E: Seu novo álbum, Colours in the Dark, será lançado em Agosto. Pode nos contar um pouco sobre o processo de escrita?

T:  sim, isso me levou mais ou menos dois anos e meio para acabar tudo, porque eu estava viajando muito com o meu outro álbum, o What Lies Beneath, e em tour eu não me sinto muito confortável, eu não tenho energia o suficiente, para escrever, mas tive várias das ideias sobre as letras em tour, conhecendo pessoas, ouvindo suas histórias. As pessoas tem sido uma grande inspiração para mim escrever, e até as minhas experiências, onde estive, o que vi, o que me tocou... Mas eu comecei, digamos, estamos em 2013 agora, talvez em 2010 e tem sido um processo bem interessante, porque eu meio que sinto que estou saindo de uma caixinha de normalidade, ou conforto, quando se trata de compor. Você sabe que eu passei muito tempo em uma banda, e nunca escrevi nem sequer uma música para a banda, então depois de uma longa carreira assim, em 2007, quando eu lancei meu primeiro álbum solo, eu estava apenas começando a escrever músicas, e tem sido um processo grande de aprendizado com as pessoas que tem estado presentes para mim, para me ajudar, para trabalhar comigo, e novamente eu achei coragem e resgatei o sentimento de que eu podia fazer isso. E finalmente neste terceiro álbum eu sinto que há já uma certa profundidade que quando se trata de escrever músicas, eu consigo.

E: Você escreve todas as letras?

T: todas as letras, a música, a maior parte das ideias vem de mim, algumas músicas foram compostas completamente por mim, algumas com pessoas que eu amo trabalhar com. Há, por exemplo, um compositor, escritor, chamado Mattias Lindblom, que é suíço, e eu escrevo muito com ele. Também tem um homem chamado Johnny Andrews, da America, que também escreve muito comigo.

E: E qual seu envolvimento com os músicos na hora de gravar as guitarras, bateria, os solos?

T: Sobre os arranjos de guitarra, bem, primeiro eu monto as músicas como demos e mando para meus músicos, e dou algumas instruções sobre o que eu gosto e não gosto, mas eu não sou uma guitarrista então sempre dou bastante liberdade para eles trabalharem nessa parte mas eu trabalho com eles, estamos juntos em estúdio, desta vez gravamos em Buenos Aires, eu trouxe meu baterista, Mike Terrana, e meu guitarrista, Alex Scholpp, da Alemanha, para trabalhar comigo no coração das músicas, porque eu acho que esta é uma das partes mais importantes, a guitarra e a bateria, conseguir esta agressividade onde ela é necessária, e sinto que não é possível eu trabalhar de outra maneira, como gravar antes os baixos e a bateria, não, eu preciso do guitarrista para começar e dar o brilho as canções e ajudar o baterista. Sempre fazemos isso, e depois mando as músicas para os baixistas, Doug Wimbish ou Kevin Chown, depois os teclados e o cello, que desta vez tem uma linda cellista que eu mesma descobri, ela é britânica, Caroline Lavelle, e ela tem trabalhado com Lorena McKennit, então ela gravou algumas músicas neste álbum, e eu também estou com o mesmo cellista, Max Lilja, da Finlândia, para as outras músicas, as mais pesadas.

E: Uma música que me chamou atenção foi 500 Letters, que é sobre um fã obcecado, um perseguidor. Isso é experiência pessoal?

T: Ahm, sim, posso dizer que sim, de verdade, das músicas que escrevi, é a com a letra mais óbvia. Eu não gosto de ser óbvia, mas dessa vez eu tive que extravasar e escrevi a música, que parte é ficção, parte é o que eu realmente sofri. Eu tenho alguns fãs homens bem obcecados em vários países, e as vezes é difícil separar a realidade da realidade obscura deles. É claro que quando encontro as pessoas eu tento observar todos e tento tratar todos da mesma maneira que trataria qualquer um mas ás vezes é difícil. É o outro lado da moeda.

E: A maior parte dos fãs são legais, mas sempre tem aqueles um ou dois que dificultam as coisas para você. Seu primeiro single vai sair em Julho, que é Victim of Ritual. Você escolheu esta música como primeiro single ou foi a gravadora?

T: Ambos. Pela primeira vez ambas as partes concordaram. Eu tenho uma nova gravadora, e o que eu sinto com eles é que, ainda que seja o nosso primeiro álbum de rock juntos, eles trataram do meu álbum ao vivo, ACT I e de um dos meus álbuns de música clássica antes, então finalmente alguém entende meus dois lados, a carreira clássica e a no rock. Eles também querem lançar meus projetos na música clássica e isso me deixa muito, muito feliz. Então a escolha de VOR como o primeiro single foi de todos nós, eles adoraram a música, é uma música complicada, não é algo que normalmente viraria single, mas eles realmente estão tentando envolver rádios e é uma música que pode vir a ser um choque até para os meus fãs, mas é completamente "eu".

