Tarja visitou Madri para falar de seu álbum solo “My Winter Storm”. Publicamos suas declarações, entre as que não hesitou em falar sobre Nightwish.

Depois da polêmica saída do Nightwish, trocas de declarações e outras coisas, era uma incógnita saber o que poderíamos encontrar no álbum de estréia da carreira solo de Tarja. Só pudemos escutar 5 faixas da prévia do que será My Winter Storm e assueguro que surpreenderá a muitos, mesmo que o estilo clássico e melódico prevaleça, mas sem descuidar das guitarras como poderia pensar primeiramente. Nos encontramos com uma Tarja encantadora e muito simpática em um hotel de Madri, afastando-se 1000% da imagem mais estirada(?) e altiva(?) que poderia ter no passado e nos mostrando sua faceta mais sincera, divertida e surpreendentemente aberta e simples. E ainda, falando um mais que correto castelhano (lembrando que seu marido e maneger, Marcelo Cabuli e argentino e que atualmente vivem grande parte do ano em Buenos Aires) e encantada de responder perguntas sobre o Nightwish (mesmo que, por falta de tempo, não pudemos falar muito sobre sua ex banda). Uma entrevista realmente agradável que podem ler a partir daqui:

- Olá, Tarja. Estamos aqui para falar de seu disco solo, “My Winter Storm”, depois dos anos com Nightwish e especialmente de toda a polêmica e problemas com sua saída da banda. Você começou sua carreira solo e agora será você a responsável por 100% de seu presente e futuro..... O que você sente agora que vai ser a cabeça da banda, a que tomará sozinhas as decisões? Liberdade? Mais responsabilidade?

Tarja: Comecei a pensar nesse trabalho há mais de dois anos, assim que depois de planejar tanto esse disco é difícil tê-lo em mãos, mas acho que essa preparação prévia me ajudou muito para que o processo fosse menos extressante. Todo o processo de produção do álbum não foi simples e começamos com ele finalmente em Junho, e termenou bastante rápido, mas para a pré-produção tive que contactar muita gente, colaborações para escrever alguns temas, falar muito com a companhia para explicar o que era que queríamos e o que eles queriam... Não foi fácil, mas por isso estou realmente feliz agora, porque foi um trabalho duro e com muita responsabilidade intrínseca, pelas pessoas que haviam ao redor desse trabalho e isso tem sido algo realmente novo para mim. Tive que tomar muitas decisões por mim e pelas pessoas que me rodeavam e estou muito contente que pude levar isso adiante. Não estou realmente nervosa, estou mais contente porque por fim o disco está pronto, mas , por outro lado, não sei exatamente o que esperar de “My Winter Storm”. Suponho que esse seja o começo de algo novo para mim.

- Até agora, suas excursões solo tem sido projetos lírico-operisticos e discos de natal, mas agora fez um álbum mais centrado no rock, mas próximo do que fazia com o nightwish, mas mais aberto, comercial e dirigido a um público mais amplo.... De uma maneira geral, é assim o “My Winter Storm”?

Tarja: Bem, é que provavelmente você só pôde ouvir 5 faixas do disco completo, que são 14. (Gesticula e ri) Só cinco! E assim é difícil ter uma idéia do trabalho completo, mas bem, é o mal dessas coisas promocionais, verdade? (segue sorrindo muito abertamente). Eu acho que o disco soa universal, internacional e heterogêneo. Temos cuidado muito em ter que trabalhar com gente de mente muito aberta e com respeito à música. E é difícil categorizar o disco assim sem mais, porque não há um só estilo dentro dele. A maioria do disco são canções contagiosas, de 4 ou 5 minutos, mas também tive a prioridade de seguir fazendo temas mais difíceis.

- Como a companhia aceitou a proposta? O que te pediam?

