Não há dúvidas de que Tarja Turunen é uma das figuras mais proeminantes no rock moderno e no metal. Entre suas gravações solo de rock, turnês constantes, colaborações e uma variedade de projetos dos quais participa, a estrela finlandesa conseguiu estabelecer seu nome na cena. Alguns meses depois de seu último álbum e antes de seus shows na Grécia, ela nos deu o seu ponto de vista sobre a criação de "The Shadow Self," as colaborações, e falou sobre a importância da música clássica.

O novo álbum inclui algumas coisas que você nunca tentou fazer antes. Houve grandes mudanças no processo criativo?
Na verdade, não. O processo criativo foi muito legal, e eu acabei escrevendo músicas demais para apenas um álbum, e por isso lançamos dois neste curto período de tempo.

Álbuns em sequência não são exatamente comuns. Como você teve esta idéia?
Acho que, brevemente, eu respondi na pergunta anterior! Eu não acho que em geral eu me encaixo na imagem do que é comum... eu sempre trabalho do meu jeito nas coisas, e normalmente me saio com coisas que não são super comuns. Esta foi apenas outra surpresa na qual trabalhei e que criei junto das pessoas talentosas com as quais tenho sorte de trabalhar.

"Innocence" é uma das minhas faixas favoritas do álbum, mas não é o típico material de single. Você encarou opiniões contrárias a lançá-la como material promocional?
Nem um pouco! A gravadora concordou comigo sobre esta música, porque sentiram que ela representa a minha arte tão bem quanto uma música pode representar.

Como foi a colaboração com Alissa White-Gluz?
Apesar de que eu não estava presente durante as gravações vocais dela, já que ela gravou no Canadá, eu senti que a colaboração foi um grande sucesso. Nós falamos sobre a música e os arranjos, e eu queria usar o gutural dela junto com o seu lindo vocal limpo.
A minha música "Demons in You" precisava da voz de Alissa, então estou muito feliz por ela ter concordado em trabalhar nela comigo. Ela também se encaixa nas letras do álbum, sendo o oposto de mim como cantora. Eu falo muito nas letras sobre os opostos na vida, por exemplo "céu/inferno," "sombra/luz," "amor/ódio," etc...
Alissa é uma mulher maravilhosa e muito talentosa no metal.

"No Bitter End" tem uma vibe de hard rock dos anos 80. Qual foi a sua intenção ao compor ela?
Eu queria escrever uma música que fosse foda! Eu também queria ter uma música no álbum que me desse uma boa energia, e que fosse do começo ao fim com essa energia. A maioria das músicas são complicadas e mais progressivas, então eu queria ter uma música que fosse mais fácil ao fluir.

Na versão do "The Brightest Void" para "Eagle Eye," Chad Smith colaborou na bateria. Como ele se envolveu, e por que as duas versões da música?
Eu tenho a liberdade de escolher com quem eu quero trabalhar em minhas músicas, e decidi trabalhar nesta duas vezes. Cada um dos músicos com que trabalho tem o seu próprio som e seu modo de tocar. É por isso que eu queria usar dois bateristas diferentes, dois baixistas diferentes e dois guitarristas nestas versões.
A minha intenção era ver com o que eles se sairiam, e como a mesma música soa diferente quando há pessoas diferentes envolvidas. Eu amo fazer esse tipo de experimento.

Uma das músicas do "The Shadow Self" que me impactou desde a primeira ouvida foi "Diva". Como você criou a sua atmosfera teatral?
A música foi inspirada pelos filmes e trilhas sonoras de "Piratas do Caribe". Eu escrevi junto com meus amigos compositores suecos, Mattias (Lindblom) e Anders (Wollbeck), no Caribe. Nós tinhamos o mesmo navio que foi usado nos filmes de "Piratas do Caribe" ancorado no mesmo porto em que vivíamos, então foi muito inspirador! Eu queria criar uma música muito cinematográfica e orquestral.

