Obs: devido a qualidade do áudio e ao sotaque do entrevistador, algumas partes da entrevista não foram compreendidas por nós.
E: você está prestes a lançar seu novo álbum, Colours in the dark. Conte-nos sobre o título do álbum, da onde ele veio?
T: Oh, foi estranho, pela primeira vez neste processo de criação do álbum eu não tinha o título logo no início, mas as cores estavam lá, elas sempre estiveram lá e eu sabia que o título teria que ter algo a ver com isso porque a minha vida tem sido tão, tão colorida, e a música me levou a tantos lugares que eu nunca achei que conheceria, que eu nunca sonhei que conheceria, então tem sido colorido. A escuridão é claro sempre está alí, junto, presente dentro de mim e eu adoro escrever músicas dark, assim como músicas mais coloridas. Assim, o álbum tem tudo a ver com o álbum em si, certamente.
E: -não compreendemos a pergunta-
T: Sim, tem sido fascinante. Quando se trata de escrever minhas músicas, acho que eu estou quebrando os padrões. Eu sou uma musicista treinada classicamente, você sabe, e então eu fui ensinada a escrever de certo jeito ou cantar de um certo jeito, o que eu ainda faço, mas no quesito escrita eu encontrei alguma coragem em mim mesma e nas pessoas com as quais eu trabalho e tem sido maravilhoso ver que há uma compositora em mim! É fantástico, um mundo completamente diferente na sua frente.
E: Você não compunha no Nightwish então sua carreira solo foi uma primeira oportunidade para você...
T: sim, com certeza. Eu tive que dar aqueles primeiros pequenos passos para pode dizer que, agora, depois de dois álbuns e de aprender enormemente, eu posso correr. Então não são mais aqueles passos cautelosos, mas eu ainda estou aprendendo, aprendendo todos os dias.
E: Seu single vai ser lançado, Victim of Ritual, e há um pouco de um bolero clássico nele, certo?
T: sim! Foi muito difícil achar a música clássica perfeita para se encaixar em uma de rock, isso tomou muito tempo.
E: Então era algo no qual você já pensava?
T: sim, definitivamente, desde meu primeiro single, em 2007, que foi o I walk alone, havia diferentes aspectos e desde lá, desde aquela música eu tenho misturado a música clássica com a minha música e tem sido divertido trabalhar nisto. Nesta música em particular eu queria ter uma música a qual você ouvisse e pensasse "ah, eu conheço essa, qual é essa mesmo?", e essa é o bolero de Ravel, e combina perfeitamente com Victim of Ritual, é uma parte importante da música.
E: E como a inspiração veio a você? No chuveiro ou...?
T: Não, não, pesquisando, na verdade. Eu pesquisei em toda a minha coleção de música clássica, na internet, sério, foi bastante trabalho. E eu estava trabalhando com Anders Weberg, ele é um compositor sueco, e ele me disse "você não precisa ir tão longe, que tal o bolero de Ravel?", ele me apresentou a esta peça e ah meu deus, o ritmo era perfeito!
E: Há uma música onde você gravou o piano e você canta em 4 línguas diferentes...
T: Oh, Mystique Voyage. Esta é uma música que eu escrevi, sei lá, quatro anos atrás? Eu a deixei de lado porque achei que ela precisava de um tempo. Agora eu a peguei de novo e eu ainda tenho algumas dúvidas a respeito dela, mas o que acontece é que, por exemplo, quando estávamos gravando as guitarras, meu guitarrista, Alex Scholpp, que tem um backround no metal, e esta música não tem nada de metal, é mais misteriosa e fala sobre as minhas jornadas com a música - que têm sido lindas - então Alex para de gravar e diz "Esta música é linda", e eu estou lá e digo "jura?", eu ainda preciso deste tipo de incentivo.
E: ainda mais porque sempre há críticas também...
T: sim, definitivamente, e, bom, o que aconteceu é que dois dias atrás meus músicos finalmente puderam ouvir o álbum pronto, e nós gravamos as guitarras e os tambores ano passado, o que fizemos na produção muda tudo muito, então foi chocante para meus músicos, todos acabaram retornando me dizendo "mulher, o que você fez? está fantástico!" então eu realmente estou orgulhosa do álbum, a produção foi tão fácil desta vez...
E: E foi Tim Palmer que produziu e mixou o álbum?
T: Ele mixou, ele fez toda a parte da mixagem, eu é que estive produzindo, desde o rascunho até a versão final. Tim Palmer é muito talentoso, eu já tinha tido a oportunidade de trabalhar com ele em algumas músicas do último álbum e eu lhe disse que queria trabalhar com ele no álbum todo desta vez porque ele é muito bom, muito rápido e também uma pessoa muito legal, muito fácil de trabalhar. E ele levou minha música a sério, colocou bastante esforço nela, desta vez ele trabalhou inclusive em meus vocais e ele fez mágica com eles, e eu adoro trabalhar com ele porque ele está acostumado a trabalhar com ótimos cantores, e o que ele faz com só vocais... Ele brinca com eles, não é muito comum ter um engenheiro de mixagem que faça este tipo de coisa.