Tarja: O problema inicial foi apresentar a companhia o projeto, porque não tinham nenhum projeto concreto pra me mostrar. Se tivessem, tudo teria sido mais fácil, mas não tinham. Ainda mais, letristicamente queria continuar falando de sentimentos, realidade, de temas interessantes e não queria que o disco estivesse metido na música clássica, ópera ou algo assim, como muitos poderiam pensar a principio. Tive longas discussões com a companhia sobre que objetivo tinham com o disco, sobre a quem queria dirigilo...heavy ou Madonna, que querem? (risos)
No final, a resposta veio das trilhas sonoras de filmes, que é algo que sempre me maravilhou. E escutando as trilhas sonoras sempre me surgia a mesma pergunta: como essa gente faz pra conseguir esse som? Como fazem? Onde está o segredo para fazer isso em um estúdio? O que fiz olhar os nomes da maioria das trilhas sonoras que tenho em minha biblioteca e fonoteca particular e me dei conta que alguns nomes se repetiam aqui e ali. Então me perguntei, porque eu não poderia trabalhar com essa gente? E apresentei a idéia a companhia. Fomos a Los Angeles 2 meses antes de começar os trabalhos e entrevistamos alguns desses compositores como Hans Zimmer e claro, me apresentava como “Tarja Turunen, uma cantora da Finlândia que quer trabalhar com seu pessoal” e foi algo difícil no começo. Ali, nos estúdio Remote Control, fiquei perplexa porque, de repente, me deparo com alguém trabalhando em 5 ou 6 trilhas diferentes de uma vez e é incrível. Ele se mostrou muito aberto e compreensivo comigo e com o que queria e aceitou ser parte disso e foi um êxito importante porque tem muita gente querendo trabalhar com ele, logo depois consegui um contato com James Dooley para as orquestrações e arranjos do álbum.

- Sim, agora que mencionou, é obvio que escutando o cd os temas remetem a esse estilo musical, as trilhas sonoras...

Tarja: No final, todo o disco tem muito a ver com fantasia, com música de filme, o que te leva a pensar em imagens imediatamente. O processo do trabalho era, digamos, fazer uma fotografia mental de cada canção, seja objetos, momentos, lugares o que seja e tratar de por isso na música. Para mim tem sido fantástico poder dar cabo nesse tipo de trabalho tão criativo, mas tudo tem realmente a ver com as emoções e sentimentos que é o que precisamente as trilhas sonoras conseguem, de repente com um toque forte ou uma música mais suave ou um tilintar(?), o que seja. Para mim, Hans e James puseram a mesma paixão e dedicação que põem em suas trilhas e eu estarei sempre agradecida. Estou realmente contente de poder trabalhar com tais tipos porque deram a atmosfera e os sons ambientais que realmente queria em MWS.

- Que significado tem esse titulo, My Winter Storm? Tem vivido ultimamente alguma “tempestade de inverno”?.. É obvio que algumas pessoas poderiam pensar que tem duplo sentido, relacionado com os problemas de sua saída do NW....

Tarja: O titulo tem um bonito significado e não tem a ver com maus momentos nem problemas. Em uma primeira interpretação obviamente te leva a Finlândia, a meus invernos ali, mas logo está muito relacionada a letra de uma canção, “I walk alone” o primeiro single, mas nesse caso não a escrevi, sim dois amigos da Suécia, Mathias e Anders, mas a letra fala disso, ter uma canção própria, de caminhar sozinha. Então, antes de entrar no estúdio para gravar a primeira demo do disco, me vieram a cabeça essas três palavras, “My- Winter – Storm”, porque as pessoas que me rodeiam e nesse caso os que participaram do álbum são como uma tempestade. Me vem com uma imagem muito poderosa quando pensavam em minha família, os músicos, amigos... como uma tempestade uma tempestade de neve é uma imagem muito bela, no inverno.A idéia do título foi minha, mas depois a imagem (?) veio de fora, do Marcelo, da banda, a companhia..., que diziam que as pessoas me adoram ou me odeiam, mas que tudo fora com personalidade, como um novo projeto individualizado e por trás de uma imagem que tivesse força.

- Escutei cinco faixas do álbum e elas possuem muita elegância, melodia, fragmentos líricos, belos e sutis..., mas nem tudo são melodia e lirismo e também há partes poderosas, heavy, com muita garra. Creio que o material é muito variado, interessante e encantará ao público que esperava algo mais do que teus álbuns natalinos e temas operísticos. Agradaria-me que fosse você mesma a que falasses destas canções, que são as que escutamos até agora:

Tarja.- Ok, vamos a elas.

