E: Como você se sente?
T: Para ser honesta, uma mistura de bizarrice e cansaço... mas tenho estado muito feliz, muito feliz de poder estar aqui e com meu novo álbum e de estar encontrando tantas pessoas legais dando um bom feedback ao meu álbum. A vida é boa.
E: Ansiosa para o lançamento do CITD?
T: Desta vez, estou muito ansiosa. Porque para mim este álbum pareceu muito natural, em todos os aspectos. Foi tão fácil de produzir, fácil de escrever as músicas, mais fácil do que nunca, ainda que desafiador, mas mais fácil. Porque eu tenho uma equipe perfeita trabalhando comigo, eu tenho os melhores músicos...
E: São os mesmo?
T: Sim, mais ou menos a mesma equipe ainda. E alguns dos compositores com quem comecei a escrever música ainda estão lá, mas estou escrevendo muito mais sozinha, o que me faz tão feliz. Então eu estou ansiosa para o lançamento, porque há várias mudanças, até em mim, eu sofri várias mudanças nestes últimos anos, boas mudanças, positivas, e é claro que todas as minhas experiências afetaram minha música. Este é um álbum importante. Mas se estou mais ansiosa do que quando lancei meu primeiro álbum? Não, o primeiro, My Winter Storm, eu estava muito nervosa, eu não sabia o que esperar, não sabia se teria minha própria carreira naquela época, e agora é como "deixe eu terminar essa parte logo para eu poder começar a tour", eu estou pronta!
Escolhendo o título do álbum
T: foi absolutamente diferente, todo o processo de escrita, sem ter o título, eu não o tinha, nem ideia dele, mas o que eu tinha bem claramente em todo o processo de escrita, que durou mais ou menos dois anos e meio, o que faz deles nesse sentido meio desconectados uns dos outros, não há um tema nas letras, mas há um tema na música, a música é o que vai entre as letras e as une, mas as cores sempre estiveram lá, durante todo o processo. Minha vida tem sido tão colorida, e eu queria escrever sobre essas cores, que são muito fortes, elas tem um grande impacto em minha vida e na verdade o título só veio a se tornar claro para mim na primavera, quando eu estava escrevendo a letra de uma das últimas músicas, Until Silence, a única balada do álbum... Veio tão claramente, quando eu escrevi "painting colours in the dark" eu percebi que era exatamente o que eu estava fazendo com a minha música, sempre, eu estou pintando as cores no escuro.
A capa do álbum
T:Tem tudo a ver com as músicas no álbum, e com a minha vida também, como eu vestindo preto. Preto, de todas as cores, é uma na qual eu me sinto muito confortável, é uma cor poderosa, e tem todas as cores. Também me ajuda vestir preto por poder desaparecer de situações ás vezes... Eu estou muito acostumada a chamar atenção, mas vestindo preto eu chamo menos, adoro isso. E daí você me vê na capa rodeada por cores, cores fortes, e esta é minha vida. E você vê homens a minha volta, e eu ainda estou, de certa forma, em um mundo masculino, sozinha. Trabalhando só com homens em minha banda, em minha equipe, eu acabei sendo levada a este tipo de situação, nunca sofri por isso, neste sentido, por ser a única mulher, e hoje em dia é um prazer trabalhar com os músicos que eu tenho, com a equipe que tenho... Nós nos conhecemos muito bem já, é fantástico.
Um artista completo?
T: Acho que ainda posso ser mais que isso, mais nos anos a seguir, estou sempre focada na minha arte e sempre tentando ser bem produtiva, até na minha vida pessoal, minha arte está sempre presente, é um estilo de vida. E é definitivamente muito mais do que só cantar, é claro que estou vivendo com minha voz, treinando minha voz mais do que nunca, e especialmente este último ano, quando estive em casa por causa da minha filha, me senti tão incrivelmente abençoada por poder estar em casa e eu estava treinando tanto com a minha voz que ela mudou. Sinto que ela soa mais natural, e é incrível que isto esteja acontecendo. Eu sou uma cantora, do fundo do meu coração, sou uma cantora, mas sinto que sou uma artista, uma artista de pé sozinha, neste sentido.
A complexidade do Colours in the Dark
T: É bem natural para mim que eu gosto de um certo suspense quando escrevo. Não consigo me livrar das regras que estão lá, sendo uma musicista treinada classicamente tem sido uma luta para mim não escrever de certas maneiras ou não me repetir quando se trata da escrita. Eu odeio me repetir, se escrevi uma música qualquer, como, sei lá, Anteroom of Death no último álbum, não quero fazer outra igual. Então eu encaro esse desafio e o encaro com seriedade, eu trabalho com pessoas porque quero conseguir algo que já tenho muito claro em minha mente. Então isso é um desafio, um desafio que passa para meus ouvintes, com certeza, mas acho que eles já esperam algo de diferente de mim, surpresas, porque eu sempre estive trabalhando com música clássica e rock ou o metal, que veio mais tarde para minha vida. Eu já comecei diferente, o que não é muito normal para uma cantora de rock. Por outro lado, meus fãs são pessoas de cabeça muito aberta quando se trata de música, eles já conhecem o desafio.