E: -não compreendemos a pergunta-
T: É um estilo de vida, cantar como eu canto. Minha saúde é a prioridade número um...
E: Você tem algum tipo de rotina para cuidar disso?
T: Sim... Quando eu estou em casa, treino diariamente, ainda tenho aulas de canto, tenho meu professor de canto, e quero ter algum progresso como cantora lírica porque isso tem me ajudado muito a cantar outras coisas e acho que você pode ouvir no novo álbum quão natural minha voz soa, desta vez. Eu sou mãe agora e, daquela experiência, de estar grávida e estar em tour pelos primeiros cinco meses, gravar o álbum... pela primeira vez nestes 14, 15 anos, estar em casa, eu nunca estive em casa por mais de um mês, sério, estou sempre viajando, então agora que meu bebê nasceu eu estive um pouco mais em casa e treinando minha voz, algo mágico aconteceu.
E: você canta para sua filha?
T: Ela está sempre ouvindo música, ela está sempre cercada pela música, eu canto para ela, mas quando eu sinto que isso é necessário. Algumas canções de ninar finlandesas. É adorável.
E: E como tem sido a experiência de ser mãe e estar viajando ao redor do mundo? Você a leva consigo?
T: sim... Quando você pensa sobre isso, ser mãe e performista ao mesmo tempo é algo bem complicado, mas eu tenho um marido, que também é meu empresário, e nós temos trabalhando juntos há 13 anos, então não foi nem uma mudança tão grande quando a imaginada, ter uma criança, porque ela é uma de nós e é realmente uma criatura feliz, viajando tanto... ela associou esta vida de tour já como a vida normal dela, é claro que se eu percebesse que ela está sofrendo eu faria algumas mudanças.
E: é importante esta parceria entre você e seu marido...
T: Sim, definitivamente é o fator mais importante...E ele também está envolvido em minha música, ele tem sido realmente muito prestativo e é importante ter alguém que tem uma opinião diferente, alguém tão próximo de você, que não necessariamente te faça brigar, discordar, mas é bom ter essa outra opinião.
E: Suponho que sim, até porque muita gente pode dizer sim, mas esta pessoa próxima pode dizer não...
T: Exatamente, este é ponto.
E: você sempre esteve perto do sinfônico, do rock, você está se afastando disso agora? Isso vai ser completamente alterado no futuro, você acha?
T: Vou dizer que a música clássica sempre será minha mão direita, e o rock sempre será a minha esquerda. E eu simplesmente não posso perder nenhuma destas coisas. Eu me arriscaria a fazer uma ópera algum dia, mas não poderia levar muito tempo porque eu definitivamente sentiria falta da liberdade que o rock me dá.
E: Você diria que há similaridades entre o rock e a música clássica? Você faz misturas, faz extremos?
T: Sim, eu faço... é a paixão e a emoção envolvida nos dois mundos... Não há música sem paixão, então se alguém me perguntasse se eu sou uma cantora de rock ou uma cantora clássica eu diria para não complicar, eu sou uma cantora e ponto. Nunca foi difícil para eu passar de um estilo para o outro, especialmente agora que estou muito confortável fazendo isso. Levou-me anos para aprender, para achar este lugar confortável, mas eu o achei. Claro que ainda tenho muito a aprender...
E: Você tem estado em tour com o Beauty and the Beat, com o baterista Mike Terrana e eu me pergunto porque você não chamou a tour de Beauty and the Beast, porque ele é um baterista bestial! (risos).
T: Mas ele é um baterista tão fantástico! E eu resolvi usar este título porque é desse jeito, ele tem sido a minha batida desde 2007, ele tem tocado comigo em todos os shows de rock, nós nos tornamos muito próximos, ele é um ótimo amigo, como um irmão para mim, eu já tenho dois em casa na Finlândia, mas eu quase não os vejo, então Mike se tornou uma pessoa muito importante em minha vida, e é ótimo ver ele crescendo como músico também neste últimos anos... Quero dizer, minha música é diferente do que ele costumava tocar, ele é um baterista de metal, e quando ele toca a minha música há certo desafios que ele encontra, há muito espaço em minha música, um espaço que não necessariamente existe tanto no metal.
E: Vocês fizeram muitos clássicos nesse tour, mas também Queen, You take my breath away?
T: Sim...
E: é muito corajoso um artista fazer este cover, na verdade.
