Tarja Soile Sussana Turunen, nome completo da vocalista que agora lança seu debut completo, "My Winter Storm", e que foi durante muito tempo vocalista da banda Nightwish. Agora suas composições se centram em um toque mais orquestrado, mais orientado as trilhas sonoras com temas de rock com elementos heavy. Tarja esteve em Madri para a promoção do álbum e não teve embargos para falar de sua saída do grupo, como se sentiu, como se sente depois de 2 anos e, é claro, com preparou o novo disco e seus planos, além de falarmos de seus começos musicais, estudos, etc...

Vamos voltar ao começo de sua carreira quando você começou a estudar música.

- Eu tinha 6 anos quando meus pais viram que tinha gosto pela música e estava cantando em todos os lugares. Inclusive fiz meu primeiro "concerto" quando tinha 3 anos quando me puseram pra cantar, mas não lembro onde. Aos 6 anos comecei a ter aulas de piano e desde então comecei a aprender e pra ticar com a música clássica.

Quando tinha 9 ou 10 anos, comecei a estudar história e teoria musical e durante toda essa etapa, meus pais me levavam à cidade 5 dias por semana para continuar meus estudos musicais depois do colégio. Fiz todo tipo de aula desde coros, banjo(?), flauta, piano, estava todo o tempo metida com isso como se a música fosse minha vida. (Risos)

Depois, com 15 anos, me tornei independente e entrei na Escola de Música. Pude fazer isso já que nos anos anteriores durante o verão trabalhava para custear meus estudos e não estava tão longe de casa, de modo que poderia ver meus pais umas 2 vezes por semana.

Ai foi quando, ao ser a primeira vez que não estava vivendo em minha casa, que me dei conta que se queria ir mais longe na música teria que ser em uma Universidade ou Instituto Musical que não tinha onde vivíamos.

Tendo esses estudos musicais, por que decidiu estudar canto?

- No principio tudo era clássico e em minha adolescência fiz muitas coisas com coros de igreja. O certo é que naquela época, me interessava muito esse estilo de música religiosa. Posteriormente chegou o momento em que, com a formação vocal que eu tinha, comecei a cantar muitos estilos e em muitas bandas e grupos da escola e locais, Funky, Rock, Soul.... Um dia, de repente, minha voz havia desaparecido, não podia cantar nada e pensei "Qual podia ter sido o problema, o que estava fazendo mal?". Então, foi quando comecei a pensar em aprender canto clássico e técnica vocal.

Pra você, é mais complicado cantar metal ou clássico? Você precisou de alguma técnica para desenvolver sua voz?

- Nos discos do nightwish e em meu novo disco solo há diferença do resto das cantoras "normais" devido às técnicas que uso, já que em todo momento uso canto lírico e suas técnicas que venho estudando por anos. Desse modo posso cantar por várias horas seguidas sem cansar minha voz, é diferente de outras cantoras que só podem fazer isso por um certo tempo até que percebem que estão fadigadas. Esse tempo, obviamente, depende de cada pessoa. Há bastante diferença em usar técnica vocal e simplesmente "tirar de garganta".

Eu continuo estudando canto e tendo aulas e ainda tenho um professor de voz em Buenos Aires ao qual peço ajuda sempre que estou lá. Para mim é muito importante. A música clássica me encanta, mas não é tudo o que eu quero fazer dentro da música.

Nightwish chegou em minha vida quando eu tinha 19 anos. Tinha acabado de entrar na Universidade, havia apenas 6 meses e nesse tempo minha voz mudou radicalmente. Até então eu só havia cantado com minha voz normal e foi na Universidade que comecei a aprender as técnicas clássicas e minha voz mudou completamente. Foi uma surpresa para Tuomas e Emppu que tinham um projeto acústico quando me perguntaram se poderia gravar para sua primeira demo e quando cheguei ao estúdio comecei a cantar de forma lírica. Eles de repente disseram "O que é isso?" "nunca tinha cantado assim antes". Eu era a garota que sempre andava cantando por ai e me conheciam disso.

A verdade é que nenhum de nós nos conhecíamos muito bem, só de ter coincidido em algumas classes no colégio, mas sabiam que eu cantava e por isso me pediram ajuda para essa demo, que não era Heavy Metal, mas um acústico. Então disse que iria ao estúdio tentar.

Você se surpreendeu com o êxito que o nightwish teve com você chegando ao mais alto e melhor momento. Já se passaram dois anos de sua saída da banda, se sentiu mal da forma que tiveram que dizer que estava fora do grupo te dando uma carta?

- Claro, me senti muito mal e ainda me sinto com esse assunto. Desejaria que não tivesse sido assim e que tivessem falado comigo, mas isso não aconteceu e foi decisão deles o modo que o fizeram. Não tive nenhuma oportunidade de tentar algo diferente. De repente me puseram entre dois mundos e ainda me sinto mal e foi muito triste o que aconteceu. Quando olho pra trás e penso nos anos da carreira do nightwish me parece assombroso, igualmente com a música, sempre tão bela e tão potente. Como algo realmente mágico. Era algo que funcionava e nunca tive dúvida da direção musical do grupo. É isso que prefiro guardar de recordação no coração. Não importa o que aconteceu depois, todo aqueles anos foram algo maravilhoso.

Por isso em meu disco quero levar algo disso, não é um disco de metal, mas tem alguns temas mais pesados, inclusive extremamente pesados, Mas não é todo assim, nem todo fora do metal. Ocorre como com minha voz, nem sempre canto como uma cantora de heavy, nem sempre canto de modo lírico. Quero que o disco esteja entre essas duas coisas.

