Chama-se Tarja Turunen, nasceu na Finlândia há 36 anos e seu rosto tem os traços particulares da beleza nórdica. É cantante lírica voltada para o metal sinfônico, uma estrela em seu gênero, reconhecida em todo o mundo, e autentica diva em seu país. Mas já faz cinco anos que leva uma vida perfeitamente normal em Buenos Aires, onde é casada com o empresário musical Marcelo Cabuli. Se conheceram por volta do ano 2000, em sua primeira visita ao país, quando cantava no Nightwish.
Agora, quando diz a palavra "casa" se refere ao apartamento na capital federal, e não a gélida Finlândia, mas passa quase oito meses por ano viajando o mundo em tour. "Com o nosso trabalho, podemos trabalhar de casa, e quando viajamos vamos com a música a qualquer lugar. Minha escolha foi essa, eu escolhi viver na Argentina. Creio que meu marido adoraria viver na Finlândia (risos), mas a vida é assim." - diz em castelhano claro e fluído, ainda que simpático pelas pequenas confusões, sotaques e os erres.
"Na Finlândia perdi um pouco de minha vida privada. Viver com as cortinas fechadas todo o dia na minha casa foi duro. Queria mudar." Confessa.
E: De que outras coisas gosta aqui?
T: A luz! Adoro a luz que há aqui! Pode imaginar que na Finlândia, no inverno, não temos quase nada de luz? É uma vida duríssima viver em um lugar assim durante os invernos. Quando chega a primavera ou o verão as pessoas ficam loucas, por quê? Por causa da luz, que te dá energia. Aqui o sol é muito importante para mim. Posso compor melhor, me sinto mais feliz, tenho mais energia para fazer minhas coisas... Estou contente! Também gosto muito da comida, das pessoas, muitas coisas. Obviamente há muitos problemas aqui: a corrupção, a economia, mudanças fortes para mim, porque lá não é assim. É diferente, mas minha média é totalmente positiva.
E: Eu, talvez do preconceito, pensei que o clima da Finlândia ia melhor com seu estilo de música do que o calorzinho daqui...
T: Posso compor canções obscuras na praia! (risos). Não importa onde estou, mas preciso de um lugar tranquilo. Obviamente a capital não é tranquila, teria que ir longe, mas na minha casa, no meu lugar, posso ser uma pessoa normal, e é o lugar onde me sinto melhor. No apartamento lindo que fizemos com meu marido, estou feliz, só isso.
E: Que lugares da Argentina te serviram de inspiração para compor?
T: Adoro viajar pelo país. Já fizemos muitas viagens. Adoro ir de carro, dirigir também. Na capital não dirijo muito, me dá medo, mas no interior, adoro. Fizemos viagens até o Iguaçu, Bariloche, Jujuy, mas ainda não conhecemos El Calafate ou Tucumán. Córdoba também, claro. A natureza argentina é incrível. Muito bonito.