E: Sim, e mostra sua voz...

T: Sim, sim, definitivamente.

E: E você chamou algum convidado para o álbum?

T: sim, na verdade há, você provavelmente não ouviu a música ainda, é a última, Medusa, que foi escrita como um dueto e é um dueto, com Justin Furstenfeld, do Blue October, uma banda americana, e eu adoro a sua voz! É uma voz bem emotiva, e eu queria muito o ter na música porque... Eu sou uma grande fã de Peter Gabriel, eu até fiz um cover dele nesse álbum, e uma voz desse tipo é realmente emocionante, adoro este tipo de dor, profundidade, e isto tudo está presenta na voz do Justin. Foi muito legal que ele tenha participado, a música já é meio épica, meio étnica até, já que tem um duduk, e Justin gravou ótimos vocais, lindos, étnicos, gritos... Eu amo isso.

E: Qual foi o cover que você fez do Peter Gabriel?

T: Darkness, do álbum "Up".

E: Ouvindo ao álbum não me pareceu tão diferente e...

T: Isso é bom! Acho que é bom que eu tenha feito a música parecer ser minha. Eu aceleirei a música dele e eu sou uma enorme fã de Peter Gabriel, desde o Genesis, mas principalmente a carreira solo, e ele tem sido uma grande inspiração para mim.

E: Você tem escolhido diferentes músicas dos anos 80 para seus álbuns, certo? Você já fez Alice Cooper, Whitesnake...

T: Sim, sim. E dessa vez eu trabalhei muito seriamente no cover, foi até mais sério do que divertido, eu tomei muito cuidado, porque é bastante emocional para mim cantar uma música de meu ídolo. Foi diferente.

E: E você está em um tour promocional... Olhando para seus destinos, Milão, Paris, Londres , parece mais uma viagem de compras (risos).

T: Diabos, ainda que fosse assim! Não é nada disso! (risos). Não, sério, ontem estávamos em Varsóvia, na Polônia e as pessoas estavam me perguntando seu eu gostava da cidade delas, se tinha passeado, feito compras, e eu disse "ah, eu só vi o saguão do hotel e o restaurante e o quarto em si!". Parece muito melhor do que realmente é. Nós viemos ontem de noite para Londres e eu e meu marido sempre adoramos esta cidade, e estávamos no carro vindo e dizendo "Deus, essa cidade é tão bonita!", especialmente quando há sol, é tão bonita! e eu estava dizendo para minha filha "veja, você está pela primeira vez em Londres!".

E: Em tours você tende a ver o aeroporto, o hotel, a casa de show, não é muita coisa.

T: É assim mesmo...

E:  Quando você terminar a tour promocional você vai fazer mais dois shows com a turnê do Beauty and the Beat?

T: Sim, no México e Peru.

E: Não estamos familiarizados com o projeto do Beauty and the Beat, você pode nos explicar o projeto rapidamente?

T: Sim, é meu projeto com meu baterista, Mike Terrana, e orquestra e coro. Nós tocamos com as orquestras locais, então não temos que viajar com tanta gente, mas são mais de 100 pessoas no palco, e é um concerto crossover. Nós começamos tocando música clássica e no segundo ato nós mudamos para o rock, nós tocamos Led Zeppelin, algumas das minhas músicas, e tem sido tão divertido! É incrível poder tocar para audiências enormes e diferentes, porque eu vejo que há meus fãs e fãs de Mike no rock, mas também um público novo, de gente que gosta não só de música clássica, mas de música. E tem sido um grande sucesso, queremos continuar esse tour em 2015.

E: isso é bom. Esperamos que você consiga vir ao Reino Unido.

T: Eu adoraria. Aqui vocês têm tantos teatros bonitos... Bem, nós gravamos um DVD e com a ajuda dele eu espero que os produtores tenham uma ideia mais clara do que se trata o show, porque não é fácil explicar, dois músicos de rock em tour com orquestra e coro, o que é isso?

E: É, pode ser confuso. É clássico, é rock, é ambos?

T: sim, exatamente, e é aí que eu tenho vivido minha vida inteira, entre estes dois estilos musicais, e eu finalmente sinto que eles estão equilibrados em minha vida.

E: Bom, antes de 2015 você tem a tour do novo álbum, Colours on the road tour?

T: Sim, começando em Outubro.

E: Sim, vejo que você já tem datas na bélgica, Austria, Alemanha, Suiça...