- O single "I Walk Alone" para começar:

Tarja - Era muito difícil decidir qual e, sobretudo que tipo o primeiro single viria com o disco, é que tinha que contentar e, sobretudo convencer a pessoas muito diferentes! (risos). Então, gravaram-se duas versões no estúdio, uma mais crua e direta, com mais guitarras, e outra mais orquestral e melódica. Custou-me muito decidir qual eleger, ou a que me podia caracterizar melhor, e, sobretudo qual representaria mais claramente o que era o disco, se era melhor realçar a orquestra ou as guitarras heavy... Ao final, felizmente, a companhia decidiu editar um single com as duas versões... Não sei exatamente na Espanha será igual, suponho que sim, mas ao menos em países como Alemanha, Suécia ou Finlândia aparecerão as duas versões no single.

- Uma mais dura e outra mais suave, imagino...

Tarja - (Risos) Claro! Mas as duas versões saíram maravilhosas, de verdade. Tenho que reconhecer que acabei chorando quando escutei a versão orquestral pela primeira vez porque foi o primeiro tema que James me (ensinou - ?) já com os arranjos incluídos. Ele estava trabalhando em LA e eu estava na Finlândia trabalhando com meu professor de piano e escutei aqueles arranjos em um estúdio vazio e me saltaram uns (?) porque realmente não esperava escutar essa orquestra impressionante nesse tema. Foi uma experiência emocional maravilhosa para mim, mas pelo certo me vi o dia todo chorando (risos).

•"Lost Northern Star":

Tarja - Tem 72 (?) vocais nada mais e nada menos, o que lhe parece? (lhe olho estupefato e começa a rir de novo e me confirma com um olhar de que é verdadeiro). De fato, passei um dia inteiro só fazendo coros para esta canção. É um pouco uma homenagem à banda RAMMSTEIN, à que realmente aprecio, dizendo todo o momento (o tararea com voz misteriosa e sussurrante, ao da bruxa de "O mago de Oz"), "My soul burns", que é muito parecido ao título de uma canção do RAMMSTEIN que se chama "Mein herzt brennt". Para mim era como uma maneira de dar-lhes as graças por inspirar-me, e precisamente trabalhei nesta canção com dois garotos alemães, Michelle e Nicko. Tive como a visão de fazer uma canção realmente operística, com um som poderoso mas destacando as guitarras. É de minhas canções favoritas do disco, conta uma bonita história, e também contém como curiosidade um precioso só de violoncelo.

•"Oasis":

Tarja - É totalmente minha canção, já que compus a letra e a música. É uma canção inspirada no escritor Paulo Coelho já que, quando li alguns de seus livros, não digo que mudou a minha vida, mas sim que me fez olhar certas coisas com outras perspectivas e a ser mais responsável que antes com respeito a certas coisas. É uma canção singela sobre manter sã a mente e ter bom espírito, pensar sobre ti mesmo e esse tipo de coisas.

• "Ciarán´s Well":

Tarja - Este tema nasceu na Irlanda da mão de meus dois amigos Alex Scholpp (guitarrista) e Doug Wimbish (baixista). Criou-se uma atmosfera realmente incrível no estúdio e o passamos realmente bem gravando ali. De fato, é que a Irlanda é um país realmente mágico, cheio de espírito, histórias, lendas... O estúdio é um lugar perdido no nada, já sabes, num pequeno povo, rodeado de casas com 300 anos de história, com cachorros, gatos e vacas inclusive correndo ao redor. Era um ambiente incrível e lhes pedi que, por favor, criassem uma canção para mim ali. Depois, eu fiz a letra e as melodias de noite com a ajuda de meu bom amigo Michelle e ao final surgiu uma canção divertida, não é algo sério demais, mas sim, tem muita força e energia.

• "The Reign":

Tarja - É basicamente orquestal e está diretamente inspirada numa (película - ?). Escrevi o tema com Torsten (Stenzel), que tocou os teclados no disco junto a Angela. Há uma história preciosa na canção ainda que em princípio foi concebida como um tema totalmente instrumental, mas me dei conta de que tinha uma história em minha cabeça baseada na música, e depois de três temas convenci a mim mesma de que tinha uma única história preciosa que acompanhara à canção.

- Por certo, me parece curioso que tenhas elegido uma faixa como "Poison" de Alice Cooper, uma canção muito famosa de sua etapa mais comercial. A que se deu a eleição?

