E: Como vai, Tarja?
T: Bem! Um pouco estressada, mas...
E: Me surpreendeu saber aqui que sua filha já tem dois anos!
T: Já, incrível como passou o tempo.
E: Claro, pra mim ainda é algo que aconteceu outro dia!
T: e eu quase não tenho memórias da gravidez, pra mim o tempo passou rapidíssimo. O tempo já passou, mas incrivelmente rápido!
E: E você seguiu trabalhando enquanto grávida, então era o mesmo ritmo...
T: Sim, fizemos vários shows desde o começo da minha gravidez, mas o que aconteceu é que eu estava muito bem. Desde o começo até o fim, não tinha nem que pensar nesse assunto.
E: É, tem uma hora que você tem que tirar o produto e daí os problemas começam!
T: Um produto que pesava dois quilos e duzentos! Agora doze! (risos).
E: Impressionante! Tenho mais ou menos o mesmo caso, mas meu bebê tem sete meses, então ainda é manejável! Doze quilos já é outra história nas nossas colunas vertebrais!
T: Sim! Tudo com problemas! (risos)
E: Conte-nos um pouco sobre como estão seus projetos agora.
T: Tenho muitas tours, as que vem agora são na américa do sul, depois na Europa. Tenho pelo menos mais umas três desse disco, depois a de Natal, que faço quase sempre, desde 2005, as de natal, música clássica. Recentemente saiu um dvd e cd do Beauty and the Beat, que é basicamente música clássica, mas com Mike Terrana na bateria, orquestra, coro...
E: Este você está promovendo?
T: Sim, agora... Muitas coisas.
E: e o Outlanders?
T: Já gravamos muitas músicas! Oito ou nove músicas, mas é um projeto que vai levar um tempo, não é um projeto para o qual tenho pressa.
E: Me lembro que uma vez na Espanha o Marcelo me contou que vocês estavam para assinar com Walter Giardino -
T: Sim, sim...
E: E isso eram em 2003, 2004, já faz mais de dez anos!
T: (risos) É assim que fazemos nossos trabalhos, pensamos muito no futuro. Temos muitos projetos e é lindo poder ter essa liberdade de poder termos nossas carreiras e poder manter nossas mentes abertas, e estar feliz com que fazemos.
E: Quando você fala de liberdade me lembro da primeira vez que te entrevistei depois que você saiu do Nightwish, onde você me falou justamente que era isso que te faltava. Fala em referência a isso particularmente?
T: Não, não necessariamente, mas a hoje em dia, como me sinto como artistas... Tive que aprender tantas coisas. Eu não escrevi músicas com eles, não compus, então tive que aprender muito. E estou feliz de poder ter uma carreira internacional hoje em dia como cantora de rock ou de música clássica, não importa, como cantora - me sinto privilegiada.
E: Lembro que quando você saiu do Nightwish todo mundo te perguntava para onde você ia.
T: sim...
E: Ninguém imaginava que teria uma carreira solo e que continuaria com ela. E você estava muito segura de que seria isso e que daria certo.
T: Sim, porque a música é tudo para mim. Me deu vida. Minha voz é o que me motiva todos os dias. Sou cantora, e esse é meu estilo de vida, totalmente, ser cantora - cantora lírica, obviamente. Tenho que me cuidar, manter meu condicionamento físico, tudo isso é parte do trabalho também.
E: Também é algo que também teve que aprender depois do Nightwish, toda a parte de produção, certo?
T: Sim, e isso me deu novas possibilidades. Se estivesse todos esses anos com a banda, não sei aonde estaria. Não sei onde a banda estaria.
E: Escolher com quais músicos trabalhar foi difícil?
T: Os músicos, as gravadoras... Porque tiveram muitas gravadoras interessadas-
E: nisso você teve a ajuda do Marcelo também...
T: Sim, trabalhamos muito nisso, e lógico que encontrar os músicos foi trabalhoso mas... Escrever as músicas, compor, isso foi o mais estressante, porque tinha que dizer como eu queria que as músicas soassem, e tivemos que contratar um produtor. Eu nunca havia trabalhado com um produtor. Eu sabia como queria fazer, como queria que tudo soasse, mas trabalhar com mais alguém, e ter que colocar a música em palavras... A música para mim é uma emoção. Não tenho que pensar muito. É uma emoção que me leva adiante. Não era nada fácil, esse começo.
E: E como estabeleceu esse vínculo que tem com Mike Terrana para poder até fazer música fora da sua carreira [de rock] com ele?
T: Bom, fizemos muitas tours com ele, ele tocou em quase todos os meus shows de rock-
E: E ele tem aquele disco sinfônico também...
