Cruzar-se com fãs, estudar canto, preparar concertos para a Europa, sair com amigos, preparar seu primeiro disco solo, pedir ao disk-entrega; são algumas das atividades preferidas da "finlandesa mais famosa" na Argentina, e por que não dizer no Brasil também? Com vontade de comprar um automóvel (tunado) mas com um pouco de medo de dirigir nas ruas portenhas, Tarja confessa que os paparazzis a seguem, voltando louca cada vez que vai à Finlândia e que apesar de ter medo de aranhas, isso não descarta que possa compartilhar brevemente um palco argentino com alguma "Rata", só com uma única condição: que seja "Blanca".

O que você está fazendo nestes dias?
Tarja Turunen: Bem, eu já estava aqui em Buenos Aires há bastante tempo, há um mês e meio. Estive praticando e trabalhando muito com minha professora de canto. Terei muitos concertos este verão na Finlândia.
Vão ser vários concertos de música clássica, mas também tem alguns shows de rock. E, bom… estou trabalhando muito com minha voz porque é algo muito importante para mim neste momento. Quero ter minha voz numa condição que não tinha há tempos devido a todas as turnês que estive fazendo com a banda e essas coisas. Não tive muito tempo para trabalhar realmente com minha voz. Agora tenho tempo para me dedicar a ela.
No mais, estou trabalhando em meu primeiro disco solo e meu álbum natalino que sairá à venda este natal na Finlândia.

Será vendido também na Argentina?
Tarja Turunen:Sim, mas só na Finlândia e Argentina.

Sua professora de canto é argentina?
Tarja Turunen: Sim, ela é de Buenos Aires. Se chama Marta Blanco. É realmente grandiosa e estou muito feliz com ela. É cantora de ópera, e tem me dado muitos conselhos que não havia recebido de meus outros professores.

Sobre o seu novo projeto, vai ser um projeto de heavy metal, ou vai estar mais orientado ao estilo clássico?
Tarja Turunen: Muita gente me tem perguntado sobre isso. Estão ansiosos por saber o que vai passar com minha carreira, isso lhes interessa. E suponho que seja muito interessante. Eu gosto que as pessoas estejam interessadas no que eu vou fazer pela primeira vez em minha vida como uma artista solo.
Respondendo à sua pergunta, devo dizer que definitivamente levarei comigo alguns elementos do metal. Mas não posso dizer que o álbum vai ser um disco de metal.

Como você pode explicar o som que terá o disco?
Tarja Turunen:Como posso explicá-lo? Por exemplo, se tem uma banda de heavy metal fazendo um disco, e nesse disco tem três temas com uma orquestra ou com um piano as pessoas dirão "Hmmm… isto é metal? Onde estão as guitarras pesadas?" ou "Onde está a bateria ou os sons do metal?". Eu quero conservar alguns elementos do metal que eu gosto, e também alguns elementos clássicos e algo de pop. Assim será uma mistura de muitas coisas. E acredito que de algum modo as pessoas esperam que eu faça algo como isto.

Podes adiantar alguma banda das que estão em funcionamento que se aproxime desse tipo de som?
Tarja Turunen:Não quero mencionar nenhuma de minhas "futuras influências". Não gostaria de mencionar nenhum nome, todavia, como por exemplo que tipo de banda está fazendo algo parecido ao que eu quero.
As pessoas têm me perguntado coisas como, "vai ser como uma segunda Sarah Brightman?" ou "vai ser como uma segunda ou terceira Emma Shapplin?" (risos). Não é meu estilo, estou buscando algo mais atmosférico.

A que você se refere quando fala de "algo mais atmosférico"?
Tarja Turunen: Sabe que… Quando você tem um amplificador à sua esquerda e outro à sua direita, muitas vezes sinto que a música é bastante estreita e dirigida para o público. Eu não quero fazer música que se perceba assim. Quero fazer música que seja grande, mais além do que talvez só tenha um par de violinos. Música que te chegue até os ossos! Que se tem uma guitarra elétrica que te mate, ou se tem uma orquestra tocando, que você possa escutar tudo dessa orquestra. Isso que eu quero fazer, e estou trabalhando em novas canções que tentem refletir isto neste momento.

Você vai escrever a música ou a letra dessas canções?
Tarja Turunen: Não, música nunca escrevo. E as letras sim, tentarei escrever algumas delas desta vez. Mas estarei trabalhando em todo o processo, nas edições e discutindo tudo com o produtor e essas coisas.

