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M: Aqui estamos com Tarja Turunen, tão encantadora quanto sua voz. Um novo álbum, The Shadow Self, será lançado em agosto. Antes disso, você lançou o The Brightest Void. Qual a ideia por trás disso?

T: Para ser honesta, acabei compondo muitas músicas. Não queria lança-las como faixas bônus. Isso já aconteceu antes, é como se elas ficassem perdidas. Então, falei com a gravadora na Alemanha e perguntei se poderíamos fazer algo especial, porque escrevi as músicas do The Brightest Void enquanto escrevia para o The Shadow Self. Elas estão conectadas. Não queria lançar um álbum duplo, porque é demais. Sempre surpreendo meu público, por isso planejamos o The Brightest Void. Queria mostrar o som do The Shadow Self, o que estava por vir.

M: Falemos a respeito do single no bitter end...

T: Nessa música em especial meu objetivo foi dar mais visibilidade à banda. Queria uma música pesada, que mantivesse a energia do início ao fim. As outras músicas têm uma pegada progressiva. No bitter end tem o som pelo qual eu estava procurando. Estou muito feliz com minha banda.

M: É algo bom de ser tocado ao vivo?

T: Sim, é muito divertido de se fazer. Adoro performar, é uma parte importante da minha vida. Amo ser capaz de estar na frente das pessoas e me divertir, isso é muito importante.

M: Você tem muitos convidados no The Brightest Void, inclusive um do seu país, Michael Monroe, que canta your heaven and your hell. Ele é um artista que você, quando mais jovem, mantinha na parede?

T: Tenho enorme respeito por ele. Conheci-o há alguns anos, quando estávamos em um festival russo. Michael me ajudou bastante; estabelecemos uma ligação que permaneceu quando começamos a trabalhar no The Voice of Finland. Eu tinha essa música no computador. Você sabe, nunca se deve deletar músicas nas quais você já trabalhou. Trabalhei nela para meu primeiro álbum solo, mas não sentia que era o momento para lança-la. Agora, sim. Essa música, em particular, era muito rock and roll. Mostrei-a ao Michael e disse que isso era o metal mais pesado que já havia feito em toda sua vida. Então, chegamos a um meio termo. O rock tinha feito com que eu não trabalhasse nessa música imediatamente.

M: Ele toca saxofone na música?

T: Sim, ele toca.

M: Michael é bastante renomado na Finlândia...

T: Sim, definitivamente. Ele foi o primeiro a fazer uma carreira internacional.

M: Há outros convidados especiais. Chad Smith, com quem você gravou eagle eye.

T: sim, ele tocou bateria em músicas muito especiais. A primeira foi demons in you. Quando a compus, pensei nele por causa do som, que é bastante pesado. Eu o tinha em mente por causa do seu modo de tocar. Isso acontece o tempo inteiro por causa da liberdade que tenho na minha vida artística para dirigir as pessoas de acordo com o que a música precisa. Kevin, meu baixista, tem uma boa relação com Chad. Conversamos e ele acabou gravando 5 músicas. Uso quatro baterias nesse álbum. Se eu não me importasse com o modo como as pessoas tocam, poderia usar uma máquina, mas tradicional quando se trata da produção das minhas músicas. Quero ter a sensação de que o músico está envolvido. Espero que eu tenha conseguido nesse álbum. Acho que sim, porque trabalhamos duro. É um processo de aprendizagem, todos esses anos tem sido uma jornada e eu tenho aprendido muito com ótimos musicistas.

M: Você tem mais de 10 anos de carreira, passa rápido...

T: Sim, muito rápido. Como eu disse, é um aprendizado, como tudo na vida. Se você está aberto a novas coisas, a você mesmo. A vida me levou para longe da Finlândia, para viver em Buenos Aires, um lugar bastante diferente. O que sou hoje, tudo o que sinto...nesse álbum falo sobre me descobrir, sobre descobrir minha própria escuridão .

M: falemos um pouco sobre o The Brightest Void, que tem covers interessantes. Conte-nos como foi a escolha. House of wax também está no álbum.

T: Sim, meu esposo é um grande fã dos Beatles. Nesses 16 ou 17 anos, ouvi tudo. Quando ouvi essa música em particular, me apaixonei. Ela é tão sombria. Então, pensei que poderia fazer minha versão com violoncelo, que é um dos mais melancólicos instrumentos, além do piano. Violoncelo é um instrumento que me faz chorar e que tenho usado desde o início da minha carreira.

M: Você também fez um cover de goldfinger.

T: Sou uma grande fã de James Bond. É uma grande influência, consigo perceber isso nos meus álbuns. Tenho trazido o tema James Bond desde o início da minha carreira solo. Goldfinger foi um desafio para mim. Há alguns anos, precisei canta-la em um programa de TV e achei muito, muito difícil. Isso ficou na minha cabeça. Tive a ideia de cantar essa música em outubro de 2015, na América do Sul. As pessoas adoraram. Resolvi gravar e percebi que, com o passar do tempo, aprendi alguma coisa. É muito satisfatório ver que não tenho mais aquelas dificuldades. É encorajador para minha técnica como cantora lírica.

M: É importante para você, como cantora, expressar seus sentimentos quando canta? Há limites para isso?

T: Música é emoção, para mim. Eu realmente tenho meus limites. Mas quando se trata de música, se há desafios, e eu amo desafios, sempre me ponho no limite. Algumas vezes é difícil, porque sou muito dura comigo mesma, mas isso me faz quem sou, eu trabalho duro.

M: Você é emotiva em sua vida privada?

T: Sim, choro facilmente. Considero-me uma pessoa positiva, mas há essa parte que me faz escrever músicas sombrias. Há luz e escuridão em mim, algo interessante a ser descoberto.

M: Você disse que o The Shadow Self é um álbum sombrio e pessoal. O que podemos esperar?

T: Esse é o álbum mais pesado e diverso que já produzi. A diversidade está lá e sempre estará. Os músicos que trabalham comigo tem um lado criativo. Além disso, há influência do sinfônico, dos produtores de filmes. Essas coisas estão muito conectadas naturalmente. Sinto-me bem e confiante. Posso dizer que esse álbum é o mais sólido.

M: Você terá uma agente cheia nos próximos dias. Irá à China, Taiwan, Hong Kong...

T: Sim, pela primeira vez. Irei a festivais também...

M: Como você concilia sua vida profissional e privada, como mãe?

T: Bem, você viu minha filha quando chegou aqui. Para ser honesta, ela está sempre comigo, adotou esse estilo de vida, mas em breve Naomi irá para a escola.

M: Você recomendaria a vida de cantora para ela?

T: Obviamente ela tem talento para música, é bastante influenciada pelos pais. Espero que Naomi encontre a própria paixão na vida, não importa o que seja. Todos em minha família tinham talento para música, mas fui a primeira a querer fazer isso profissionalmente. Meus pais sempre me apoiaram. Se eu conseguir fazer isso para minha filha, será suficiente.

M: Foi um prazer falar contigo, obrigada.