E: Como está, Tarja? Tudo bem?
T: Tudo bem, obrigada! Cansada, cansada...
E: Eu imaginei, quando vi a quantidade de shows que tinha em Outubro imaginei que estaria cansada...
T: Sim, estou cansada, mas... Comecei a tour um pouco doente, e isso me deixou mal. Mas já estou melhor, graças a deus. São muitas datas, mas estou feliz, muito feliz.
E: E quando você tem uma tour como essa, tem algum preparo especial?
T: Sim, tenho que trabalhar muito a minha voz, tenho que treinar muito. Fisicamente também tenho que treinar, senão morro durante os shows (risos). São concertos de quase duas horas onde eu fico saltando o tempo todo e cantando ao mesmo tempo, não é fácil. Além disso, as viagens e tudo te cansam muito. Te matam.
E: E o pós-show, como é?
T: Depois do show muito líquido, muito descanso, muito repouso, não posso falar muito... Tranquila.
E: Que ninguém te incomode, que ninguém entre no camarim...
T: (Risos), não, não, tem chave, então ninguém entra!
E: Você teve vários shows com uma banda completamente local, de músicos Argentinos e-
T: Sim, e há um guitarrista alemão.
E: Por que decidiu fazer uma banda com tantos músicos locais? Geralmente é mista, pelo menos o último show aqui no Vorterix era uma banda mista.
T: Sim! É diferente agora, mas foi algo muito natural para mim escolher estes músicos, porque faz muitos anos que estou trabalhando com eles, e os conheço faz muito tempo, particularmente o guitarrista Julián Barrett, que trabalhou comigo em várias das minhas produções. E todos esses músicos que levo comigo agora trabalharam comigo em meu próximo álbum, o de rock que vai sair ano que vem, junto com vários outros músicos. Mas desde o começo da minha carreira solo estou trabalhando com distintos músicos, que são todos autônomos, de primeiro nível, digamos. Os argentinos, os amo muito, estou me divertindo muito!
E: E ao trabalhar com músicos que mudam tanto, tem que voltar e explicar tudo de novo toda vez ou já há alguém que se encarrega disso e você chega quando está tudo ensaiado?
T: Não, eu sou a produtora. Eu produzo meus álbuns, então tenho que estar em cima e quero estar em cima em tudo, senão não me sinto bem. É a minha arte, minhas canções, é tudo... Tudo sobre o que tenho aqui. Na cabeça, na minha alma. Então com quem tenho confiança, estou falando dos músicos, com quem tenho confiança posso continuar trabalhando. E nestes músicos, eu tenho. Muita.
E: E que parte eles tiveram na composição do novo álbum?
T: Com a composição, nem tanto. Às vezes sim, com o Julián, escrevi algumas músicas também, mas ele faz mais que nada os arranjos para as guitarras. Com as composições não estou trabalhando tanto com os músicos, mas com outros compositores de diferentes países, e estou compondo muito mais sozinha hoje.
E: Você compõe com o piano, com a guitarra...?
T: Sim, com o piano, meu instrumento é o piano. E sempre me saí a música primeiro, depois as letras.
E: E quando você compõe? Porque você tem família, filha pequena, tours, marido...
T: (risos)
E: E tem que cuidar da sua casa também, imagino...
T: Sim! E eu adoro arrumar tudo, ser a dona de casa, adoro essa parte da minha vida porque essa parte livre, digamos, estar em casa, estar em meu lar é particular, já que quase oito meses do ano estou fora. É muito. Mas eu nunca consigo compor durante as tours, é impossível, não tenho a energia ou o tempo. Tenho que ter um lugar tranquilo, a mente livre, sem stress. Se estou, digamos, já tenho as músicas para o próximo disco prontas, mas se penso por exemplo "quero compor para um projeto que vem em 2018" eu pego um dia para fazer só isso. Se saem bem ou mal, ok, mas sigo. Tenho que reservar semanas para isso, pra compor, senão não vou ter tempo nunca.
E: você acha que é mais difícil compor no seu gênero musical do que em outros?
T: Não sei. É o que eu faço, não posso dizer se seria mais difícil. Estou compondo também para música clássica, fazendo arranjos e composições, compus, por exemplo, uma Ave Maria para meu disco que saiu há pouco, mas eu gostaria de compor, por exemplo, para uma trilha sonora, me encantaria. Me convidaram já algumas vezes, mas não terminaram.
E: Por exemplo, para um filme do James Bond, gostaria?
T: Claro! Nessa tour estamos tocando um cover de James Bond, Goldfinger. Adoro.
E: E nunca te pediram, por exemplo, na Europa, pra participar em músicas de outros gêneros? De algo mais próximo ao pop, mais próximo... Não tão metal.