O que te parece esta nova responsabilidade de escrever as letras?
Tarja Turunen: É algo muito novo para mim. Estou, de certo modo, mais emocionada que nervosa.
Igualmente a Universal Music da Alemanha com quem firmei contrato, são pessoas muito jovens e não querem me pressionar. As pessoas sempre se preocupam muito quando falo sobre a grande gravadora e de que vai ser um lançamento a nível mundial… Pensam coisas como "Hmmm mas agora está vendendo sua alma à gravadora" (risos). Não, não quero fazer isso. Mas estou muito feliz de que tenham compreendido o que quero fazer, e confio que tudo sairá bem.

Você está pensando em fazer outra Noche Escandinava? Conheço muitos fãs do Nightwish que se aproximaram pela primeira vez de algo estritamente operístico graças a você...
Tarja Turunen: Não, é uma idéia muito distante já que Marjut (Paavilainen, soprano) e Juha (Koskela, barítono) estão trabalhando atualmente na Alemanha, e seria muito difícil para mim reuni-los. Mais além de que nos mantemos contato e somos muito bons amigos, é muito difícil, sabe? Talvez em 2010! (risos).
Não quero descartar a idéia por completo. Mas atualmente estou muito ocupada com muitas coisas.

Por que lançaram o álbum da Noche Escandinava como edição limitada?
Tarja Turunen: Foi algo especial, só para os fãs. Foi só para uma pequena quantidade de pessoas. Eu o quis dessa maneira. E sabe por que? Porque sou muito tímida. Era meu primeiro trabalho de música clássica. Era uma gravação ao vivo em Buenos Aires, de mim cantando música clássica., e estava um pouco assustada com respeito a isso. Mas foi uma linda oportunidade e eu gosto de como isso é visto, é um trabalho muito especial para os poucos que quiseram tê-lo. Foi muito divertido de fazer e talvez no futuro pensarei em voltar a fazê-lo.

Você acredita que seu trabalho solo surge como resultado de sua saída do Nightwish? Ou você planejava fazê-lo de todos os modos?
Tarja Turunen: Não, eu o faria de todos os modos. Tenho planejando isto por muitos anos. Também estava discutindo isto com um selo. Naturalmente que nós falamos disso, agora que não sou mais a vocalista do Nightwish, não queríamos misturar ambas as coisas. Se meu disco solo houvesse saído depois do próximo disco do Nightwish, bem, eu sempre pus a banda em primeiro lugar. Então, é algo que definitivamente teria feito ainda que tivesse continuado cantando no Nightwish.

Você gostaria de fazer algo relacionado com o cinema ou a TV?
Tarja Turunen: (risos) Gostaria muito! Devo admitir que gostaria muito de trabalhar nisso. Tenho tido algumas experiências, talvez tenham escutado algo a respeito de que estive atuando na TV finlandesa. Parece que as pessoas gostaram muito e fizeram muito barulho a respeito dizendo coisas como "Tarja, por que não fazes mais coisas como esta?"
Mas bem, talvez algum dia eu volte a fazê-lo (risos). Até me ofereceram um papel em um filme, mas não me atrevi a aceitar esse tipo de coisa porque todavia sinto que a música é o mais importante em minha vida, e progredir como cantora e fazer que as pessoas cheguem a me escutar. Amo a música. E eu gosto de estar em frente às câmeras, mas não tanto. Mas se algum dia eu perder minha voz (e isso sería uma catástrofe), então talvez eu o faça.

Desde que você saiu do Nightwish, te apareceu muitas pessoas com propostas para que você lance um livro ou um show de TV e essas coisas?
Tarja Turunen: Oh, muitas coisas!!

Qual foi a mais louca que você lembra?
Tarja Turunen: Bom, todas eram loucas (risos)! Desde convites de uma banda que começou a tocar ontem e me chamaram para dizer "hey Tarja, gostaria de ser nossa vocalista?", até um diretor dizendo "gostaria de ter um papel no meu filme?"… A variedade é muito grande. Todos os dias recebíamos ofertas de todos os tipos de coisas que você possa imaginar!

Lembra de alguma em particular? Por exemplo, uma oferta para fazer seu próprio programa de TV?
Tarja Turunen: Meu próprio programa de TV? Hmmm.., não meu próprio programa mal. Creio que todos têm ouvido deste horrível "bailando com as estrelas".

"Bailando por um sonho"? O do Showmatch? [N.R.: uma espécie de 'Dança dos Famosos', que aqui no Brasil é apresentado pelo Faustão]
Tarja Turunen: Sim, Showmatch! Mas queriam que eu fosse dançar! (risos).

Mas não no Showmatch, né?
Tarja Turunen: Não, em um programa da Finlândia.

