Eu não consigo encontrar palavras para expressar o que senti quando recebi esta entrevista por e-mail. É difícil tentar explicar seus sentimentos quando uma das suas cantoras favoritas tira um tempo para responder suas humildes perguntas, pois no final do dia, você é apenas um fã que ama o metal. Mas uma coisa você sabe: todos os sacrifícios que foram feitos valeram a pena. Pessoalmente, Tarja me fez conhecer o metal na adolescência. Eu ainda lembro de, às 6 da manhã, ouvir devil e deep dark, do Nightwish, no meu percurso matinal de trem para a escola. Essas palavras ainda ressoam nos meus ouvidos (e para sempre ressoarão):
“We shall come to set the dolphins free
We shall wash the darkned bloodred sea
Our songs Will echo over the mountains and seas
The eternity Will Begin once again in peace”


Eu gostaria de encerrar essa longa e especial introdução agradecendo, do fundo do meu coração, à Eleonora Pedron, da Outlanders Produções, porque, sem ela, nada seria possível. Sem mais delongas, aqui está a entrevista. Apreciem!


Ciao: Tarja, muito obrigada por encontrar tempo para responder esta entrevista. Espero que tudo esteja bem. Antes de tudo, parabéns pela edição 2015 do The Voice of Finland.
Então, dia 11 de setembro seu primeiro álbum clássico intitulado “Ave Maria – Em Plein Air” será lançado. Você gostaria de nos falar mais a respeito da idéia por trás desse projeto?
Tarja: Ciao, obrigada, querida! Eu e minha família estamos bem. Nós estamos trabalhando com Tim Palmer, no momento, na mixagem do meu novo álbum de rock e eu estou me preparando para os próximos shows na América central. Basicamente, estou me mantendo bastante ocupada. A idéia de gravar esse álbum nasceu há alguns anos, com a ajuda e o apoio do organista Kalevi Kiviniemi, que trabalhou comigo por muito tempo. Kalevi sugeriu que eu gravasse esse tipo de álbum porque, nos meus concertos, ele sempre gostou de me ouvir cantar Ave Maria. Sempre amei cantar Ave Maria desde que comecei a fazer aulas de canto lírico. Acredito que minha voz soa melhor na música de câmara, por isso, esse é o estilo que mais tenho estudado como cantora lírica. No decorrer dos anos, sempre incluí Ave Maria’s nos meus tradicionais concertos natalinos. Então, decidi compor, há alguns anos, uma versão própria, para uma turnê posterior. Essa Ave Maria está no álbum.


Ciao: Estou ansiosa pela Ave Maria do Gounod. Mal posso esperar para ouvi-la. Pessoalmente, é uma das minhas favoritas. Tive a chance, enquanto cantava num coro de uma igreja local, de ouvi-la e cantá-la com um dos meus colegas. Ela é alta, de tirar o fôlego.
Além dessa, sei que há várias canções dedicadas à Virgem Maria. Foi difícil fazer uma seleção? Que parâmetro você precisou estabelecer para a escolha das faixas?
Tarja: Eu escolhi todas as músicas para o álbum. São necessários meses para se preparar para esse tipo de gravação. Eu precisei fazer uma pesquisa séria antes de encontrar o que queria para o álbum. Há mais de 4000 Ave Maria’s. Algumas eu conheci no processo de procura. Escolhi aquelas com as quais me senti conectada como cantora e que tornava esse álbum interessante. Eu queria escolher versões conhecidas e não conhecidas, de diferentes estilos. Também precisei da ajuda de algumas pessoas para conseguir as gravações das Ave Maria’s. Eu ouvi várias e também gravei partes que nunca tinham sido gravadas antes. Foi um processo interessante.


Ciao: Eu soube, pela imprensa, que “AveMaria – Em Plen Air” foi gravado numa igreja, The Laukeuden Risti Church, em Seinäjoki. Quais são as dificuldades logísticas quando se grava num ambiente tão peculiar?
Tarja: Nós precisamos pedir permissão para gravar ao pároco e ao vigário e aceitar as datas de reserva da igreja para mim. A igreja é bastante diferente de um Studio. Todos os músicos performam comigo, sem um público, e nós escolhemos as melhores faixas. Nada é editado e nenhum programa de Studio é utilizado, então, não se pode dizer que acontece alguma produção posterior às gravações. O que você ouve é puramente como as canções soaram na igreja durante a gravação.


Ciao: O visual sempre foi uma parte importante da sua música, como podemos ver na capa do Ave Maria – Em Plein Air. Quanto mais olho para seu figurino, mais me apaixono. Não exagero quando digo que você é, provavelmente, uma das mulheres mais elegantes e bem vestidas do metal. Eu sei que você possui um estilista, então me pergunto como seus vestidos foram criados, especialmente o que você está usando na capa...
Tarja: Toda a arte do álbum foi inspirada no estilo do arquiteto finlandês Alvar Aalto, inclusive meu vestido. Eu trabalhei as ideais do design com meu amigo Taylor Sirja. É fácil trabalhar com alguém que conhece seu estilo e medidas perfeitamente, assim como Sirja conhece os meus.


