“Tem sido mais um rap pra crianças”

Martin, foi sua a idéia de fazer algo junto com a Tarja ou então de quem foi a idéia?
Martin: A idéia foi minha. Quando estávamos escrevendo a canção eu sabia que queria fazer um dueto. Escrevemos a canção na Suécia e no começo eu tive a sensação de que uma voz de ópera se encaixaria perfeitamente bem. Entretanto, na Alemanha não há grandes escolhas em se tratando de cantoras de ópera, e eu já tinha Tarja em mente como possível candidata. Então eu pedi a minha gravadora para contatar o empresário da Tarja, e se seria possível. Mas na verdade, eu fiquei muito surpreso quando eu recebi rapidamente uma resposta positiva.

Tarja, você conhece programa fez o Martin popular? Vocês têm algo similar ao “Star Search” (*Deve ser algum tipo de programa de calouros) na Finlândia?
Tarja: Não, só temos o “Popstars” e o “Ídolos”, que é um tanto diferente do conceito do Star Search. Quando o Martin o Martin ganhou o Star Search, eu estava estudando em Karlsruhe e então eu tomei conhecimento sobre ele. Entretanto o que fez ele tão popular não é tão importante. Do contrário, eu acho ótimo que alguém com o passado do Martin também consiga ganhar tal programa. Sua voz é fantástica e também foi ela que me impressionou.

Então você o conhecia já?
Tarja: Eu não posso dizer que eu já o conhecia. Mas quando eu ouvi a canção e especialmente sua voz eu rapidamente decidi que participaria do projeto.

Como foram feitas as gravação? Tudo via email e mp3?
Tarja: Nós entramos em contato via email à primeira vez, mas quando eu fui gravar minhas partes, Martin estava no estúdio comigo. Ele me enviou a canção com sua gravação e eu aprovei. Então ele veio ao estúdio Finnvox em Helsinque e gravamos minhas partes lá.

Então suas partes já foram gravadas?
Martin: sim, 70/80% já estão prontas. Tarja mudou a letra um pouquinho. Em relação a forma de cantar, ela teve total liberdade. Na verdade seria um pouco de estupidez dizer a uma cantora como ela tem que cantar.
Tarja: Eu só os botei pra fora do estúdio e então os apresentei o resultado final (risos). Eles ouviram e disseram que gostaram.

Você estava com vergonha em deixá-los no estúdio?
Tarja: Sim, eu não agüento isto, eu sou muito envergonhada. Eu tenho que me sentir segura quando eu gravo minhas partes. Não devia haver nem janelas lá.
Martin: Eu também sou assim. Eu necessito de privacidade quando estou gravando. No palco isto não é problema. Mas eu não agüento quando as pessoas estão constantemente me assistindo enquanto eu gravo.
Tarja: É, exatamente. No palco isto não é problema. Muito pelo contrário, é ótimo quando as pessoas estão te vendo lá. Na verdade você não visualiza tudo de fato porque os refletores estão sempre iluminando meu rosto. No estúdio é difícil trabalhar e você tem que se concentrar porque tudo tem que estar 100% perfeito.
Martin: e você também tem um microfone na sua frente e você tem se segura-lo todo o tempo. Isso é o pior pra mim.

Onde vocês gravaram o clipe?
Martin: Foi no Centro Viking Rosala. É uma vila-museu, que nós descobrimos ao acaso. Nunca houve uma equipe de filmagens lá. Tudo é real e original lá. Não há sets de filmagens construídos lá, tudo é original. Até o navio, era uma replica original. Foi o set perfeito. Era o que eu tinha em mente desde o começo. Quero dizer, primeiro eu pensei em algo como Highlander, mas eu não queria montar em um cavalo a troco de nada (risos). Então essa foi a escolha perfeita e nós tivemos muita sorte com o tempo, a luz, e a temperatura.
Tarja: É um lugar maravilhoso. Fica na costa oeste, onde as pessoas ainda falam sueco. O nome Rosala é sueco também.