E um livro sobre a sua história?
Tarja Turunen: Sim, meu próprio livro sim. "O livro da Tarja" surgiu imediatamente. "Você precisa dar uma resposta ao Nightwish agora!", e eu dizia: "Não, não estou interessada.". Não é meu estilo de fazer as coisas.

Você passou um mal momento com a imprensa com respeito a todo este assunto?
Tarja Turunen: Todavia, sigo passando um mal momento. Isto é algo que vocês não têm aqui na Argentina. Não têm (e me alegra muito) 'imprensa amarela'. (N.R.: sim, temos e garanto que é pior que a da Finlândia!). Bom, a têm, mas não ao nível que temos na Finlândia. Somos um país pequeno comparado com a Argentina, e os meios têm muito poder, como o Clarín aqui.

Quem te atacou mais, os jornais ou a televisão?
Tarja Turunen: Temos dois jornais similares ao Clarín, e se vendem por meio de seus títulos. Quanto mais impactante for o título, mais vende. "Tarja agora fez isto" e "Nightwish agora fez isto". Todos os dias desde que recebi a carta aberta, e durante três semanas, eu estava todos os dias nos títulos. E... ainda hoje eu estou!

Ainda nos dias de hoje?
Tarja Turunen: Sim, mas com coisas novas. Estão cobrindo coisas novas e tem paparazzis por todos os lados.

E como você faz para viver lá então?
Tarja Turunen: É difícil. Hoje em dia é muito difícil. E honestamente não deveria estar lhe dizendo isto, mas realmente cheguei a pensar em me mudar da Finlândia.

E para onde você iria?
Tarja Turunen: Não sei. Eu gosto de estar aqui. Mas está tão distante… Buenos Aires está tão distante da Europa. Uma coisa que odeio é viajar. E agora temos que voltar outra vez para lá. Finlândia me encanta, mas é muita prisão viver lá. Na Finlândia vou pelas ruas caminhando de chinelos e essas coisas e todos me conhecem.

O que te passa com os fãs daqui?
Tarja Turunen: É diferente. Aqui me encontro com alguns fãs em uma esquina e todos se surpreendem y dizem "não posso acreditar!". Lá não é assim. Na Finlândia são mais calados mas todos sabem quem sou.

São pessoas mais tímidas na Finlândia…
Tarja Turunen: Sim, muito tímidas. Muito conservadoras também, não como aqui. Não são tão abertos para falar de seus assuntos como são aqui. E eu gosto disso. Tenho aprendido que isso é algo muito precioso. Estou muito agradecida por Buenos Aires, pela Argentina e por isso. Sério, me têm ensinado muito.

Aqui não estamos muito acostumados a ver músicos famosos caminhando por aí. E alguns fãs ficam muito nervosos.
Tarja Turunen: Claro que é gracioso para mim. Contudo, é difícil estar nessa situação e ter que dizer "fique calmo, por favor. Está tudo bem" (risos). Na Finlândia isto quase nunca acontece. Se tem uma criança surpreendida e saltando como louco, tudo bem. Mas não uma pessoa adulta. É uma cultura diferente, é uma tradição diferente e é entendível.

Que coisas da Finlândia você sente falta quando está aqui?
Tarja Turunen: Sauna. Apesar de que aqui faz muito calor (risos, a respeito do calor dentro do restaurante). Sinto muita falta da sauna.

Sei que os finlandeses gostam muito de sauna...
Tarja Turunen: Quase todos nós temos uma sauna em nossas casas. E é claro que nós temos uma sauna com o Marcelo (N.R.: Cabulli, marido da Tarja e responsável pela Nems Enterprises) e é algo que sinto falta. Também sinto falta da tranqüilidade e da natureza. Aqui é muito barulhento. E também que não haja tanta gente. Se vou à minha casa, não tem ninguém caminhando pelas ruas. O povo com quem vivo na Finlândia é muito pequeno.

Uma vez você disse que na Argentina chamava o entregador de Pizza e que na Finlândia não tem nada disso.
Tarja Turunen: Sim, não temos esta tradição de entrega. Temos, neste pequeno povo onde estamos vivendo, três diferentes lugares onde se pode pedir pizza ou comida rápida.
E aqui me falam desses lugares onde lavam roupa, e gente que vem para buscar sua roupa suja. Isso me surpreendeu muitíssimo! Na minha casa na Finlândia eu sou a que tem que lavar minha roupa, estendê-la e passá-la… Vamos! (risos). Sim, minha vida é muito diferente na Finlândia e aqui.