Ciao: Como seus sãs sabem, você é uma artista de várias camadas. Nós temos aprendido, ao longo dos anos, a apreciar cada faceta da sua carreira. Em 2014, você performou (eu poderia dizer triunfou) no leste da Europa com o projeto Beauty and the Breat, que envolveu a participação do baterista Mike Terrana. Rememorando, qual foi o pré-requisito para a escolha do repertório clássico e, consequentemente, para sua preparação?
Tarja: Eu conheço meu instrumento melhor que ninguém. Eu conversei com minha professora de canto a respeito do programa desses shows e, depois, decidi o que cantar. Eu sempre quero trabalhar duro com minha voz e progredir como cantora lírica. Muitas vezes considero músicas que são desafiadoras para mim.


Ciao: Se o Beauty and the Beat deve ser considerado híbrido, pois abarca tanto sua vertente no metal quanto clássica, como devemos considerar esse novo álbum na sua vasta e prolixa carreira? Como foi a mudança de abordagem do Beauty and the Beat para esse álbum clássico solo?
Tarja: Este é meu primeiro álbum puramente clássico. Isso é muito importante para mim, como artista. Ele representa minha longa bagagem na música clássica e meus conhecimentos como cantora lírica. Sou abençoada por poder ter uma carreira como cantora lírica, porque música clássica é meu primeiro amor desde que eu era criança. Tenho trabalhado para ser aceita como cantora lírica. Então, espero que este álbum ajude um pouco nesse aspecto. Ele foi produzido nos padrões mais elevados. Esse álbum não é gravado com o público, como o Beauty and the Beat. Ele também foi gravado ao vivo, mas sem uma platéia.


Ciao: Voltando a Maio: você lançou seu novo DVD ao vivo, chamado “Luna Park Ride”. Você se importa em nos dar mais detalhes a respeito do seu gênesis? Acrescido a isso, quando você percebeu que tinha todo esse material não-lançado nos seus arquivos?
Tarja: Eu amei meu show em Luna Park, Buenos Aires. É um lugar em que bandas importantes como Scorpions, Alice in Chains, Roxette, Tears for Fears, entre outros, se apresentaram. Eu tive a chance de me apresentar lá e foi muito prazeroso. O show mostrou o amor e a aceitação da minha arte por parte do público argentino. A idéia de pedir aos fãs para enviar vídeos e fotos do show nasceu depois dessa tour. Pensei que seria uma boa idéia fazer esse tipo de produção com meus fãs, incluí-los em meu trabalho. Não pensei, antecipadamente, em filmar ou gravar esse show. Não preparei nenhum material bônus para isso. Eu precisava pensar em algo! Por isso, entrei em contato com os produtores que vem trabalhando comigo ao longo dos anos e que possuíam algumas gravações. Felizmente, todos aceitaram me ajudar.


Ciao: Ano passado, você foi jurada no The Voice of Finland. Você está oficialmente confirmada para a próxima temporada. Não há dúvidas de que foi uma experiência positiva. Em retrospecto, como você se sentiu ao sentar naquela cadeira e, consequentemente, agir como mentora de talentos musicais promissores? Ainda lembro da sua expressão durante a primeira apresentação de Paolo Ribaldini. Você estava de queixo caído. (risos)
Tarja: Fazer parte do programa foi uma das melhores experiências da minha vida. Usar meus conhecimentos e experiência no que mais amo: música, foi uma oportunidade fantástica e desafiadora. Amei ajudar e, acima de tudo, amei que minha ajuda tenha sido útil. Estou feliz por estar na próxima edição. No início do programa, eu estava bastante nervosa em relação ao que aconteceria, mas depois consegui relaxar um pouco e aproveitar.


Ciao: Além disso, como era a atmosfera entre os outros jurados (Olli Lindholm, Reframa and Michael Monroe)? Vocês eram unidos ou havia algum tipo de briga acontecendo?
Tarja: Nenhuma briga, longe disso. A atmosfera era ótima, bastante positiva, inclusive nos bastidores; não apenas entre os jurados, mas também entre a produção. Eles são muito gentis e eu amei conhecê-los e trabalhar com eles. Há respeito mútuo. Claro, brincávamos bastante e fazíamos coisas bobas quando estávamos perante as câmeras, mas isso faz parte.


Ciao: Eu amei como você e Miia Kosunen cantaram Never Enough. Há alguma chance dessa versão ser lançada futuramente?
Tarja: Oh, eu realmente não pensei nisso. Talvez você tenha me dado uma idéia...


Ciao: Por último, mas não menos importante, você tem alguma novidade sobre algum outro projeto, como o Outlanders, para compartilhar?
Tarja: Terminarei de escrever a última música para o Outlanders amanhã :) e gravarei no dia seguinte com Torsten :). Outlanders será um álbum repleto de beleza, com músicas relaxantes e surpreendentes. Estou feliz por conseguir finalizar esse projeto em breve. Não que estejamos apressando a produção, mas é bom seguir em frente, finalmente. Ainda não temos maiores informações a respeito do lançamento, mas na hora certa, você saberá.


Ciao: Então, Tarja, é hora das suas palavras finais. Eu realmente quero agradecer pelo seu tempo. Por favor, sinta-se livre para cumprimentar os leitores e seus fãs. Obrigada, novamente. Muito amor da Itália.
Tarja: Eu quero agradecer a você pelo amor e pelo apoio. Tem sido uma jornada maravilhosa, então sou grata e me sinto honrada por você ter explorado tudo isso. Espero voltar à Itália em breve, com meus shows. Amo todos vocês!