T: Sim, sim, sim.
E: Quando eu vi achei tão oportuno ele estar tocando com você, porque você tem toda essa bagagem de sinfônico e clássico, e por esse lado a ideia...
T: Nós começamos a falar nisso no meio das tours, de música clássica em geral, e eu perguntei se ele gostaria de tocar com uma orquestra sinfônica, e ele disse que seria incrível. Por aí começamos a pensar nisso e já colocamos o título, Beauty and the Beat, não Beast (risos), ele é o Beat. E encontramos um produtor na Bulgária que queria nos promover, isso em 2011, pela primeira vez. E foi apaixonante. Ele e eu choramos depois do show, de tão lindo, e decidimos que queríamos continuar.
E: Eu fui a um show clássico seu faz muitos anos em Barcelona e-
T: Nossa, faz muito tempo, minha voz estava horrível (risos)
E: Eu me pergunto como você canta no banho, porque uma coisa é cantar para um público, outra é cantar no chuveiro! (risos)
T: Eu não canto muito no chuveiro!
E: Bem, lógico, você canta em outros lugares. E o que me chamou a atenção nesse show é que sua atitude em relação ao público era muito diferente, estava muito mais... conservadora, séria. Você se diverte tanto em um show desses quanto em um de rock?
T: Sim, em divirto, porque é diferente. O ambiente é diferente, a música é diferente, o público é diferente, quase tudo é diferente. Mas gosto de poder cantar puramente música clássica hoje em dia porque me motiva. Me motiva a trabalhar mais com a minha voz, com meu corpo. Quero melhorar como cantora lírica. Tenho minha professora e-
E: E ainda há algo para melhorar estando já nesse nível?
T: Tenho muito. É como ser um atleta. É um treinamento muito similar nesse sentido, o que tenho que fazer. Se paro de cantar por uma semana já sinto que tenho que começar de novo. Não do zero, mas os músculos têm memória. Se faço algo errado... Por exemplo, agora tenho dores no pescoço por causa do headbanging. Durante os shows, por muitos anos, e agora tenho muita tensão aqui. E é muito difícil mudar a memória corporal, quando já está fazendo as coisas de um jeito.
E: Os músculos tem que se reacomodar.
T: Sim. Leva tempo. No canto lírico tenho que fazer isso. Alcançar um certo nível e progredir. Se um dia pudesse te dizer que "Ok, hoje posso cantar sem nenhum problema" talvez me sentisse triste, porque quero ter progresso, gosto do progresso.
E: (risos) você tem vontade de se superar, é isso?
T: Sim, sim. Sempre há algo para melhorar.
E: Vou aproveitar e perguntar então, sobre o dvd que você gravou com Mike, a parte clássica não me impressionou porque era o que eu esperava, mas a segunda parte me surpreendeu, não esperava alguns covers. Como te ocorreu o medley do Led Zeppelin?
T: Bom, primeiro porque eu adoro a banda e as músicas, até porque eles usaram muito da música clássica em suas composições, dá pra ouvir nas composições deles, como em Kashmir, por isso comecei a pensar no assunto. Eu tenho um conhecido na Finlândia que faz arranjos para orquestras e coros, e trabalhou comigo já faz anos, então apresentei a ideia a ele e fizemos os arranjos juntos. Foi muito divertido, mas foi a música que levou mais tempo para ser ensaiada, com todas as orquestras, não foi nada fácil.
E: E também um dos meus favoritos do Queen, you take my breath away, como foi fazer esse?
T: Essa eu já tinha cantando acho que na Finlândia com um coro e gostei muito. É sempre muito difícil também para o coro cantar essa, temos que ensaiar muito, mas foi muito divertido. E essa música é linda.
E: Tarja você quase me envergonha com esse castelhano perfeito! De vez em quando você esquece uma palavra ou outra, mas eu queria poder falar outros idiomas, nem vamos falar de finlandês, desse jeito!
T: O que me confunde são os verbos, os passados, futuros...
E: O finlandês não tem futuro, né?
T: Tem!
E: O Marcelo que me contou uma vez que era um futuro estranho.
T: Não sei, é um idioma muito complicado. Alguém estava me falando ontem que o Finlandês é acho que o segundo idioma mais difícil do mundo, não tenho certeza se é verdade, mas-
E: Parece bem complicado porque não é parecido com nenhum outro idioma
T: Sim, não se parece com nada!
E: Não tem como pegar as raízes, nem nada. O seu disco com canções em Finlandês, você achou que era certo lançar aquilo naquele momento? Foi logo depois do Nightwish, tinha acabado de acontecer e você já tinha gravado, ficou ali no meio...
