a música é definitivamente, uma peça da própria Tarja.
TARJA: Sim, mas a minha idéia original era escrever ou uma música de Natal ou uma Ave Maria. Quando a música estava pronta, ela soava mais como uma Ave Maria para mim.
KALEVI: Com certeza, é uma peça que deveria ser gravada. Por outros, sim, com certeza.

O QUE VOCÊS GOSTARIAM QUE SEUS CONCERTOS DESSEM AO OUVINTE?

KALEVI: Música é, de todas as coisas boas da vida, a mais nobre. Ela diz o melhor das pessoas. Então, para compensar bullying, guerras e estupidez, nós temos música pura, grandiosa. Eu espero que as pessoas consigam reunir alguma esperança para as horas ruins, nos nossos concertos. A maior luz está lá, aonde as pessoas podem sentir a esperança, mesmo agora, que a Finlândia está encarando maus momentos. Você pode se sentir momentos emocional e espiritualmente especiais  nesses concertos, e espero que algo disso permaneça nos corações dos ouvintes.
MARZI: No meu ponto de vista, é ótimo que o sentimento do Natal frequentemente esteja ligado com as artes: música, filmes e literatura. Por exemplo, o Conto de Natal de Dicken. Eu acho que, na época do Natal, você deve tirar um tempo para assistir filmes, ouvir boa música natalina como os álbuns de Natal do Rat Pack ou as gravações de Natal do Elvis...
MARKKU: E ler histórias de Natal do Mika Waltari.
KALEVI: Você deve tirar um tempo nesses dias ocupados em que estamos vivendo, para prestar atenção no espírito, encontra a sua própria paz.
MARZI: E você deveria ir a concertos natalinos!
MARKKU: Para conseguir se acalmar.
TARJA: A música limpa almas todos os dias.

Tradução: Guilherme Magalhães