Você já sacou que haverá um “circo de divulgação”? você está em turnê com o Nightwish afinal.
Tarja: sim, eu já tinha sacado isso (risos). Eu costumava me estressar. Nós já decidimos de antemão fazer algumas performances e a divulgação juntas. Tivemos uma folga de Nightwish em janeiro e eu passei um fim de semana maravilhoso na Costa Rica com meu marido. Mas agora o show deve continuar.

Martin, eu li no seu site que você ama tocar didgeridoo. Você quem tocou o começo da canção?
Martin: Sim, mas tivemos de modifica-la muito, porque do contrário teria se encaixado a voz da Tarja. Então decidimos muda-la. Eu sempre levo este instrumento comigo nas turnês, porque eu gosto de relaxar enquanto eu toco. Isto tem um som belo e acolhedor.

Vocês notaram toda a agitação do lado de fora?
Tarja: Ah sim, claro. Eu me perguntei por que eu tive de vir a Alemanha logo agora (risos). Isto é realmente louco, todas essas pessoas com seus costumes estranhos e todo esse barulho e desperdício por todo lugar.

Vocês tem carnaval na Finlândia?
Tarja: Ah, fala sério! Finlandeses não fazem tal coisa!

Por que não?
Tarja: Bom, talvez quando eles ficam bêbados o bastante. Mas aí eles também tiram suas roupas (risos).

Carnaval na sauna?
Tarja: Isso mesmo.

A letra é sobre alguém que terminou uma relação porque se sentia preso e não era capaz de viver a própria vida, certo?
Martin: Sim, em parte. Ele se sente alienado, porque ficou fora por um bom tempo. As vezes na vida você tem que tomar uma decisão de deixar e assim não machucar tanto a si próprio e ao outro. Isto também pode ser expresso na música. Como músico você tem de viajar muito e você não vê sua companheira com freqüência. Muitas pessoas não lidam bem com este fato. Então eles terminam suas relações, o que talvez seja melhor porque então o outro tem a chance de ser feliz com outra pessoa. Eu gosto de parafrasear coisas em minhas letras mais do que ser muito direto.

Nós falamos sobre o fato de que você tem raízes no metal. Então, quando você vai o deixar aflorar? Até agora você está apenas no mainstream.
Martin: (risos) Quanto mais velho se fica, mas a mente vai se abrindo. Eu também gosto de ópera e coisas do gênero. Musicalmente, eu comecei no death metal e também me ocupei com coisas como Queensryche. Sempre há novas coisas a serem exploradas e como cantor você sempre busca por novos desafios. É por isso que eu não tenho problemas com canções mais leves e baladas. As melhores baladas ainda são das bandas de metal. Pessoalmente eu ouço mais metal. Já falamos sobre os novos CDS do Exodus, Metal Church e Kreator. Mas eu também curto música clássica.

Há coisas mais hard no álbum?
Martin: Definitivamente há coisas mais hard neste do que no outro álbum (risos). Eu diria que é um rock mais pé-no-chão. Eu estou muito feliz com isso e eu também nunca disse que faria só metal. É algo que eu mantenho em sigilo. Há também planos para projetos paralelos, que incluem também algumas surpresas.

Você já ouviu o novo álbum Tarja?
Tarja: Já, mas não o resultado final, só a promo. Eu gostei. É um álbum um tanto poderoso.
Martin: Nas entrelinhas das letras você pode notar que algumas coisas com as quais eu não estou muito feliz.

Há alguma banda de metal com quem você gostaria de trabalhar?
Martin: Hehe, eu gostaria de abrir para o Metallica, mas temo que eu seja barrado. O dueto com a Tarja já foi grande coisa, mas eu também posso imaginar uma cooperação com uma banda hardcore, ou algo como o que Anthrax fez com o Public Enemy. Mas com o/a Sido e outros rappers alemães você não pode fazer algo assim. Não há nada que me interesse entre as porcarias que você assisti no VIVA e na MTV.