T: Sim, porque depois do Nightwish eu já tinha uma tour planejada. Dois meses depois. E essa tour me fez bem. Porque eu tinha que sair, eu tinha que cantar de novo, tinha que enfrentar o público.
E: Foi como respirar um pouco?
T: Eu chorava, e cantava, e o público também chorava, e tudo isso na Finlândia, acho que eu também tinha shows pela Europa em 2005. O disco de Natal saiu em 2006, e foi algo que eu gostei de fazer. Era algo para meu público finlandês, era especial. Eu queria fazer isso. É difícil cantar em finlandês, mas eu gosto das músicas, e as tours de natal eu faço quase todo ano. É algo meio particular, uma sensação importante para mim.
E: E como você se sente agora voltando à Finlândia? Como te recebem?
T: Me recebem bem. Mas na época eu tinha que tomar uma certa distância. Essa é a verdade. O que aconteceu com a banda... Não vou mentir, precisei me distanciar. Mas me recebem bem. Vai ter uma surpresa para meus fãs, na Finlândia, no futuro, não vou poder dizer o que vou fazer, mas é um trabalho lindo que vou fazer lá, e vão me ver mais. Isso me deixa muito feliz, porque já se passaram muitos anos.
E: Sim, e você já tem vínculos novos aqui na Argentina...
T: Sim, sim.
E: Incluindo algumas surpresas... Posso perguntar como você se sentiu no programa do Fantino [Animales Sueltos]? Foi bem diferente!
T: (risos) Só tinha visto o programa dele uma vez, não vejo muita televisão daqui, mas pra mim foi legal porque eu podia entender o que estavam falando! Porque falaram muito e eu como estrangeira estava nervosa antes de entrar no programa porque e se falam comigo e eu não entendo, o que eu faço?
E: (risos) você entende tudo!
T: Não, mas eu estava realmente nervosa! Mas me trataram bem, não tinha nada a ver com música mas para mim foi importante, foi divertido!
E: Sim, sim, porque disseram coisas que...
T: Sim, sim, mas com respeito, com respeito...
E: O colours in the dark já é o seu terceiro álbum de estúdio completo, por assim dizer, e não sei se era a direção que o mundo esperava que você seguisse. Depois do What Lies Beneath acho que talvez pensassem que você fosse seguir alguma direção diferente, estranha, mas no fim você se afirmou mais no que já tinha. Era esse o plano no início?
T: Sim. Desde o começo. Eu não consegui, no começo, não foi nada fácil para mim começar minha carreira, mas o som que tenho nesse disco, era isso que eu queria. Queria já ter isso no começo. Estou muito, muito feliz com esse cd. Sobre a produção, o processo, as músicas...
E: Foi difícil escolher um hit, não? Na hora de escolher os vídeos e tudo o mais.
T: Victim of Ritual foi a música que eu tinha em mente quando começamos a compor. Victim of Ritual foi fácil. Essa eu queria como primeiro single, falei com a gravadora e por sorte eles me entenderam, me apoiaram, o que não é comum, é uma música diferente.
E: Sim, sim, para um primeiro single, é bastante diferente.
T: Sim, mas é isso que sou. Eu sou incomum.
E: Também teve um vídeo para 500 letters, de quem todo mundo aqui na argentina deve lembrar porque foi no rio Tigre. Essa também acabou sendo um pouco o hit do álbum-
T: Sim, sim, foi um single.
E: Por que decidiam gravar no Tigre? É um lugar tão fácil de ser reconhecido para nós.
T: Fizemos o script para esse vídeo junto com o diretor alemão que veio até aqui. Ele fez Victim of Ritual também e gostei do seu trabalho, então o convidamos para vir até aqui e ele gostou da ideia de ir até o Tigre. Ele adorou Buenos Aires, queria ficar mais uns dias! Depois ele voltou por mais umas duas semanas porque gostou do país e queria ver mais. Nós filmamos por dezoito horas.
E: Caramba!
T: É sempre assim. Mas... Quando vocês podem ver que eu entro na água no rio Tigre, bem, não sou eu! (risos)
E: Eu suspeitava!
T: É uma mulher com uma peruca! Uma dublê! (risos)
E: Quando eu li a letra de 500 letters, me lembrou muito "a message in a bottle" de Police. Da onde saiu a inspiração para esse música?
T: Essa é a música mais pessoal... E acho que é a mais fácil de entender do que estou falando. Escrevi sobre alguns fãs, os fanáticos, os que já me deram alguns problemas... Como se diz isso aqui, stalkers?
E: Ah, entendo. Os perseguidores, assediadores... Teve muitos problemas desse tipo?
