Gravado em duas noites no Teatro El Círculo em Rosário, Argentina, em março de 2012, o que temos aqui é o primeiro álbum duplo ao vivo da ex Nightwish, Tarja Turunen. Também foi lançado um DVD duplo com ainda mais material, mas esta resenha se baseará apenas no CD. Isso é tudo o que você precisa saber se só de pensar em Nightwish ou Tarja você sente um arrepio de pavor na espinha. Porém, se você é fã, esta é uma coleção enorme que você, com certeza, comprará na primeira oportunidade. Pessoalmente, eu tenho os dois últimos álbuns de Tarja e gosto mais deles do que detesto (não existe meio-termo quando se trata de Tarja), embora o primeiro seu primeiro álbum natalino de estúdio foi com certeza algo totalmente fora dos meus padrões de sensibilidade.

Ela meio que quebrou minha “regra de dez anos” lançando um álbum ao vivo muito cedo, sendo que ela também poderia ter incluído mais músicas do Nightwish além de Nemo. Entretanto, acho que Tarja quer deixar o passado para trás e mostrar que ela tem muito mais material desde que ela deixou sua antiga banda. Felizmente, ao escutar este disco, lembrei-me da altíssima qualidade de sua música como artista solo.

A julgar pelos aplausos arrebatadores da platéia durante as duas horas de material, a música parece ter realmente agradado aos presentes. O primeiro disco começa em grande estilo com a bombástica “Anteroom Of Death”, a faixa que lidera o álbum “What Lies Beneath” (2010).  Esta, para mim, junto com “In for a Kill” são os maiores destaques do disco, mas eu também gosto de faixas mais tempestuosas que utilizam, sem nenhum receio, orquestrações no estilo Stravinsky somadas a riffs poderosos e a voz deslumbrante de Tarja. Então como não gostar? Ela se diverte flertando com a música clássica, e aqui essa combinação soa fantástica, mas...

Existe também uma preponderância de muita música clássica de Bach e Webber, que, de certa maneira, duela com o clássico  Phantom Of The Opera, fazendo com que este seja um passo na direção errada em minha opinião. Há também a homenagem ao Whitesnake com “Still Of The Night”, que, para mim, não impressiona muito, mas o medley triplo de “Where Were  You Last Night”, “Heaven Is A Place On Earth” e “Livin On A Prayer” é muito difícil de aturar e me fez querer pular logo para a faixa “Over The Hills And Far Away”, que, aliás, é a última faixa do disco.

A musicalidade do álbum é excelente, e não vamos nos esquecer que este não é um show de uma mulher sozinha no palco. Aparentemente, a banda é formada por músicos que se alternaram durante as turnês, então eles tiveram que coordenar cuidadosamente as coisas, já que havia dois guitarristas e dois baixistas no palco. Acho que dá para ter uma ideia melhor dessa interação entre os músicos assistindo ao DVD. Além dos instrumentos tradicionais, temos também um ótimo som violoncelo e até mesmo um *ukuele em um determinado momento do show.

Admito que, ao escutar o álbum, toquei os discos em dias separados, porque é muito intenso e cansativo ouvir tudo de uma vez, e há algumas músicas e covers que me fazem querer apertar avançar para a próxima faixa. Dito isso, eu acho que posso escutar este álbum de vez em quando e apreciá-lo mais no futuro, ao contrário dos “Tarja maníacos”, que irão devorar este disco diariamente, e, se depender deles, este álbum recebe nota máxima em uma avaliação de 0 a 10.

Avaliação: 7/10

* Nota da tradutora: Ukulele (ou ukelelê) é uma espécie de pequeno violão de quatro cordas ou mais, muito utilizado na música tradicional havaiana. O baixista Kevin Chown toca ukulele durante o set acústico do show.

Tradução: Grace Kohlmann