T: Para começar, sim.

E: Imagino que vocês vão adicionar mais datas ainda...

T: Sim, muitas outras. Como temos uma menininha agora temos que organizar melhor, não podemos passar tanto tempo na estrada, então vamos fazer shows durante duas ou três semanas, depois de uma pausa de duas ou três semanas, depois no fim do ano vou ter novamente um tour clássica de shows de natal na Alemanha e Finlândia, em Dezembro, daí vem o Natal e Ano novo e começamos a tour de rock de novo, na Europa, só na Rússia já estávamos agendando cerca de 15 ou 18 shows o que vai levar quase um  mês, depois tem a América do Sul, Reino Unido - eu realmente quero fazer mais shows aqui, é uma coisa que tem feito falta.

E: Você ainda vai participar do Metal Female Voices Festival, pela terceira vez como artista solo, eu acho?

T: Sim, sim.

E: O que te faz querer voltar ao festival?

T: Bem, é o fato de que... Quando eu comecei com a banda de metal havia mulheres nesse cenário, mas não tantas de nós, e... Eu sempre segui meu coração e acabei me tornando algo que nunca imaginei que seria no metal. A minha importância como cantora se tornou algo que eu nunca cogitei, há muitas cantoras que dizem "eu comecei a cantar por sua causa" ou "eu tenho uma banda por você ter me inspirado" e é ótimo ver que há tantas bandas com vocais femininos hoje. E esse festival tem sobrevivido aos anos e é um festival único, então sim, eu quero estar nele quando possível, e desta vez era possível, então definitivamente... eu conheço as pessoas bem, e é ótimo.

E: é uma atmosfera ótima, eu acho. Da última vez você fez um dueto com a Doro, você tem algo especial planejado para esta edição?

T: Não, ainda não! Na verdade, nem tive a reunião com a minha produção, a equipe, e a banda ainda, para decidir o que vamos tocar, o setlist, nada. É claro que vamos apresentar meu novo álbum, mas ainda não começamos a pensar nisso, eu estive tão extremamente ocupada no tour com o Beauty and the Beat e depois com o tour promocional e terminando o álbum... Então, vamos falar sobre isso logo, no fim de Julho quando eu voltar para casa, e eu espero poder fazer algo, porque mulheres adoráveis estarão por lá, algo legal poderia acontecer. Nunca se sabe.

E: Mais cedo nesse ano você trabalhou com Mike Oldfield, gravou uma música com ele, como foi isso?

T: Nós nunca nos vimos pessoalmente. Sabe como é hoje em dia, você pode fazer projetos e colaborações sem nem estar presente. Mas eu sou uma fã de Mike, tenho seus álbuns, seus repertórios, e foi engraçado como o mundo é pequeno. Ele começou a trabalhar com um querido amigo meu, um produtor alemão de música eletrônica, e ele estava produzindo o álbum e Mike queria vocais femininos para uma das músicas, para a qual ele já tinha gravado as guitarras, estava meio pronta, mas faltavam vocais, e ele me sugeriu, me introduziu a Mike e ele adorou a ideia. E ele me deu muita liberdade para fazer o que eu quisesse, ele me deu a melodia e eu peguei uma de suas músicas antigas e eu a juntei a esta nova, você vai perceber se ouvir a faixa, é uma das músicas dele. E foi fascinante porque eu gravei em casa, segurando meu bebê, e eu fiz vários arranjes, várias harmonias, e disse a eles "Ok, usem o que vocês quiserem, estão feliz e ansiosa para saber o que vocês vão usar" e eles usaram tudo! Na música há mais vocais que guitarras e "Mike, tudo bem isso para você?" e ele "Está lindo, eu amei" e foi isso, foi bem legal.

E: Você tem muitas chances de relaxar e ouvir música quando não está trabalhando?

T: É muito triste que o tempo seja tão limitado. Infelizmente quase não consigo ouvir música hoje e tenho muita inveja do meu marido que realmente tira tempo para ouvir música e é triste, essa parte. Eu ouço música quando por exemplo estou dirigindo, geralmente rock ou metal, que me mantém com energia, e eu ainda compro álbuns, eu comprei o último álbum do Muse, eu gosto bastante deles, ainda amo o The Cure, ainda toco suas músicas, e metal, metal americano, como Avenged Sevenfold ou Disturbed, quando estou na academia sempre toco Disturbed, é bem energético, e coisas desse tipo, ou trilhas sonoras, claro! Essa é uma das minhas inspirações.

E: Certas músicas para certas atividades...

T: sim, definitivamente é assim, quando eu sinto algo, ouço algo.

E: Isso é ótimo. Bom, muito obrigada pelo seu tempo.

T: Obrigada.