E que coisas da Argentina você sente falta quando está na Finlândia?
Tarja Turunen: As pessoas. Apesar de que não tenho muitos amigos aqui. Devo reconhecer que é difícil para mim sair e conhecer novas pessoas. Sou estrangeira. E apesar do Marcelo está comigo todo o tempo, não saímos todos os finais de semana.
Às vezes saímos para tomar uma cerveja com os amigos, mas a comunidade é muito pequena. Diferente da Finlândia, tenho muitos amigos, os amo muito e desfruto muito de sua companhia.

Se você tivesse a oportunidade de fazer um projeto com outros músicos como por exemplo o que Tobias Sammet fez com o Avantasia, quais músicos você convidaria?
Tarja Turunen: Não faria um tipo de projeto como o Avantasia, um projeto que envolva muita gente e tenha uma história e tudo isso. Como uma artista solo não o faria.
É claro que tenho algumas pessoas em mente, as que definitivamente eu gostaria de chamar e lhes perguntar: "Você gostaria de tocar comigo?". Mas não creio que o faria.
Mas o que posso te contar é que estarei trabalhando com Walter Giardino do Rata Blanca se for possível. Mas não tem nada confirmado.

Já tem data de lançamento do seu disco solo?
Tarja Turunen: Sairá em 2007.

Você vai estar trabalhando o ano inteiro neste disco?
Tarja Turunen: Não, só o ano que vem. Este ano eu dedicarei mais que qualquer coisa aos meus concertos de música clássica, os de rock e os do Rata Blanca. Entretanto, necessito aprender as canções em castelhano. (risos)

Já esteve ensaiando os temas?
Tarja Turunen: Não, só o Walter com sua guitarra e eu cantando um pouco com ele. Este concerto será muito trabalhoso para mim, junto com o disco natalino. Terei uma pequena turnê no fim do ano pela Finlândia e duas datas na Rússia com esses concertos de natal. E o próximo ano dedicarei completamente ao meu novo disco.

Uma pergunta um pouco difícil, o que mudou em sua vida desde que não é mais a vocalista do Nightwish?
Tarja Turunen: O que mudou? Bom… Deixe-me pensar…Eu mesma. Tenho aprendido muitas coisas sobre mim mesma. Primeiro de tudo, tenho aprendido como controlar o stress. Sempre pensei que era uma pessoa muito má quanto ao controle do stress. Fui assim, alguma vez, quando todo o tempo me escondia debaixo da mesa e ficava ali. Mas necessitava seguir adiante. Por amor a mim mesma, por amor aos meus fãs e por amor a todos. E não me matou, não estou morta. Hoje entendo que estou sozinha pela primeira vez como artista solo, que preciso controlar estas coisas por mim mesma agora que a atenção de todos está focada em mim, que eu goste disso ou não. E é claro que já não confio tanto nas pessoas. Isso é triste. Mas agora sou um pouco mais cuidadosa.

Que coisas você sentirá falta do Nightwish?
Tarja Turunen: Os concertos, a música. Isso é algo que definitivamente sentirei muita falta. Foi incrível o que fizemos juntos, foi grandioso e do fundo do meu coração lhes desejo boa sorte no futuro. Qualquer coisa que queiram fazer de agora em diante é decisão de vocês.
Eu tenho amadurecido como mulher na banda. Tinha 18 ou 19 anos quando me uni ao Nightwish. E agora tenho 28. Desta forma, dez anos é muito tempo. Mas não posso dizer pra você que passará no futuro. Não quero me iludir. E não quero competir com o Nightwish. É ridículo, não vou fazer isso, é algo muito tonto.
Mas definitivamente estou agradecida de poder fazer música por minha conta agora. E é graças ao Nightwish e o trabalho que fiz com eles.

Você pensa que em algum momento de voltou em algo mais pessoal entre o Nightwish e o Marcelo e você ficou atrapalhada no meio de tudo isso?
Tarja Turunen: Não, no princípio era só comigo. E com esta carta aberta, algo passou. Subiu a pressão e honestamente penso que algo teria que mudar. Logo me dei conta que já não se acusava só a mim. Meu marido estava sendo acusado mais que eu.
Mas o Marcelo é um adulto responsável e já tem dado suas respostas, e tudo já terminou. Penso que é algo totalmente infantil o que tem acontecido.

