E: Por muitos anos você foi conhecida como o rosto do Nightwish. Foi difícil mudar isso?
Tarja: Sim, mas não para mim pessoalmente porque eu adoro me apresentar. Sou uma artista. Minha segunda casa é o palco. Então eu estava tão, tão feliz de poder escrever minhas próprias músicas, de me sentir amada pelo público, que neste sentido não foi difícil. Mudar minha imagem não foi tão difícil por que... De qualquer modo, eu tive que olhar para meu coração, o que está lá e foi bem fácil achar o que eu realmente amo.
E: Todo mundo lembra aquela conferência de imprensa super emocional que você deu quando deixou o Nightwish. Como você se sente sobre a experiência?
T: Foi um pesadelo. Ainda é um pesadelo e eu sei que vai continuar sendo. Eu realmente espero não ter que passar por aquele tipo de montanha russa de sentimentos negativos de novo em minha vida. Foi ridículo tudo que estava acontecendo naquele momento. Não preciso daquele tipo de energia na minha vida. Eu estou tão feliz agora onde estou, realmente podendo aproveitar ser uma artista, podendo trabalhar com a minha paixão, que sempre foi a música. Aqueles foram tempos difíceis, muito difíceis.
E: Como uma garota de uma pequena cidade finlandesa acabou sendo uma cantora reconhecida mundialmente?
T: Eu sempre quiser ser cantora. Esse era meu maior sonho. Eu queria poder trabalhar com música de uma forma ou de outra. Comecei a estudar quando era criança e começou por aí. Meus pais sempre me deram muito apoio nisso.
Mas houveram mudanças, mudanças radicais, pelas quais eu tive que passar. Nunca havia pensado em me tornar uma cantora de heavy metal e essas coisas aconteceram. Eu queria ter desafios e eles fizeram de mim o que sou hoje. Sou muito, muito grata por ter tido a coragem de encarar aqueles desafios com seriedade. Há tantas garotas hoje que escrevem para mim e eu as encontro, meninas novas e mulheres mais velhas que eu que começaram a ter aulas de canto clássico por minha causa, elas dizem que gostam da minha voz, e me dá imensa alegria ouvir suas histórias.
E: Você preferiria ser cantora de uma banda ou se apresentar solo?
T: Eu realmente gosto de ter minha carreira solo porque me dá a incrível liberdade de fazer o que eu realmente gosto. Quero dizer, estou escrevendo minhas músicas, seja sozinha ou com alguém que eu goste de escrever. E eu tenho meu público. Eles estão lá por mim e isso é como... ainda é algo difícil para mim entender quando eu encaro minha audiências nos shows. Me sinto muito, muito amada e meus fãs são muito leais a mim. Neste sentido, todos estes anos de carreira solo tem sido extremamente... me deram uma chance de crescer. Como pessoa, mas também como artista, ainda há muito para aprender. Mas tem sido realmente incrível. Mas eu não diria que isso é definitivo. Eu não diria que não gostaria de ser frontwoman em uma banda de novo algum dia. Isso poderia acontecer, poderia.
E: Você tem uma das vozes mais distintas no cenário musical Finlandês. Como você caracterizaria seu estilo?
T: Quando as pessoas me perguntam isso - bem, como você disse, se caracterize - eu sempre digo que sou uma cantora. Então me chame disso, por favor. Sou uma artista. Sou uma cantora porque tive a sorte, a grande sorte, de poder fazer o que faço de melhor. Eu canto rock e canto música clássica. Eu amo ambos e eles vivem dentro de mim. É como algo que naturalmente cresceu em mim e eu continuo fazendo ambos. Mas sim, talvez você pudesse me chamar de algo como uma semi-operática cantora clássica de rock. Não sei. Está ficando bem complicado (risos).
E: Isso é uma questão difícil, porque eu estou basicamente te perguntando sobre seu processo criativo. Mas quando você escreve, você leva em consideração seu estilo musical, já que você geralmente trabalha com bandas de rock?
T: Sim, é interessante, na verdade, essa questão. Porque quando eu sento para escrever, eu componho no piano. E eu não realmente penso muito no estilo enquanto estou escrevendo. Eu só escrevo e quando sinto que a música está indo a algum lugar, aperto o botão de gravar e continuo. Então talvez no dia seguinte eu a ouça para ver se realmente era algo bom ou não. Depois eu começo a produzir a música. Quando estou feliz com isso, levo-a aonde quero, decido se uso um tempo rápido ou devagar. Faço o que eu quiser.
Descobri até hoje que, para mim, é mais fácil compor baladas, certamente. Sou uma sonhadora. Sou muito emocional. Então este estilo vem mais naturalmente do que músicas de rock realmente rápidas. Eu tenho ajuda dos meus ótimos, ótimos guitarristas que fazem os riffs para mim já que eu não toco a guitarra eu mesma. É difícil para mim porque eu tenho os riffs na minha cabeça, mas não consigo toca-los. Com um teclado fica tão ruim que eu não consigo nem tentar. Mas é divertido. É realmente divertido escrever músicas.
É a música que sempre vem antes para mim. Quando eu tenho uma canção escrita, sempre tenho a história para isso pronta. Eu tenho que ter uma ideia, uma ideia bem forte, para isso. Então eu começo. Sento-me para escrever a letra. Esse é meu processo criativo.