T: Sim... alguns homens um tanto apaixonados.
E: é compreensível.
T: (risos) não sei!
E: Vai, sem modéstia!
T: Música é emoção, e nós como artistas...Nós somos pessoas públicas, mas há quem ás vezes não consiga separar vida pública de vida pessoal. Isso é o que aconteceu várias vezes.
E: ou seja, te mandavam diretamente cartas de amor?
T: Isso não é nada.
E: Só o começo?
T: Sim...
E: Te impressiona, isso?
T: Até o ponto onde tenho que me preocupar com segurança... Por exemplo, agora tenho minha filha, estamos juntos nas tours, tenho que ter certeza de que estamos todos bem. Medo não tenho! E: Sim, isso que ia te perguntar, você não chega a ter medo?
T: Não, vou no meio do público, canto no meio deles, não tenho medo dos meus fãs.
E: Isso se intensificou quando você saiu do Nightwish?
T: Sim, nos últimos anos. Por isso essa música.
E: as cartas da música então são essas cartas de assediadores, por assim dizer?
T: Sim.
E: Já teve outros tipos de problemas assim? Te pergunto porque não faz muito tempo Floor Jansen falava da mesma coisa, e vocês tem uma boa relação, certo?
T: Sim, com ela, sim, sempre!
E: E talvez os casos fossem mais ou menos os mesmos, ela pediu que não a tocassem e...
T: Não... Para mim, não, nunca foi um problema. Eu vou no meio do público, adoro estar no meio dos meus fãs, a relação com eles para mim é muito importante. Não me incomoda em nada, nada. Depois dos shows, se tenho tempo e não tenho que cuidar da minha filha, gosto de ver meus fãs e dar autógrafos, tirar fotos, conversamos... Eu não tenho esse tipo de problema, não me sinto mal.
E: Não há nenhum preparo, não- Não seria um problema tão difícil de-
T: não, não, não. É meu público. Uma boa relação com eles é muito importante.
E: Alguma vez te fizeram alguma - você é uma mulher de enorme beleza - alguma vez te convidaram para fazer fotos para alguma revista?
T: Sim-
E: Você nunca aceitou?
T: Acho que foi no México que me pediram para a playboy uma vez.
E: Ah, sim. Mas não pergunto para uma revista erótica ou coisa do tipo, mas para uma revista qualquer, como modelo?
T: Não, desse jeito não. Me perguntam várias vezes como me sinto com essa "felicidade" já que apareço nessas listas e votam em mim e...
E: Sim, sempre na frente nas enquetes, como mulher mais bonita e..
T: Sim, mas menos mal que seja assim do que se fosse diferente. Estou feliz de receber esta atenção. óbvio que já tenho minha idade e tenho que trabalhar com minha condição física, mas...
E: Te favoreceu a maternidade ou não? nesse quesito?
T: Acredito que tenha favorecido. Hoje tem muitos fãs que me disseram... Bem, eu perdi muitos quilos. Muitos quilos, não sei se isso é pra melhor ou pra pior, mas emagreci. E tem o público que percebe tudo que eu faço, se mudo um pouco o cabelo já percebem, então me perguntaram "você está doente? O que está acontecendo?"
E: (risos).
T: É incrível! Mas me sinto bem, me sinto bem.
E: E aqui na Argentina te olham diferente? Te reconhecem nas ruas? É diferente?
T: Aqui começam a cantar pra mim! É uma vergonha (risos) não, é muito lindo o que acontece aqui. Os fãs daqui são amáveis, realmente gostam de mim, e é obvio que me reconhecem em outros lugares como na Finlândia e na Rússia, mas lá me pedem um autógrafo, uma foto, e pronto. Aqui... (risos) começam a cantar e tudo. É diferente, nesse sentido.
E: Agora você vai tocar em várias outras partes do país!
T: Sim, é lindo!
E: No Act I você tocou em Rosário, mas você foi para outros lugares?
T: Nunca!
E: Vou aproveitar e falar as datas dos shows. 16 de setembro em Rosário, 17 de Setembro em Cordoba, 19 de setembro no Gran Rex em Buenos Aires, no Vorterix dia 20. Depois dia 22 de setembro em Cipoletti, e dia 23 em Mendonza! Você está ampliando um pouco os shows para o interior, tem expectativas disso?
T: Eu sinto falta do meu público daqui. Minhas expectativas estão aí, porque sinto saudades deles, da emoção que me dá esses shows. Tenho saudades dos shows, de verdade. Estou muito feliz de poder abrir essa tour e ir até Mendonza e Cipoletti pela primeira vez.
E: É uma parte da Argentina que não se parece com Buenos Aires em muitas coisas.