Você tem alguma fobia?
Tarja Turunen: Sim, a aranhas. Por Deus, odeio as aranhas! E tive más experiências com elas, por isso o digo! (risos)
Fui à Costa Rica e estive o suficientemente louca para ir com uns amigos a estas grutas que se mostram aos turistas. Era uma cova no meio do nada, e a água estava na nossa cintura. Caminhamos 50 metros e chegamos ao final do túnel. Estava tudo escuro e só tínhamos uma lanterna. Estávamos com as calças arregaçadas quase até a cintura e não podíamos ver nada, só água negra. Logo tivemos que atravessar um caminho cheio de barro, e sujamos toda a roupa. E logo escuto minha amiga dar um grito infernal. Uma tarântula maior que minha mão apareceu entre ela e eu. Essa soprano esteve gritando todo o tempo. Deus meu, odeio tanto as aranhas.

Você tem algum apelido?
Tarja Turunen: Taape. Meus amigos e os rapazes da banda me chamavam de Taape.

Você teve algum trabalho antes de se juntar ao Nightwish?
Tarja Turunen: Sim, trabalhei três meses em um verão. No verão da Finlândia muitos adolescentes trabalham, mas os salários são muito maus.
Fui camareira em um barco que navegava entre duas cidades da Finlândia, e entre vários canais de um rio. Uma das paisagens mais bonitas da Finlândia. Se alguma vez você for à Finlândia, tem que ir à Savonlinna e Kuopio.
Enfim, as pessoas só iam passar a noite nos barcos e eu estava servindo comida e às vezes passava a visitá-los se festejavam algum aniversário. Coisas como essas…

Tem algum trabalho que você gostaria de fazer agora?
Tarja Turunen: Estou ensinando canto. Eu gosto, mas é uma grande responsabilidade. Também gostaria de poder ir a um teatro e tentar atuar um pouco. Gosto muito disso, o teatro e o drama. Toda vida gostei de teatro. Quando eu era criança ia muito ao teatro com meus pais, então é algo que gosta muito.

Qual o presente mais raro que você já recebeu de um fã?
Tarja Turunen: (Tarja leva um longo tempo pensando)
Boa pergunta! Bom, tenho um espaço gigante em minha garagem para as pessoas que me enviam coisas. Tenho muitos presentes e os conservo todos em um mesmo lugar. Mas, mais que qualquer coisa são ursinhos de pelúcia. Tenho tantos deles que daria para presentear até os filhos dos filhos dos filhos dos meus amigos. Mas não saberia te dizer qual é o mais estranho.
Tenho visto muita gente com tatuagens que têm minha cara em seu braço.

E você se surpreende?
Tarja Turunen: Sim, claro!! Penso: "oh, por Deus! Como pode alguém estar tão louco? Sim, sim… Você tatuou minha cara em seu ombro…"(risos).

Que coisas você teve que renunciar para poder chegar onde está?
Tarja Turunen: Não creio que eu tenha sacrificado nada. Com meu êxito tenho tido que sacrificar parte de minha privacidade. Mas quanto a mim, tenho feito as coisas que amo. Neste momento não posso dizer que haja outra coisa que eu gostaria de estar fazendo. É difícil dizer porque o destino me tem trazido até aqui, e eu tenho seguido meu destino. Tenho seguido meu desejo de poder cantar, que é o maior para mim. Sinto que de certo modo sou privilegiada por poder fazer o que faço, porque nem todo o mundo pode fazê-lo já que apesar de que talvez você gostaria de ser músico, não tenhas a oportunidade de sê-lo. Nem todos têm essa oportunidade. Tenho sido suficientemente afortunada e estou muito agradecida por isso. Não sei se tenho sacrificado ou me arrependo de algo.

Lembro que em uma entrevista você mencionou o perigo que considerava dirigir aqui em Buenos Aires...
Tarja Turunen: Oh sim! Muito perigoso… Eu não o faria. O Marcelo o faz, ele é um bom condutor. Mas às vezes quando tomamos um táxi me dá um pouco de medo. E na Finlândia se ri muito porque as pessoas dirigem muito devagar.
Igual eu quero comprar um "fitito" (N.R.: Tarja se refere ao velho e querido Fiat 600)

Um Fitito? Por que?
Tarja Turunen: Amo o fitito! Vi duas crianças aqui na Argentina brincando de algo como "fitito foi… fitito foi…" e pensei "o que será este jogo em que tem que bater no outro cada vez que vê um fitito?"
Não temos muitos fititos na Finlândia, são considerados como algo de coleção. Então pensei em comprar um na Argentina e colocá-lo as cores de San Lorenzo.

Qual a opinião do Marcelo sobre isso?
Tarja Turunen: Sim, ele quer que eu compre um! Já tenho um em vista que já estava tunado. E eu quero tunado! E eu sei o que quero! Quero ele preparado desde as rodas até o teto!! (risos)


Entrevista: Marco Petrosini
Edição de texto: Carlos Noro
Tradução: Maitê Lima