Tarja - Creio que vai ser uma surpresa para muita gente (risos) e vai-lhes fazer rir muito quando ouvirem essa canção, primeiro quando pensas numa mulher cantando essa letra, que soará um tanto que raro. Tudo surgiu em um dia na Finlândia, que eu ia conduzindo meu carro de viagem e escutando a rádio recordo que puseram 5 vezes "Poison" de ALICE COOPER. De fato, é normal que finquem muitas canções clássicas do rock na rádio finlandesa, mas não tantas vezes ao dia. O caso é que quando estava no estudo, comentei-lhes a todos que tinha vontade de incluir uma versão em "My Winter Storm" e falei com todos ao redor, com a companhia... e lhes disse que ALICE COOPER significou muito para mim quando era adolescente porque dentro do rock era o que eu mais escutava, coisas como AEROSMITH, WHITESNAKE e ALICE COOPER (risos). Apresentei a idéia à companhia e eles ficaram encantados com a proposta, mas queriam certa ajuda da banda para recriar a faixa e fazê-la um pouco ao perfil do MSW, já sabes.
Começamos a gravar a faixa na Irlanda com toda a banda ainda que eu era a única pessoa que queria respeitar totalmente o original, o som de finais dos anos 80, mas que ao mesmo tempo não desentoara com o "desenho" do álbum completo. Ao final, creio que fizemos um grande trabalho com a versão, há um solo realmente impressionante na metade da faixa... grande canção.

Não nos fica muito tempo para terminar, assim que vamos falar da nova faceta ao vivo da TARJA.

Tarja - Muito bem.

- Já havias anunciado primeiras datas que, a princípio, parece muito interessante e poderosa, onde destaca a inclusão do baterista Mike Terrana. Dá-me a impressão que ao vivo vai soar tão duro ou mais do que o que se faziam no NIGHTWISH... Por certo, aparte(?) de tuas novas canções, interpretarás temas do NIGHTWISH? Conservarás uma postura em cena similar à que tinhas no NIGHTWISH ou procurarás uma nova estética quanto a imagem e atitude?... Fala-nos de como serão os concertos de Tarja Turunen em carreira solo.

Tarja - Bom, ainda estamos planejando os concertos e tenho idéias em mente, claro, mas ainda não há nada seguro porque há o que estudar: que tipo de arranjos iremos poder usar ao vivo, cenografia, canções... O que está claro é que será um conceito de show bastante teatral, com um pouco de vídeo ou "performances", e sobre o set list, imagino que estará aos 50% entre o novo disco e outras coisas.

- Mas tuas atuações ao vivo sempre têm estado bastante teatralizadas... Por certo, recuperarás a onda "vestidos de princesa de conto de fadas", esses vestidos senhoriais longos...?

Tarja - Sim, é verdade, o caso é que não vai ser eu quem vai fazer as personagens das canções ou algo assim, mas está claro que manterei meu estilo, com os vestidos e enfeites... porque sou eu, é minha imagem e minha atitude ao vivo. Mas depois, levarei uma impressionante banda por trás de mim, bastante gente no palco para sentir-me bem arroupada (risos). Já temos várias datas como disse, mas infelizmente não viremos a Espanha neste primeiro trecho mas a turnê mundial está prevista para finais de março de 2008 e então estaremos bastante tempo na (?) e seguramente passaremos pela Espanha.

- A última pergunta é sobre o NIGHTWISH... Não lhe parece "pouco elegante" que teus ex-companheiros te tenham dedicado uma faixa em seu novo álbum como é "Bye, Bye Beautiful"?

Tarja.- Não sei, agora cada um tem que suportar seu próprio caminho, eu com minha carreira solo, e eles a continuação da banda. Não posso fazer nada com isso porque cada um é agora responsável de nossas próprias decisões e já está. Tudo depende de cada um e eu não tenho nenhum desejo de remover o passado e voltar a viver as más situações de então, além de (remoer -?) os problemas pessoais que pudera ter. Não é uma experiência agradável, isso eu reconheço, e não é algo que eu gostei de ter passado e me levou muito tempo aceitar e sobretudo entender o porquê de tudo aquilo e da maneira em que se procedeu, porquê não fazer de outra maneira? De todo modo, agora há um novo futuro para eles e para mim, e creio que há o que extrair o que é positivo de qualquer experiência negativa que te possa ocorrer na vida, superá-lo e que surja algo novo. Eu me dei conta de que, certa tristeza em parte, me fez sentir agora muita liberdade e creio que aprendi muitas coisas com tudo isso.

- Ok. Temos que terminar, obrigado por tudo Tarja e muita sorte.

Tarja.- Obrigada a vocês, Foi um prazer.

Fonte: Rafabasa.com