PARTE II
Processo de escrita de Medusa
Normalmente eu tinha que ter uma ideia muito forte do que queria escrever quando comecei a escrever músicas, é sempre a música que vem antes da letra pra mim. Não sei se conseguiria escrever a letra antes da música. Eu adoraria ter uma foto ou um filme e escrever músicas para isso, seria fascinante. Isso seria fácil para mim. Porque em minha música eu sempre crio essas imagens fortes na minha cabeça, mas nesse álbum aconteceram muitas coisas estranhas. Em Medusa, por exemplo, a última música do álbum, eu sabia o que queria escrever, mas não tinha a mínima ideia de sobre o que ela era, aí eu estava brincando com minha voz e ouvi o 'ahhh' e na tela do computador vi uma imagem forte das cobras, elas estavam cantando e me veio a imagem dessa mulher com as cobras na cabeça e pensei: vou escrever uma canção sobre ela! Aí escrevi basicamente sobre a sedução dessa história mitológica.
Victim of Ritual e o Bolero de Ravel
Eu sempre quero colocar no mínimo uma dessas músicas em meus álbuns, essas que tem algo muito a ver com música clássica. Nessa música foi um grande desafio achar a música certa para colocar nela, e não fui eu que achei, foi Ander da Suécia, e ela encaixou perfeitamente nela. Aquela marcha do começo...logo vi que ela tinha que ser a primeira faixa do álbum, para ter aquele choque de 'ok, vamos para o mundo da Tarja', 'bem vindos ao meu mundo!'. E mais do que a música clássica, atualmente eu ouço muita trilha sonora. Essa é minha música clássica. Quando canto, canto muito Puccini, Bellini, compositores italianos, Verdi...todo esse lado italiano.
Influências americanas
O metal americano é o que mais tenho ouvido nesses últimos anos, e três dos músicos com quem trabalho são americanos. Alex, o guitarrista, até o Jullian, argentino, eles tem essa tipo de som agressivo. E eu adoro trabalhar com essas pessoas talentosas. Eu encontrei recentemente (Couple of Aces?), Alice in Chains, o novo álbum, eu gosto muito das guitarras com aquele som de choro, sabe. E os sons mais agressivos eu gosto de ouvir pra fazer ginástica, correr, é muito energético. Tem também bandas como, Five Finger Death Punch, Slipknot, mas só algumas músicas, Avenged Sevenfold, eu adoro a loucura dessas músicas, elas não se repetem.
Cover de Peter Gabriel
Darkness é uma música incrível. Eu queria deixar ela como se fosse minha, eu acelerei o tempo dela drasticamente. E eu amo seus álbuns, continuo amando seu álbum Up, de onde ela foi tirada. Quando o ouvi pela primeira vez, eu senti ele queimando nas minhas mãos, é ótimo gostar de um artista e ter um trabalho que você ama e querer ouvi-lo imediatamente. É um álbum escuro, e essa música tem uma letra tão linda e me afetou tanto, há anos atrás. Mas eu não ousava fazer um cover dela antes, e agora eu fiz.
Deliverance: trabalhando com Jim Dooley
Eu o conheci durante o processo do My Winter Storm, e tem sido incrível trabalhar com ele, é muito talentoso, e agora ele entende melhor minhas músicas do que no começo. E antes do processo de criação do álbum começar eu disse pra ele 'Jim, eu adoraria que você escrevesse uma canção comigo, porque você está tão envolvido', mas não com as letras, com os arranjos. E ele disse 'sim, é claro, vamos fazer isso' e escrevemos Deliverance. É essa música é totalmente a cara do Jim, seu estilo. E essa é a primeira canção de amor que eu já escrevi.
Isso tem a ver com o fato de você ser mãe?
Não...talvez, tenha a ver, porque estou muito feliz, me sinto com muito amor, meu dia a dia está cheio de amor, eu me sinto amada por ela, essa linda criança, ela tem muito amor. Talvez o fato de estar me sentindo tão bem e essa positividade em mim me faça escrever músicas assim.
Lucid Dreamer
Eu adoraria ser uma 'lucid dreamer', conheço pessoas que podem controlar seus sonhos, escrever eles, e atuar neles. Esse é um mundo que eu não conheço nada, não consigo fazer nada disso, mas eu adoraria. Mas por outro lado, eu adoro ter controle nesse mundo real, mas não em meus sonhos. É muito inspirador, e quis escrever uma música sobre isso, e no meio dela nós entramos em uma sequência de sonhos, que é muito divertida.