T: não... Quero ver, quero ver como vai ser. Tenho dois shows na República Tcheca e depois voamos até o Brasil, começando a tour sul-americana de lá.
E: E depois direto á Buenos Aires em setembro?
T: Sim, em setembro temos Brasil, Argentina e Chile.
E: Você está muito feliz com sua carreira solista, que te dá muita satisfação, coisa que tinha gente que achava que não ia dar, mas como você se sente quando vê pessoas como Jorn Lande fazendo covers das suas músicas como I walk Alone?
T: Me deixa muito feliz!
E: Te surpreendeu? Ou ele disse que ia fazer?
T: Não, me surpreendeu! Quando saiu eu queria mandar uma mensagem agradecendo ele e mandei, dizendo que wow, o que você fez me deixou muito feliz, e o parabenizei e tudo, ele me respondeu agradecendo.
E: Você pensou em fazer alguma coisa com ele?
T: Não, não-
E: Porque eu conhecia a sua versão, e quando ouvi a dele era como um branco e preto, o contraste-
T: Sim, ficou muito lindo!
E: Pensei que talvez vocês pudessem fazer um dueto.
T: Sim, ele tem uma voz linda, e eu sempre gosto de colaborações em geral porque sempre aprendo muito com os outros. Todos nós trabalhamos de formas diferentes, e de ver coisas distintas... Sempre me surpreendo.
E: Agora, quão longe vão seus planos? Digo, agora você está promovendo o CITD e tem o dvd com Mike Terrana, mas até onde vão os planos agora? Mais dois, três, quatro anos de antecipação ou nem tanto?
T: Com esse disco, vamos fazer a tour até novembro de 2015. Daí já sei que tenho minhas tours de natal, e vão fazer dez anos da banda, então... (risos) triunfo! Vou dar uma festa! (risos) Dez anos como solista... Não sei o que vou fazer. Ano que vem também sai um álbum de Ave Maria, que contém somente versões diferentes de Ave Marias, incluindo a minha composição, então esse é puramente música clássica. E em 2016 vai sair um novo disco de rock, que já estou gravando. Já gravamos baterias, guitarras, a maior parte das músicas já está feita, e daí vem as tours de novo.
E: Que evolução você acha que teve desde o primeiro álbum até esse? Falando de você como artista, o que mudou nesse tempo? Já faz dez anos, é muito tempo.
T: Sim, é muito tempo. Mas é um tempo maravilhoso. Eu aprendi muito. Como compor, como estar livre, sem ter medo de tentar...
E: Acha que está mais em contato com seus sentimentos como artista?
T: Sim, totalmente. Tive que abrir minha mente e meu coração, ver o que tinha dentro, quem eu sou, tudo isso. Isso dentro dos dez últimos anos. Te digo, sou a mesma pessoa que antes, mas com a mente muito mais aberta. Isso é lindo.
E: Há canções inspiradas na Naomi?
T: (risos) ela já está no álbum! Não, nesse sentido não, mas eu queria poder fazer um dia um cd para crianças! Adoraria, é uma ideia que tem surgido mais agora-
E: Agora que você é mãe, e passa bastante brincando com sua filha-
T: Sim! Adoraria poder fazer um disco mais obscuro para crianças! Porque as crianças me encantam com suas loucuras. Por exemplo, vejo minha filha quando vê um monstro e fica feliz, e sabe que não vai acontecer nada, já sabe que não vai acontecer nada e me diz "ah, não importa", em Finlandês, "ei haitta". Seria muito legal.
E: Sim, seria!
T: Compor tudo, gravar com uma orquestra...
E: Tarja, muito obrigada pela entrevista, nós vamos acabar o programa com 500 letters que é uma das músicas que mais me impressiona no disco, e o que eu adoraria é poder fazer essas entrevistas por muitos anos mais, e nesse ritmo! Temos aqui uma das primeiras representantes da conectividade global, uma artistas que esteve em todas as partes do mundo e que agora está aqui como parte desde canto do mundo. Como você se sente aqui, nessa situação?
T: Me sinto muito bem. Muito bem, orgulhosa... Se tivesse me perguntado há, não sei, sete, oito anos atrás onde eu iria viver, não sei. Mas hoje estou muito feliz aqui na Argentina. Muito feliz em Buenos Aires. E muito feliz de poder estar aqui, fazer meu trabalho, e ver que me tratam como estrangeira, sim, mas como uma pessoa normal. Foi o que mais me impressionou na Argentina, que me tratam muito bem. Não me sinto mais como alguém de fora. Mas muito disso vem do idioma também, acredito que muito da cultura se abriu por causa do idioma.
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