T: Sim, assim como também fizemos um cover do Led Zeppelin... É um programa bem desafiador. Para mim é um desafio porque nós mudamos muito do clássico para o rock na mesma noite, mas também é para o maestro que tem que controlar quase 100 pessoas ao mesmo tempo e fazê-las entender como tocar o rock do Led Zeppelin logo depois de Buccini. Então é um show que exige muito trabalho, muitos ensaios, mas nos temos feito isso e tem sido incrível! Estes shows têm sido tão fantásticos, e bem sucedidos também!
E: E, no show de duas semanas atrás, você... -não compreendemos a pergunta-
T: Sim, nós fizemos um show em Moscou para mais de quatro mil pessoas.
E: -não compreendemos a pergunta-
T: Não, foi... Não, era um espaço, meu deus, era como voltar no tempo, era um lindo teatro antigo.
E: fantástico. E para você sendo finlandesa, a respeito da guerra e tudo o mais, ir para Moscou e tocar para quatro mil fãs deve ser uma experiência e tanto.
T: Minha carreira, na Rússia, tem crescido enormemente neste últimos anos e agora estão falando de eu fazer mais ou menos dezoito concertos de rock só na Rússia.
E: É seu maior mercado?
T: Ahm, há parte da Europa, como a Alemanha, claro, onde minha gravadora tem base, a EarMusic, e tem a América do Sul também.
E: Você tem bastante sorte, na verdade, por ter uma de suas músicas com o Scorpions, The good die young, eu adoro aquela versão, fez algo na música ficar mais vivo, há mais alguém com quem você gostaria de colaborar no futuro?
T: Ah meu deus, meu ídolo, Peter Gabriel! Eu posso sonhar, não posso? Ele é fantástico, e tem sido uma grande inspiração para mim na música e na arte em geral, tenho o acompanhado desde o período do Gênesis.
E: Quando você estava crescendo, qual foi o primeiro álbum que você comprou?
T: Wow, ahm... Na verdade, o primeiro álbum que eu comprei era uma coleção de música clássica. Eu era bem nova, acho que eu tinha nove anos. Eu comecei a estudar a música clássica quando eu tinha seis, mas eu implorei que minha mãe comprasse aquele CD, era uma coleção de hits clássicos. Depois eu me envolvi com o rock por causa de meu irmão mais velho sete anos que eu, ele estava ouvindo muito do rock dos anos 80, 70, e eu roubei alguns dos vinis dele! (risos) e agora ele sabe como todos aqueles desapareceram!
E: Qual foi seu primeiro favorito no rock?
T: Acho que foi o Whitesnake. Um tempo depois Bon Jovi, e depois ainda Kiss, Led Zeppelin, mas isso mais tarde também. Sempre foi mais rock do que metal... Todo o metal entrou na minha vida com o Nightwish. Eu fui louca o suficiente para entrar no projeto sem saber nada sobre o assunto, sério, mas foi tão fascinante o mundo que se abriu para mim, e eu sempre respeitei muito o estilo, até porque os fãs sempre souberam que eu não sabia nada sobre este tipo lindo de música antes de me envolver nisso. Sempre fui uma fã de rock e música clássica. E talvez agora ouvindo minha música você perceba que há menos metal, mas há guitarras mais agressivas, o que eu amo.
E: Seria uma possibilidade um encontro com o Nightwish? é uma daquelas coisas "nunca diga nunca"? Como é o seu relacionamento com eles?
T: Não há um relacionamento com o Nightwish. Isso ficou para trás. Realmente... foi um fechamento, aquilo. Então não, nada tem acontecido neste aspecto e aquela situação me pareceu tão horrorizante que para mim até tem sido melhor não voltar, eu nem tenho ouvido seus álbuns, nem me interessado, porque, claro, foi uma parte importante da minha carreira, mas o jeito que tudo acabou me fez questionar se eu algum dia fui respeitada e também é um vazio enorme em mim.
E: E sua carreira solo, tem alcançado suas expectativas?
T: Tem sido fantástico poder criar minhas próprias músicas, ter um público só meu, cantar as minhas músicas... Não consigo nem descrever a emoção que isso me traz hoje em dia quando me apresento ou produzo meus álbuns... É maravilhoso, realmente, é uma benção. Tem gente que me pergunta como é agora que eu estou me apresentando em lugares menores do que eu estava fazendo com o Nightwish, e eu sinto que, deus, eu nunca nem pensei nesse assunto, porque tem sido tão incrível, essa sensação de ser forte...
E: É um nível diferente, as experiências nesses lugares...
T: Sim, sim, e as experiências que eu tenho tido nesses últimos anos tem sido tão lindas! Levaram-me a lugares tão bonitos, lugares aos quais eu não tenho como voltar.
E: Ok, Tarja, o álbum Colours in the Dark será lançado em agosto, foi um prazer falar com você e seria um prazer também acompanhar seus shows, tudo de bom para seu futuro!
T: Obrigada!