Conhece tua substituta Anette Olzon?

- Eu ouvi 2 canções no rádio quando estive na Finlândia, uma delas era "Amaranth". Eu não deveria ser quem pode te dar uma opinião.

Acredita que tenha sido difícil encontrar alguém que ocupasse seu posto?

- Realmente a desejo o melhor em sua nova carreira musical igualmente ao resto dos músicos do grupo. Eles lançaram um novo disco e muita gente pergunta minha opinião sobre o disco ou Anette, e acho, sinceramente, que não sou a pessoa certa para expressar uma opinião pública. Não vejo o motivo para fazer isso.

O que você tem aprendido nesse tempo?

- Muitas coisas. O metal chegou em minha vida com o nightwish. Eu antes não escutava nada de metal e desde então comecei a me interessar através de outras bandas. Me pareceu surpreendente da maneira que antes eu não conhecia nada disso e depois de ter estado no grupo durante 9 anos, cantando, fazendo turnê e estando em todos os lugares do mundo com a banda, ponde minha cara, minha paixão e minha voz no grupo, já estava tão metido em minha vida que mesmo tendo passado dois anos, as vezes parece que tudo ainda permanece alí.

Aprendi tantas coisas com essa música e com os fans que também cresci como mulher. Eu tinha 19 anos e agora tenho 30.

Em seu debut você gravou uma versão de "Poison" do Alice Cooper. Por quê?

- Me pareceu algo divertido. Conheço a música de Alice Cooper e escutei muito bandas como Whitesnake e outras de seu estilo, Guns n' Roses..... Mas concretamente "Poison" de Alice Cooper me lembra que estava em uma viagem com meu carro pela Finlândia por uns 400 km, e cheguei a escutá-la pelo menos umas 5 vezes em uma emissora durante o percurso. Então pensei: "Tocaram esse clássico umas 5 vezes em tão pouco tempo em uma emissora de rock, como soaria se eu fizesse uma versão? Alguma mulher já fez uma versão disso?" Quando cheguei em casa, procurei na internet e vi que havia um grupo de garotas que haviam feito. Não lembro o nome, mas fizeram bem. Apesar disso, continuei pensando e tinha uma visão bastante clara de como me afastar do som de anos 80 e de como fazer para que se encaixasse no resto do disco já que é uma tema bastante diferente. Acho que realmente funcionou bem, foi muito divertido.

O que se estima muito em seu debut é que te interessa muito as trilhas sonoras? Por que essa mudança?

- Durante muitos anos eu tenho sido fan das músicas de filmes e tenho uma grande coleção em casa. Eu as escuto quando preciso relaxar e inclusive dormir. Um outro aspecto importante é que também gosto de filmes e vou muito ao cinema e sempre me perguntava: "Qual é o segredo desses compositores para fazer com que cada instrumento soe tão majestoso? Como é possível que cada instrumento tenha tanto espaço?" procurei me minha coleção e me sei conta que sempre apareciam as mesmas pessoas por trás dessas trilhas sonoras, então eu disse a minha gravadora, Universal, se havia alguma possibilidade de trabalhas com alguns deles em meu disco. Hans Zimmer me prometeu a possibilidade de viajar até seu estúdio e trabalhar com sua equipe e mixar o disco em Los Angeles. Trabalhar com eles foi fantástico!

Para a gravação do disco você contou com alguns músicos, no entanto ao vivo são outros. Por quê?

- O guitarrista (Alex Scholpp) e o baixista (Doug Wimbish) são os mesmos que gravaram o disco, o baterista já tinha um compromisso de turnê com outra banda. Conversamos na Irlanda e ele disse que gostaria de ir para a turnê, mas que dessa vez era impossível. Conheço Mike Terrana há vários anos e cada vez que nos víamos sempre perguntava se coincidia fazer algo.

Terá tempo entre Axel Rudi Pell, Masterplan, Empire, sua gravações......

- (Risos). é verdade que está em muitas bandas, mas é um excelente músicos e tem um grande caráter. Sempre me dizia que se alguma vez precisasse de uma baterista, não importava para que tipo de música poderia contar com ele. Agora surgiu a oportunidade e estou muito contente.

Como vai estruturar os concertos, a nível das canções?

- Esse disco não será fácil de reproduzir ao vivo, então teremos que fazer alguns arranjos entre os membros do grupo. Precisamos encontrar um momento em que possamos nos reunir e ver o que mudamos, o que manteremos e começar a ensaiar. A banda mais ou menos está estruturada com Mike na bateria, Alex na guitarra, Doug no baixo e há uma garota, Maria que é da Finlândia e já tocamos juntas antes e ele se encarregará do teclado.

Quanto as canções, tocaremos a maioria  dos temas do disco e também faremos algumas do nightwish. Talvez também incluiremos alguma que tenha preparado para projetos paralelos.

O que espera conseguir com esse disco?

- Uff, não sei. Não sei o que pode acontecer e tão pouco gostaria de saber. Estou no começo de algo novo e vou dando pequenos passos. Preciso ver o que acontece comigo e com minha música. Ver se as pessoas recebem bem minhas canções, que é algo muito diferente e também muito parecidas ao anterior. Talvez possa levar as pessoas algum tempo para captar o que as canções levam nelas já que no fundo está baseada em emoções. Gostaria muito de voltar a Espanha para tocá-las ao vivo, mas não acho que possa ser esse ano, seguramente vai ser em algum momento da tour mundial em Março ou Abril.

Muito obrigado, parabéns por sua carreira e sorte em sua nova etapa.

- Obrigada a vocês.

Fonte: Metal Symphony