Kamil Dyrtkowski: Meu nome é Kamil. Prazer em conhecê-la. Algumas pessoas dizem que o sucesso é graças ao talento nato, outros dizem que é pelo trabalho árduo. E para você, do que acha que é feito o seu sucesso?
Tarja Turunen: Eu acredito, é claro, que até certo ponto você nasce com um dom. Houve um momento em meus estudos, durante os anos na Universidade, como cantora lírica, onde minha professora me disse que há muitos de nós, milhares de nós cantores, mas apenas alguns são diamantes esperando seu momento para brilhar no meio do resto. E ela me disse naquela época, quando eu tinha por volta de 17 anos: “você tem esse diamante. Use-o bem”. E eu sempre me lembrei dessas palavras ditas por ela. E é bem isso, você pode cantar perfeitamente, tecnicamente perfeito, e você pode trabalhar duro para melhorar ainda mais tecnicamente, mas se você não canta com a alma, não tocará as pessoas. Isso é o que eu acredito ser o diamante. Não acredito que algum dia eu consiga cantar sem colocar na música a minha alma.
K: Essas palavras te motivaram?
T: Sim, definitivamente
K: O que você pode dizer aos jovens que estão começando a carreira, novo emprego, ou organizando companhias para melhorar a si mesmos?
T: É muito importante ter pessoas que possam ajudar você. Procure por essas pessoas, pessoas boas.
K: Amigos?
T: Sim, e no geral pessoas que possam te ajudar nos negócios porque você tem que ser superforte nesse meio musical. Ele é muito sufocante hoje em dia. Não é nada como simplesmente fazer por merecer. Não importa se você vencer um concurso e se tornar uma estrela instantaneamente. Você precisa se manter ali e ser humilde. A humildade é o que vai te manter no chão, eu digo isso sempre às pessoas. Do contrário, você pode acabar sendo levado por qualquer direção em que o vento soprar.
K: Então, ser uma estrela é trabalhar duro.
T: Sim, muito duro.
K: Você se imagina trabalhando e uma empresa?
T: Não. Para ser sincera, eu sou autônoma desde muito cedo, mas sempre gostei que me dessem alguma direção. Sempre gostei de ter quem me dirigisse, como em uma orquestra sinfônica ou trabalhando com colaboradores. Eu amo quando alguém me diz o que fazer, porque sempre ajuda. Apesar disso, no final tem de ser eu, à minha maneira, conseguindo fazer de qualquer maneira aquilo que foi proposto. É uma liberdade maravilhosa ser artista solo hoje e lidar com o caos em que se consiste sendo essa artista solo internacional.
K: Última pergunta: você se sente como uma espécie de gerente da empresa de nome Tarja?
T: Bem, sim, é um trabalho duro. Um trabalho de 24 horas por dia, 7 dias por semana. Mesmo estando em casa, o fato de eu ser uma artista nunca me deixa descansar. Eu amo ser dona de casa, cozinhar, limpar, fazer coisas caseiras mesmo, mas nunca se esvai o fato de você ser artista e precisar se manter como tal. E pelo fato de ser uma artista internacional, o trabalho é ainda mais difícil, requer muito trabalho. E eu jamais teria capacidade de fazer tudo sozinha, por isso meu marido está sempre me acompanhando e me ajudando, é a combinação perfeita tê-lo por perto, às vezes só precisando tê-lo por perto para bastar. Sem esse combo, eu não sei onde eu estaria ou quem eu seria. É algo muito importante para mim.
K: Obrigado.