Diario Popular:

Tarja Turunen: “Aprendi muito com as letras de Cerati”

A finlandesa se apresenta no próximo sábado no Estadio Malvinas com o Asspera, no fechamento da turnê “Colours in the Road”. Antes da apresentação, ela recebeu ao Diario Popular em sua casa na capital para falar de tudo: de futebol ao metal, passando pela inspiração do ex Soda. Tudo nestas linhas.

 Dizer que o show de 14 de novembro da finlandesa Tarja Turunen no Estadio Malvinas é um espetáculo internacional é – logicamente – o correto. Mas, a esta altura da vida, a ex-vocalista do Nightwish e uma das precursoras das frontwoman do metal gótico e sinfônico é mais uma argentina.

Ela está instalada nestas terras há anos, longe da fria Finlândia; tem um marido e uma filha nascidos aqui; viveu em Boedo, é torcedora do San Lorenzo, e agora – nos poucos momentos em que não está viajando – tem seu lar na capital, faz comentários sobre gírias argentinas, e no fechamento de sua turnê mundial “Colours in the Road,” se envolveu completamente com músicos daqui.

 

“Estou cada vez mais argentina (risos). É ótimo poder trabalhar com os membros do Asspera,” contou, com o melhor dos humores, na sala de estar do edifício onde vive com a família na capital. Tarja ama a Argentina tanto quanto ou mais que alguns de nós. Ela se emociona com tudo o que tem a ver com estas terras. E, claro, neste revolver de sentimentos aparece a música. A finlandesa, que possui a extensão vocal de soprano lírico, admira aos talentos destes lados. Acima de tudo, a dois grandes músicas que deram um sopro de arte a nossas terras nas últimas décadas, e continuarão a soprar para sempre: Charly García e, em especial para a ex-Nightwish, Gustavo Cerati; ao que inclusive em seu Gran Rex fez uma homenagem mais que emocionada. “Aprendi muito com as letras de Cerati, são fascinantes,” expressou Tarja, comovida.

Às vésperas do fechamento da turnê mundial da “Colours in the Road” no Estadio Malvinas, Diario Popular passou uma tarde com Tarja em sua casa para falar sobre tudo. Aqui o vídeo do bate-papo.

Logo, continuamos a nota com a cantora finlandesa Tarja, e chegou a vez de falar da música que ouve quando está tranquila em suas casas, os artistas argentinos que a comovem, como os músicos de que gosta destes lado contribuíram para ela, seu primeiro álbum clássico como solista, e algumas recomendações para que decidam seguir o caminho de músico.

O que você geralmente ouve?

Ai! De cá, gosto muito de Soda Stereo, Cerati (apesar de que Tarja o pronuncia com um tom especial e como se escrevesse “Cherati”). E Charly García também. Depois gosto muito de Muse, Peter Gabriel, ou Génesis, apesar de que mais o Peter em carreira solo. Avenged Sevenfold no metal, ouço mais metal dos Estados Unidos do que da Europa. Também In Flames, a única banda que mais ouço da Europa (banda sueca de death metal melódico).

E da música argentina, o que te comove?

Não estou muito atualizada, porque acontece que gosto de música velha. A coleção que meu marido (Marcelo Cabuli) tem em casa é toda de música velha, e acho fascinante. Dos lados de cá, gosto do Rata Blanca, até dividimos o palco no Luna Park. Mas aprendi muito com as letras de Cerati, como escreveu suas canções. É muito parecido para mim de alguma forma com Charly García.

Por quê?

Usam palavras e frases muito fáceis de entender, mas não são tão diretas. Como dizer…? Não são tão burros (risos)… Você pode pensar em muitas coisas quando ouve as músicas.

Poesias com metáforas…

Claro, são metáforas, isso mesmo. É muito poético, são letras mais abertas. Em finlandês é muito difícil escrever letras boas sem parecer bobo (risos). Em especial, gosto de García e de Cerati.

E você inclusive fez uma mini homenagem a Gustavo no último Gran Rex…

Sim, amo as letras dele. Admiro muito o Cerati, por suas canções e suas melodias. Tudo faz com que sejam músicas perfeitas.

 SEU PRIMEIRO DISCO CLÁSSICO COMO SOLISTA

Além do metal, você segue trabalhando com vigor na música clássica. Em setembro saiu o seu primeiro álbum clássico como solista: Ave Maria – En Plein Air, que foi gravado na igreja de Lakeuden Risti em Seinäjoki, Finlândia…

Uma experiência linda. Estou muito feliz por poder finalmente lançar um álbum assim, porque a música clássica foi o meu primeiro amor. E trabalhei muito, ainda estou trabalhando muito no gênero. Realmente tenho uma carreira além do rock com a música clássica. Este álbum é muito importante para a minha vida.

Pensar que hoje há muitos metaleiros que escutam música clássica ou muitos amantes da música clássica que foram ao metal pela sua voz…

Já aconteceu muito. Escutei muitas histórias de fãs meus que me ouviram cantar rock e começar a investigar de onde vem esta voz. Oh, e muitos que me seguem no metal, agora me seguem em concertos de música clássica. Ou ao contrário, totalmente.

E o que recomenda aos músicos que escolheram este caminho?

Continuar sonhando e trabalhando muito. É muito importante encontrar gente boa com quem fazer sua arte. Só se pode fazer muito, mas não dá pra continuar se não tiver alguém de confiança. Isso é indispensável para a música. E treinar muito com o instrumento.

TARJA RESPONDE: San Lorenzo, churrasco e futebol, Argentina, a música e ser uma referência para as mulheres cantoras…

DADOS

Tarja Turunen se apresenta no sábado dia 14 de novembro no Estadio Malvinas junto com o Asspera para o fechamento da turnê mundial “Colours in the Road”. Será um show duplo, já que tanto a finlandesa quanto a banda argentina farão cada um o seu próprio show.

A banda de Tarja é formada por...

Julian Barrett na guitarra.

Alex Scholpp na guitarra (o alemão é o único estrangeiro).
Pit Barrett no baixo.

 Nicolás Polo na bateria.

Guillermo de Medio nos teclados.