T: Hmm, não. Tenho colaborações feitas, por exemplo, com Scorpions, com bandas assim, mas pop não. Me chamaram para um projeto mais eletrônico, algo que já tenho, chamado Outlanders que vai sair no ano de dois mil e alguma coisa (risos), mas já está encaminhado, é totalmente eletrônico e estou usando minha voz como um instrumento, não como solista como sempre me escutam, é bem interessante, bem chill out. Relaxado.
E: Toda vez que vemos alguma entrevista sua notamos que você é bem relaxa e tem muito bom humor, sente que estar agora com uma data junto ao Asspera te ajuda a mostrar esse lado mais divertido seu?
T: Ah, o humor! O humor com esses meninos, deus! Nos divertimos muito, estamos rindo muito, particularmente depois dos shows, nas vans que nos levam até os hotéis, me matam! Estou muito feliz com os meninos, e a banda soa muito bem! Bem pesada agora, me deixa feliz. Mas sim, me ajuda. Em geral, minha vida aqui na Argentina me ajudou muito a relaxar e a abrir minha mente, porque eu venho de uma cultura muito mais fria, já sabem que a Finlândia é um país pequeno, mas as pessoas nem se falam, os homens nem beijam, então... (risos). Então me ajudou muito, realmente.
E: Me chamou atenção algo que vi na sua página, você permite que seus fãs levem suas câmeras fotográficas.
T: Sim, sim, por que não?
E: É diferente!
T: Mas levam de qualquer jeito! Dá na mesma, vão tirar fotos de qualquer jeito.
E: Hoje há muitas bandas que proíbem.
T: Não, mas não faz sentido! Já faz muitos anos que faço isso porque... Você chega em casa depois de um show e já tem tudo na internet! Dá pra ficar [vendo e] "como foi hoje? Ai, como cantei mal hoje" (risos). Mas é assim, tem que permitir, se vê que tem câmeras gigantes até da produção... Dá na mesma. Podem vir. Não me importa mais, até porque se algum dia faço um material ao vivo vou ter a minha produção e não ir atrás do que já passou e... Não me importa tanto. E para mim também é muito divertido ver o que aconteceu nas noites, aprendo muito vendo os vídeos que os fãs gravaram.
E: E no que você repara?
T: Ah, o que eu fiz, "ah, isso temos que mudar, esse arranjo não soou bem. Ah, tenho que dizer para quem faz a mixagem colocar mais os vocais aqui ou lá, ou as guitarras mais pra cá ou pra lá", essas coisas.
E: Com razão as deixa entrar!
T: (risos) Sim!
E: Filmem tudo!
T: (Risos) Em geral os vídeos são horríveis e não tem bom som, mas sim.
E: Mas os usa como apoio e-
T: E tenho, por exemplo, um projeto que já saiu, chama Luna Park Ride, do meu show no Luna Park, e meus fãs filmaram tudo. Eles gravaram tudo, e já saiu em dvd, ao vivo. Então foi algo um pouco mais original com os fãs, foi lindo.
E: E arriscado, não? Porque não sabe que tipo de material vai receber.
T: E recebi muitíssimo material, muitíssimo!
E: Algo de bom? Ou foi difícil chegar à edição final?
T: (risos) levou um tempo! Havia de tudo, bom material, boa qualidade, má qualidade, tudo. Mas se assiste ao dvd, sente a emoção das pessoas. Realmente sente, você vê as câmeras saltando ou qualquer loucura, e sente-se quase como se estivesse no meio do público.
E: Claro. Vamos ao que importa, como você se sente sobre os últimos jogos do San Lorenzo?
T: Aaaaah. San lorenzo. Ganhamos. Ganhamos, ganhamos, ganhamos (risos).
E: Mas o técnico vai sair...
T: É difícil... Fizemos o que pudemos, dessa vez, na libertadores... Não lembro onde estava, mas passei a noite acordada vendo o jogo.
E: Lembro que nos falamos aquele dia, estava longe, em algum outro país. Acho que na Europa.
T: Sim, sim, não me lembro-
E: Mas vai sentir falta desses jogos, certamente.
T: Certamente (risos).
E: Você tem uma tour agora pela Argentina e depois termina no Malvinas. Vai continuar o que veio fazendo ou haverá algo novo?
T: Há várias surpresas que estamos preparando para o Malvinas, vai ser uma festa total já que é o último show - Para mim, pessoalmente, é o último show da tour - mas para o público, estamos preparando surpresas e estamos planejando festejar muito! Se quer se divertir, tem que vir. É o lugar para estar nesta noite!