Depois de dois anos no "The Voice of Finland," você fez uma música com Michael Monroe. Você pode nos dizer mais sobre isso?
Eu me tornei amiga de Michael durante a experiência do The Voice. Este foi o motivo pelo qual quis selar nossa amizade com uma música. É por isso que pedi a ele que escrevesse uma para mim e funcionou super bem. Ele fez a letra em apenas uma noite!

Eu acho que "Supremacy" compartilha o mesmo sentimento do resto do álbum. Qual foi o motivo pelo qual você a escolheu para estar nele, ao invés de "Goldfinger" e "House of Wax"?
Eu sentia que "Supremacy" era o cover que eu queria ter no álbum em si. Ela tinha a mesma sensação forte do resto do álbum.

Até agora, você fez covers de algumas músicas de outros artistas. Há algum em particular que se destaca para você?
Eu amo trabalhar em covers, apesar de que é sempre um grande desafio, já que quero que essas músicas soem como uma das minhas, e ao mesmo tempo respeitar as originais. Eu estou o tempo todo pensando no futuro e nos projetos com os quais quero trabalhar, mas no momento eu não posso falar sobre nenhuma música com a qual quero trabalhar. Há muitos artistas e bandas maravilhosos que estou seguindo e dando apoio.

Entre os lançamentos de seus álbuns de rock, você trabalhou em um número de outros projetos. É difícil manter um equilíbrio entre eles?
Como você pode imaginar, eu estou ocupada como uma abelha, mas amo isso. Como eu tenho duas atividades muito amplas em minha carreira, isso nunca fica tedioso! Eu encontrei o equilíbrio entre o clássico e o rock na minha vida. Eu apenas preciso planejar as coisas super cedo para poder ser capaz de terminar tudo o que começo e tenho tempo para trabalhar em ambos em um nível profissional.

No ano passado, você lançou o "Ave Maria - En Plein Air". Dado o seu fundo clássico, não é tanta surpresa, mas como você decidiu realmente fazer um lançamento completo deste tipo?
Eu nunca tive tempo o suficiente para trabalhar em um tipo de projeto desses antes, apesar de que eu queria. Outro motivo para isso foi que eu comecei a me sentir pronta como cantora para um álbum tão sério quanto este. Eu só precisava de tempo Agora eu quero trabalhar em um segundo projeto parecido no futuro próximo!
O meu álbum de "Ave Maria" realmente mostra quem eu sou enquanto cantora lírica e o quão seriamente eu levo a música clássica na minha vida. Este álbum é super importante na minha vida, pois é a prova de minhas habilidades enquanto cantora.

Você também lançou o "Live From Luna Park" no ano passado. Eu fiquei um pouco surpreso por isso, já que estava esperando a continuação do "Act I". Como isso aconteceu?
O "Luna Park Ride" foi lançado em 2015, e nós já estamos em 2017. O DVD do "Act II" foi gravado em Milão no fim do ano passado, e será lançado em 2018. Eu me diverti muito no Luna Park, na Argentina, na noite do show, e quanto eu soube que não haveria lançamentos por um longo tempo antes de o "Act II", decidimos trabalhar nesse lançamento ao vivo. O show inteiro na verdade foi filmado pelos meus fãs, então é uma forma muito diferente de lançamento para mim.

Há outras mudanças significativas na tour do "The Shadow Self" em comparação às anteriroes? O que podemos esperar dos shows na Grécia?
Eu estou indo à Grécia para apresentar meu trabalho mais recente, "The Shadow Self." É claro que estaremos tocando músicas da minha carreira toda, também. A banda é a mesma que esteve comigo nos últimos shows da Shadow tours e os shows são concertos de rock emotivos. A banda soa melhor do que nunca, e estou muito feliz com isso.

Muito obrigado pelo seu tempo! As últimas palavras ficam por sua conta.
Eu gostaria de agradecer a todos os meus fãs e amigos gregos pelo apoio e amor. Eu estou celebrando os meus 20 anos na indústria da música junto com vocês! Está sendo uma jornada maravilhosa e emocionante para mim. Obrigado a todos vocês por estarem comigo, e os vejo em breve em seu lindo país! Mal posso esperar para arrasar com vocês novamente!