Bem-vindos à antessala do "The Shadow Self"

Enquanto estamos na doce espera do quarto álbum de estúdio de uma das cantoras de heavy/rock mais importantes, vamos saciar um pouco a sede com uma prequel do mesmo: "The Brightest Void".
Tarja é uma cantora muito extrovertida que gosta de produzir coisas novas e compartilhá-las com todos os seus fãs, e é por isso que nos traz essa surpresa. Este material, com cerca de 50 minutos de duração, não só é um adiantamento do The Shadow Self, mas também é um álbum completo que inclui 9 faixas no total: 6 novas canções, 2 covers e um novo remix de Paradise (What About Us?), colaboração ela fez em 2013 com o Within Temptation.
"The Brightest Void " será lançado no dia 3 de junho deste ano, através da earMUSIC e em três formatos diferentes: 1 CD DIGIPACK, 1 LP + download de código e também em formato digital. Esta prequel inclui colaborações com Michael Monroe, conhecida estrela do rock finlandês, e o baterista do Red Hot Chili Peppers, Chad Smith; também podemos apreciar temas incríveis como um cover do clássico House of Wax de Paul McCartney, e uma nova versão do hit Goldfinger, de Shirley Bassey, tema principal de um dos filmes de James Bond.
Sem mais delongas, convido-os a continuar a ler a crítica sobre " The Brightest Void”.

NO BITTER END
O novo álbum prequel de Tarja começa com esse single promocional.
Nas últimas datas da turnê anterior, Colours In The Road, a finlandesa optou por adicionar aos seus setlists duas surpresas: Goldfinger mencionado anteriormente e esta canção. Então, vamos começar a destrinchar No Bitter End. É uma música muito cativante, como qualquer bom single. Nesta canção, Turunen explora novos sons, talvez algo mais "pop", mas, ao mesmo tempo, com muitos bons arranjos. Não exibe muito de sua voz; apenas nas notas de refrão que ela é mais nítida e canta um pouco na escala. Não conseguimos parar de cantá-la.

GOLDFINGER
Originalmente trilha sonora do terceiro filme da série James Bond, lançado em 1964 e realizado pela cantora galesa Shirley Bassey. A canção original tem o som típico dos anos 60, com o uso extensivo de trombetas e um bom balanço. Mas a versão de Tarja traz uma nova forma de ouvir este clássico. O arranjo orquestral é muito completo e combinado com um som mais de rock. Tarja usa sua voz aguda e grave. Há uma grande destreza vocal no último minuto da música.

HEAVEN AND HELL
A participação de Michael Monroe dá um toque mais glam/punk ao tema. Na verdade, poderíamos dizer que não é uma canção típica da Tarja. Tem um ritmo muito rápido, e ambos os cantores se adaptam a essa velocidade muito facilmente; um dueto harmonioso, mas cheio de contrastes. Eu amei desde o som da gaita até o som dos pesados riffs das guitarras, e também o fato de que Tarja fez sons muito "ambientais" com sua voz enquanto se ouve a harmônica ao fundo. Esta canção atravessa diferentes cenários: passa de uma tranquilidade absoluta a uma loucura incontrolável de guitarras, gaitas, bateria, vocais e outros componentes.

EAGLE EYE
Definitivamente a minha favorita de todo o material. O som é pop/rock, mas com coros surpreendentes. Toni Turunen participa como uma das vozes masculinas. Nota-se grande habilidade pelos irmãos Turunen. A voz dele é muito suave e harmoniosa; tão melancólica que a partir dos 3 minutos, te faz partir o coração. Acredito que vá se tornar uma peça obrigatória em seus concertos e que certamente fará muitos chorarem. Chad Smith contribuiu com a sua parte na bateria desta canção, embora, para ser franco, eu desejasse que o seu talento fosse explorado de outra forma. Novamente, volto a frisar a bela produção desta canção.

Over the land that we have seen
where the wind swept our hearts clean.
When we have burnt so deep within
rest the ashes then begin…
Eagle eye!

AN EMPTY DREAM
Não há muito mais a dizer sobre o que já foi dito sobre essa música. Esta canção fez parte da trilha sonora do filme argentino Dead Heart. “Creepy” do início ao fim, e a voz de Tarja soa muito dramática, com vários sons e arranjos ambientais eletrônicos. O piano desempenha um papel importante e soa muito bonito. Para colecionadores, vale a pena ter uma cópia desta prequel.

All I wish to reach your heart
Life is just an empty dream
We will never be apart
Take me home forever

WITCH HUNT

Já ouvimos esta canção na turnê de música clássica que Tarja realiza quase todos os anos na Europa.

Os arranjos orquestrais são semelhantes e, às vezes, faz-me lembrar aqueles que ouvimos em Deliverance, só que desta vez também foram acrescentados alguns sons ao estilo de Schiller. Não mais do que isso. Pessoalmente, não é minha favorita do disco. Creio que gosto mais do drama que é criado quando a apresenta ao vivo em seus concertos de música clássica, mas eu sei que é uma música esperada por muitos de seus fãs, e com certeza muitos vão recebê-la de braços abertos. Digamos que Witch Hunt é estranha. Seu som é estranho. Você tem que ouvi-la várias vezes para descobrir cada um dos seus tons.
Que a caça comece!

