T: Oi, todo mundo! É lindo ver vocês, oi!
E: Quero te perguntar sobre o seu novo disco, qual a música com mais sentimento, a música que mais te toca? A que mais quer cantar?
T: Bom, obviamente todas são minhas, todas são minhas bebês, é muito difícil escolher uma canção melhor que as outras, mas... Particularmente neste disco todas as musicas são muito pessoais, porque as escrevi sobre a minha vida, o que eu já vi e já vivi, todas tem a ver comigo, então essa pergunta é muito difícil! Posso dizer, por exemplo, a última música, Too Many. É uma música triste, mas me deu esperança, quando terminei a letra me passou muita esperança, um sentimento de que algo bom virá, não sei se na minha vida, mas que algo bom acontecerá. E agora todos nós precisamos de um pouco de esperança.
E: Desde seu primeiro disco, o My Winter Storm, passando pelo What Lies Beneath e pelo Colours in the Dark, nota-se uma grande mudança em sua música, de algo mais sinfônico ao que chama de rock pesado. Eu queria saber se poderemos ver a Tarja da mistura dos grandes coros e orquestra sinfônica [como do MWS] de novo. Não estou dizendo que não gosto do que você faz hoje, mas que sua música tem um plano bastante amplos, se você me entende.
T: Duas coisas são muito importantes para mim, uma banda que soe pesada e a parte sinfônica da minha música, são duas coisas que eu nunca vou perder. Quando estou compondo já penso como a banda deve soar pesada, e de outro lado amo fazer os arranjos para a orquestra sinfônica e o coro. Isso nunca vou deixar de lado na minha música porque minha voz é assim, e eu preciso de algo poderoso para sustentá-la, e as duas tem a mesma importância. Mas nesse disco, The Shadow Self, acredito que é o mais heavy, o mais pesado, e ainda tem uma grande influência da música clássica e de trilhas sonoras, acho que a mistura é importante. Você me verá sempre cantando em shows clássicos com orquestra e coro e eu adoraria ir a Buenos Aires com esses shows, mas, quando se trata do rock e do metal, meu estilo é o que é hoje. É um progresso que me trouxe aqui hoje, acho que todos os artistas tem que ter isso, tem que progredir, se não, não vamos chegar à lugar nenhum, entende? É muito importante encontrar esse lugar onde você se sente bem, confortável, e eu estou muito confortável.
E: Desde o MWS vocês tem algum cover nos álbuns, já pensou em fazer algum álbum só de covers?
T: Não, não pensei, não sei, não sinto que... Eu gosto muito de cantar músicas de outros artistas, de outros estilos, mas é muito trabalho, sempre que me comprometo, por exemplo, como no próximo disco, tem um cover do Muse, Supremacy, me encanta trabalhar com músicas que tem algo de pessoal pra mim, elas tem que significar algo para mim, seja na emoção, na letra, eu tenho que sentir algo. Essa música é um desafio pra mim como cantora, porque é muito difícil de cantar, é um range muito grande, mas adorei. Mas um disco totalmente de covers não me vejo hoje fazendo. Mas, por exemplo, recentemente saiu meu disco de Ave Marias, e não são todas minhas, então são "covers", então é como um disco de covers de música clássica! (risos) Mas no pop, no rock ou no metal eu não sei, ainda não sei. Nada contra, também, mas...
E: Você gosta de misturar estilos bem diferentes, tendo vivido aqui [Argentina], pensaria em fazer uma música com uma mistura com o Tango?
T: Tango? Acho que não. Com a música clássica e o rock, o metal, eu tenho bastante conhecimento, mas do Tango... Não acho que eu poderia faze-lo porque não tenho o conhecimento nem a experiência, e nem sei se gostaria, porque conheço a minha voz e o que posso expressar com ela, como se encaixa na música clássica e no rock, estou confortável, mas se tivesse que trabalhar em um estilo tão diferente, não sei se eu me meteria nisso. Gosto de desafios em geral, mas o Tango parece algo muito particular e muito diferente. Amo escutá-lo, por exemplo, o Tango Argentino é muito diferente em estilo do Tango Finlandês, o Finlandês é muito enfadonho, como uma marcha, não tem... tem paixão, mas nada a ver com o Tango Argentino.
E: Já pensou em fazer um dueto com Simone Simons, já que vocês se conhecem?
T: Eu a conheço bem, estamos em contato com ela e sempre que temos a oportunidade de nos ver nos vemos, somos amigos, mas nunca falamos de colaboração, não sei. Não seria impossível, também, mas até hoje não falamos sobre isso.
E: Neste disco há uma colaboração que gostei muito, com Alissa White-Gluz. Conte como foi trabalhar com ela e porque pensou nela.
T: Alissa é como... meu oposto. É o contraste. É por isso que está lá. Quando eu terminei de gravar meus vocais, achei que faltava energia, alguma coisa na música, então comecei a pensar o que queria fazer e com quem queria trabalhar e a primeira pessoa que me ocorreu foi Alissa. A conheço, não bem, mas nos conhecemos no Wacken alguns anos atrás e conversamos um pouco. E ela, com seu estilo de cantar, é incrível, muito diverso, com o growling e também com os vocais limpos que tem uma coloração linda, então eu perguntei se ela queria participar da canção e pedi que também usasse seus vocais limpos, sua voz "normal", e ela disse que sim, que adoraria, e foi lindo fazer a colaboração, porque o TSS tem todo o seu tema baseado nos opostos da vida, luz e escuridão, ying e yang, positivo e negativo, amor e ódio, coisas assim, e Alissa é o oposto de mim, então a combinação é perfeita!
E: Em comparação à todos os seus discos, acredita que agora está em seu melhor momento como compositora?
T: Neste último disco me senti tão confortável, durante todo o processo, da composição, da gravação, da produção em si, dos ensaios com a banda para os shows, tudo foi muito natural para mim. Me sinto muito confortável e feliz. Sinto que não tenho mais que explicar porque estou fazendo as coisas, tenho minha carreira, meu estilo, meu som como artista. Estou muito orgulhosa do The Shadow Self, tem muito a ver comigo, pessoalmente, e é um álbum bem ambicioso.