Parte I 

Rock Arsenal: Temos aqui a maravilhosa Tarja Turunen! Olá, Tarja, como você está?
Tarja: Olá, estou bem, obrigada e você?

Rock Arsenal: Gostaria de saber se você lembra quando foi a primeira vez que percebeu que a música é mágica, você se lembra desse momento na sua infância ou juventude?
Tarja: Sim! Eu era uma menina que sempre cantava, desde muito nova e a música faz parte da minha vida desde muito cedo. A minha primeira performance foi quando eu tinha 3 anos, já cantando pra o público, eles me colocaram em cima de uma mesa porque ninguém conseguia me ver, só me ouvir! Mas quando eu tinha por volta de 5 ou 6 anos, eu comecei a querer estudar música, então foi nessa época. 

Rock Arsenal: Há alguma música ou álbum que você ouviu e pensou que não poderia mais viver sem aquilo?
Tarja: Quando eu era criança não necessariamente uma música em específico, mas eu lembro que a música "O Fantasma da Ópera" de Andrew Lloyd Webber me fez querer cantar lírico, foi um divisor de águas na minha vida. Eu amo essa música. Em geral eu gosto muito de musicais, pois meus pais sempre me levavam ao teatro. Mas quando eu era criança, por exemplo, Bohemian Rhapsody do Queen, é a melhor música já escrita na história. Quando eu juntava a pequena mesada que meus pais me davam, em vez de comprar doces, eu comprei uma coleção dos hits clássicos de rock em cassetes.  

Rock Arsenal: Qual foi o seu primeiro álbum de rock, você se lembra?
Tarja: Hm deixe-me ver... Meu irmão é sete anos mais velho que eu e ama rock, então foi por causa dele o meu primeiro contato com rock. Ele ouvia Whitesnake, Wasp, Kiss, Bon Jovi, Scorpions... O meu primeiro vinil foi da Meggie Reilly... E também do Michael Fields, eu estou gravando uma música com ele na verdade. 

Rock Arsenal: Bom, a sua vida sempre foi conectada com ópera e música clássica... Você gosta do trabalho que Montserrat Caballé fez com Freddie Mercury?
Tarja: Sim, eu amo aquele álbum, Barcelona... Eu o tenho em casa e em geral Queen e Freddie Mercury sempre foram uma grande inspiração pra mim, eu também tenho todos os álbuns solo de Freddie. Ele é um cantor insubstituível... Não somente pela voz, mas pela personalidade e carisma que ele tinha. Isso é algo que eu sempre digo, quando eu treino cantores, por exemplo, no The Voice of Finland. Eu não estava procurando pela voz perfeita, estava procurando por emoção e era isso que Freddie tinha emoção.

Parte II 

Tarja: É muito raro ver bandas que podem fazer o que querem hoje em dia, bandas que não tem a gravadora ditando o que tem que ser feito. Por exemplo, eu tenho muita sorte neste sentido, pois tenho uma gravadora que me apoia na minha arte. Ninguém me diz como fazer as minhas músicas. Quanto ao Queen no "The Night at the Opera", ninguém estava dizendo a eles o que fazer, eles eram livres e você pode ouvir isso nas músicas, especialmente neste álbum, que teve tantos hits. Mas há tipos de música diferentes naquele álbum e é uma das razões que me fazem amá-lo tanto, elas não são todas iguais. 

Rock Arsenal: Você gostaria de cantar com o Queen?
Tarja: Ahh, infelizmente estou um pouco atrasada nisso, mas sim, seria maravilhoso! Talvez na próxima vida! 

Rock Arsenal: Vamos falar sobre Scorpions, "Love at First Sting”, o que há de especial neste álbum pra você?
Tarja: Bom, quando eu era jovem tocavam muito Scorpions nas rádios na Finlândia, e eu também os ouvia quando meus irmãos colocavam seus discos em casa, se tornou uma banda muito especial na minha vida. Eles têm muitos hits e tudo mais. Quando a gente saía pra dançar, quando dançava a primeira vez com um menino ou beijava um menino, todo esse romance de adolescente, os corações quebrados também… Eu amo a voz do Klaus Meine, eu o adoro, eles são todos muito legais e cheguei a conhecê-los para trabalhar em uma música para o álbum deles, ”Sting in the Tail”. Eu fiquei tão honrada de ter feito parte desse álbum, pela importância que eles tiveram na minha juventude, eu senti como se o ciclo tivesse se completo agora. Eu mal podia acreditar que eles reconheceram meu trabalho, eu fiquei muito feliz mesmo. 

Rock Arsenal: Você poderia nos dizer qual é o seu compositor clássico preferido?
Tarja: Há tantos… eu amo Puccini, pela ópera… Schubert e Schumman, pois sou cantora de câmara, não de ópera, eu prefiro Brahms, ou Schumman ou Schubert. 

Rock Arsenal: Você gravou algumas Ave Marias de Brahms e Schubert?
Tarja: Sim, eu gravei um álbum somente de Ave Marias, eu as amo, há mais de 4 mil Ave Marias escritas, talvez as pessoas só conheçam duas ou três. Eu pesquisei uma seleção enorme de Ave Marias e escolhi as que combinavam comigo. Mas há também a Ave Maria de Piazzolla, tão linda… E eu tenho feito alguns concertos em igrejas com elas, inclusive aqui na Rússia. É um mundo totalmente diferente, outra atmosfera, é necessário outro tipo de concentração quando se canta somente Ave Marias. 

Rock Arsenal: Você já gravou vários covers nos seus álbuns, gostaria que você falasse um pouco sobre o cover de Paul McCartney ”House of Wax”. 
Tarja: Ah sim, bom, o maior fã de Beatles está sentado ali, meu marido, ele é um grande fã deles. Ele me apresentou todo o trabalho dos Beatles durante nossa relação de 17 anos, obviamente.