SHAMELESS
A boa e velha música hardrock. Faz-me lembrar o som do Whitesnake e Scorpions na época de seus últimos trabalhos. Tarja começa a usar sua voz em tons mais altos, criando algumas elevações muito boas. Mais uma vez aparece uma voz masculina no fundo, mas desta vez com um registro muito mais grave, que termina a canção com um jogo de guturais. Uma escolha muito boa para "rockear" nos próximos shows por ter muitos riffs cativantes de guitarras. Ao fundo se ouvem sons de guitarras semelhantes aos de Never Enough, canção de seu álbum anterior "Colours In The Dark".

HOUSE OF WAX
É um cover de Mr. Paul McCartney. A introdução ao piano não tem qualquer mudança e é exatamente o mesmo que encontra-se na canção original. Este cover em particular me fascinou muito. Tarja volta a mostrar o seu lado mais sério usando, em diversas ocasiões, a voz de peito, que já ouvimos quando gravou o cover de Peter Gabriel, Darkness.
Algo que eu gosto muito na Tarja e, especialmente nesta canção, está na definição dos arranjos que ela faz com a sua voz, que soam muito profundos, parecendo um eco.
Talvez não haja muitas diferenças da canção original, mas a finlandesa sempre consegue deixar a sua própria marca nos covers que faz. A voz de Tarja em si é muito particular e já, a partir desse ponto, vemos a grande mudança nos temas: a contribuição do dramatismo e modéstia.

PARADISE (What About Us?)

Eu não vou mentir. Neste "novo mix", só se escuta mais claramente a voz de Tarja e os instrumentos parecem estar, de alguma forma, mais opacos. Em outras palavras, é como se Within Temptation tivesse cooperado com a Tarja e não o inverso, como foi, na realidade.
É possível desfrutar uma melhor qualidade e volume nas vozes de Tarja e Sharon den Adel. A voz desta última brilha de doçura e a de Turunen se ouve imponente e dramática, como de costume. Eu também senti que o "solo a dois" que ambas realizam, por assim dizer, é um pouco maior e mais definido, de modo que quando se ouve esta nova versão da canção, muito mais tranquila, em um dado momento você topa com este solo que, basicamente, faz teus pelos arrepiarem.
Só mais uma coisa, nas últimas estrofes, onde na versão original Sharon é ouvida como a voz principal e Tarja está no segundo plano. Na nova versão, vemos os papéis foram invertidos.
Esperamos que Tarja possa adicionar essa música em shows de sua turnê, pois é uma música muito boa para ser tocada ao vivo.


Para fechar a ideia:

Tarja Turunen retorna para surpreender os seus seguidores e também os que não são, com uma nova forma de ouvi-la.
Não se trata de "My Winter Storm"; também não é "What Lies Beneath"; podemos dizer que tenta seguir a linha “Colours In the Dark", mas sem ser batido e igual. "The Brightest Void " é o prelúdio para "The Shadow" e, como tal, levanta todas as dúvidas e especulações sobre o que este próximo lançamento trará.
É uma prévia meio "rara", uma mistura de sons, significados e diferentes cores. Cada música contrasta com a próxima. Elas não seguem o mesmo caminho. A rota tem várias bifurcações, e em cada uma delas as canções continuam em sentidos opostos.
Por esta razão, não é fácil tentar fazer suposições sobre o que vai vir em "The Shadow" a partir do "The Brightest Void".
Em questões gerais, o som é limpo e maduro. A voz de Turunen é mais clara, dramática e brilhante a cada dia. Eu também estou contente que Toni Turunen tenha tido um pouco mais de participação desde a última vez em que foi ouvido no álbum "What Lies Beneath" (2010). Posso lhes assegurar que amarão o dueto dos irmãos Turunen, ambos excelentes músicos.
A mistura e produção do álbum é brilhante. Tim Palmer tem alguns broches de ouro acumulados por seu magnífico trabalho, especialmente quanto à forma de combinar e jogar com as vozes e coros (o que mais insisti em frisar com relação a este material).
Em conclusão: se esperavam um heavy metal cru, já aviso que não há. Claro que existem sons pesados, mas são misturados com outros sons de outros ramos: pop, eletrônico, orquestral, indie.
Se você gostou de "Colours in the Dark", não acho que você terá problemas com este. Agora, se você é um fiel defensor de "What Lies Beneath", talvez você não estará totalmente convencido com este quando o ouvir a primeira vez, mas eu sugiro que você dê mais oportunidades para descobrir todos os mistérios que este álbum esconde.
Se o seu primeiro e único amor é "My Winter Storm", meu conselho é começar a se desprender do mesmo e começar a olhar adiante.

Pontuação: 8/10
Data de lançamento 03/06/2016
Gravadora: earMUSIC
Revisão por: Brenda Rivero