Você também planeja gravar um álbum solo Tarja?
Tarja: Não um álbum. Apenas um single com canções natalinas. Esta é uma grande idéia para botar as pessoas no espírito natalino. Um álbum não será lançado antes de 2006. Pois até agora só o single foi planejado e inicialmente só para a Finlândia. Ele também será lançado na Alemanha, mas eu não estou feliz com isto. Eu estou um pouco desapontada com isto, eles nem mesmo escrevem meu nome corretamente. Agora eles me chamam “Tarunen” (*Taaaaaaaaaaadinha gente!). Foi uma vergonha a forma como o single foi tratado. Mas agora eu estou começando minha carreira solo paralela ao Nightwish.
Martin: As vezes eu não entendo porque as pessoas pensam que “Leaving You For Me” é uma música gótica. Só porque a Tarja ta nela? Que m****. Eu só queria fazer uma canção poderosa e atmosférica, que agitasse.

Eu ainda me pergunto o que a letra tem a ver com o vídeo.
Martin: Por quê? É tão óbvio, né? Isto se passa na era Viking. Eu faço o chefe da tribo e eu voltei de um ataque. Eu percebo que eu estou diferente com a minha esposa e as pessoas a minha volta. Eu tenho que sair disto. As roupas são originais. Vikings não saiam por aí vestindo peles e elmos o tempo todos, mas eles tinham roupas, assim como as nossas no clipe. Nós podíamos ter gravado o vídeo em um hotel em algum lugar na Alemanha para reforçar o significado da música. Mas eu sou muito interessado na cultura nórdica e celta, é por isso que fizemos dessa forma.

Tarja, vocês também tem esses reality-shows idiotas como “Das Dschungel Camp” ou “Die Burg” na Finlândia?
Tarja: Ai senhor, sim, temos porcarias assim por lá. É realmente terrível que a TV nos irrite com coisas desse tipo.

Você poderia se imaginar participando de um?
Tarja: De jeito nenhum!
Martin: Acreditem ou não, eles me chamaram para ir ao castelo (Die Burg) alguns meses atrás. Eu pude acreditar. O quão idiota a pessoa pode ser ao ponto de participar de tal coisa. Eu acho que apenas aquelas pessoas endividadas e sem dinheiro. Eu ainda não estou necessitado a tal ponto. Eu também não quero estar tanto na tv, porque assim, logo as pessoas se cansam da tua cara e te substituem.
Tarja: Eu já tive o bastante quando uma vez eu fui a um programa de culinária. Por sorte havia um cozinheiro e eu só tive o trabalho de lhe passar os ingredientes. Foi até divertido. Mas fora isso, o resto realmente não é o meu negócio. Martin, você também já teve alguma experiência com o Bild-Zeitung (uma das revistas alemãs de inutilidades)?!
Martin: Ah, você está falando da história das drogas e aquelas sobre mulheres peladas? (Tarja faz um olhar malicioso) Hahahaha, foi rock’n’roll. Naquela época eu não tinha namorada e junto com Thomas Wholfahrt eu estava numa pista de dança em um bar. E havia um jornalista da Bild que aproveitou a chance e tirou umas fotos. E ele se drogou, bem, eu tive uma gravação incriminadora e recebi dois anos de provações por isso. Isso foi sete atrás, e eu não escondo isto de ninguém. Todos já passaram por algo na vida que gostariam de esquecer.

Você daria uma entrevista e eles de novo?
Martin: definitivamente, não!

Você também já teve problema com a imprensa-marrom, Tarja?
Tarja: Claro. Há sempre um paparazzi na frente de casa. Mas eu os ignoro e não comento nada que eles publicam. Eles pensam que meu marido é multimilionário, o que é um tremendo absurdo (risos).
Martin: Onde eu li na Bild que eu ganhei tanto dinheiro com meu primeiro single que eu construí meu próprio estúdio em casa. Na importa pra eles que meu atual estúdio seja composto de um laptop e duas baterias, duas caixas e um HD de gravação que eu ganhei com a fortuna da vendagem do single. Mesmo depois do meu acidente de carro, esses caras ficaram do meu lado querendo fotos e entrevista. Eles estavam no local do acidente muito antes da ambulância chegar. Foi inacreditável!