Una exótica rockstar solta em Buenos Aires
A finlandesa Tarja Turunen, ex Nightwish e atualmente considerada uma das cantoras mais populares de seu gênero, que combina sua voz de soprano lírica com heavy metal, fala porque escolheu a Argentina para viver. “No meu caso, esta cidade me trouxe muita paz e liberdade".
Tarja Turunen nasceu há 36 anos em uma aldeia do município de Kitee, na Finlândia, e em sua infância devia levantar-se as 7 da manhã para ir em busca de morangos, batatas e demais alimentos por um gelado bosque. “Na aldeia não tínhamos vizinhos. A casa mais próxima à nossa estava a dois quilômetros”.
Hoje, sua vida está completamente diferente e atendeu a La Razón em sua casa, localizada em um luxuoso edifício em Palermo, em uma fresca tarde de outono. Ao vê-la, a pergunta sai sozinha: como uma mulher criada em um país acostumado a temperaturas extremas (“há dias de 30ºC negativos”) está com roupas até o pescoço? A resposta sai rápido, seguramente essa pergunta é sempre feita, “o que me mata é a humidade”, diz a moça de lindos olhos verdes e pele extremamente branca em um espanhol cheio de gírias.
Sua chegada ao Nightwish, uma das bandas mais importantes e emblemáticas do heavy metal nos primeros anos do século XXI, foi o que permitiu Tarja dar esse salto, que até então era uma das mais promissoras cantora lírica de sua Universidade. “O que aconteceu foi muito raro, porque nunca em minha vida pensei que iria ser uma cantora de heavy metal. Não era uma garota do rock. Escutava algumas bandas de rock, mas nada a ver com heavy metal”, lembra. Essa mudança, que diz que mudou sua vida, aconteceu em seu ambiente relacionado com a música clásica: “Meus colegas estudantes não me disseram nada de mal, nem me apoiaram, nem me criticaram. Diferentemente, meus professores sempre me apoiaram. Tive sorte. Me bancaram muito para manter meus estudos com a banda”, diz Tarja e declara: “Na Finlândia as pessoas são mais frias que aqui, a cultura não é muito aberta, não se fala sobre os problemas pessoais, é como que ‘minha vida é minha vida e ninguém pode entrar’. Eu aprendi muito a me abrir aqui na Argentina, comecei a falar e a me soltar mais”. E seus pais, o que acharam da mudança? 'Estiveram a meu lado e não me perguntaram o porque. eu fui comprar minhas primeiras calças para um show heavy em um sex-shop com minha mãe porque disse ‘que merda vou vestir?, não tenho nada desse estilo’. Imagine essa situação com minha mãe”, diz entre risos.
En 2005, Tarja foi expulsa da banda por sua “ganância e atitude de diva”, segundo uma carta pública do resto do grupo. “Com meus ex companheiros tínhamos muitos problemas pessoais o tempo todo. Então fiquei triste por muitos anos. Fizemos mais de 5 anos de estúdio com eles e muitas turnês”. Nesse momento apareceu Marcelo Cabuli, seu atual marido e pai de sua filha, quem conheceu quando ele organizou sua primeira turnê na América do Sul: “ele rapidamente se deu conta que eu estava sozinha, que a banda me deixava sozinha. Não entendia como uma mulher em um grupo de homens estava sempre sozinha”.
Foi difícil se impor entre tantos homens?
Sim. O mundo do rock é machista. Não somos muitas mulheres, mas somos fortes porque vivemos situações difíceis. Muitas vezes os homens agem sem se dar conta de que há mulheres ao redor, porque uma tem que se vestir, tem que aquecer a voz. Eu cansei de aquecer no chuveiro. Não podia dormir porque os meninos estavam em festa, porque fumavam ou qualquer outra besteira que faziam. Eu não posso tomar álcool por minha voz e eles nunca entenderam isso. E se eu não pudesse cantar, não havia show. Para eles era mais importante fazer turnê, tomar álcool e estar bêbado todo tempo (risos). Para mim não. Então ficava sozinha”.
Tarja, atualmente, é considerada uma das cantoras mais populares de seu gênero na maior parte da Europa e do mundo, e conta com quatro discos solos, entre eles, o recente “Colours In The Dark”.
Por que escolheu Buenos Aires para viver?
Me encanta, é a cidade mais bonita da América do Sul. Pode ser que para os argentinos seja diferente, mas no meu caso me trouxe muita paz, liberdade e a possibilidade de viver como uma pessoa normal. No meu país estava um pouco complicado, porque sou muito conhecida lá. Me cansei de ficar fechada na minha casa e fechar as cortinas o tempo todo. Isso não era vida.