E: Vou começar falando da sua relação com a Romênia, você já esteve aqui tantas vezes que poderíamos até te dar a nacionalidade romena...
T: (Risos) Sim, porque não fazem isso?? Eu tenho um fã clube incrível aqui e os fãs são muito apaixonados, tenho recebido apoio deles em todos esses 20 anos. Não houve nenhum momento que eu estive aqui que eu tenha sentido que algo estava dando errado, a recepção sempre foi maravilhosa, eu agradeço muito.
E: O que você viu e o que você gosta na Romênia?
T: Eu amo arquitetura antiga, por exemplo aqui em Sibiu, os prédios... Ou mesmo em Bucareste, tantos lugares lindos pra caminhar. Eu amo o sentir a cidade, tomando uma taça de vinho ou um café, estar nas partes antigas... Eu adoro as pessoas também, vocês são muito gentis com estrangeiros. Eu sempre fui tratada muito bem aqui, mesmo quando ninguém sabe quem eu sou, às vezes saio sem maquiagem e ninguém me reconhece (risos) e mesmo assim me tratam bem. E sobre a música, tantos de vocês vivem de arte, estudam artes em geral, então eu vejo o seu amor por música clássica e história.
E: Eu ia te perguntar se Nightwish seria algo que você voltaria a fazer, ou alguma colaboração com os seus antigos colegas, mas em vez disso vou perguntar: a saída da banda foi o momento mais difícil da sua vida?
T: Eu definitivamente diria que foi um dos três piores... talvez um dos dois piores, vai (risos). Um foi quando eu perdi minha mãe, em 2003, e eu ainda estava no Nightwish. Foi como um terremoto na minha vida e tudo virou de ponta-cabeça em uma noite.
E: Então o "nightwish" se torna um "nightmare" (pesadelo).
T: Virou um pesadelo. Virou um pesadelo muito rápido. É como estar segurando um belo bolo na mão e de repente ele cai no chão, de ponta cabeça. E o que você faz? foi assim.
E: Quem te ajudou neste momento?
T: Minha família e meu marido, ele também estava devastado. Ele, minha familia, meus amigos, todos ficaram muito devastados. Mas... Todos estavam lá. E meus fãs.
E: Mas você é perfeita agora...
T: Não existe isso de perfeição. Mas sem os fãs, sem pessoas que acreditassem em mim, sem meus ouvintes hoje...Obviamente, nem é algo que eu deveria ter que dizer, é óbvio que eu não estaria aqui, falando com você.
E: Você não é o tipo da artista que sobe no palco e canta e tchau, você tem sentimento enquanto canta. Me fale sobre suas emoções quando você começa a cantar.
T: Há uma euforia em ver a platéia, sentir a platéia, junto com qual música eu estou cantando. Eu sou uma contadora de histórias, eu preciso contar histórias com a minha voz. E tem se tornado mais fácil, hoje em dia, com a flexibilidade da minha voz, contar essas histórias, colorir tudo com a minha voz. Houve um tempo em que eu só conseguia cantar com uma voz, só com uma voz em uma música, mas hoje eu faço o que eu quiser, loucuras, e é fantástico! E eu não sinto mais que estou danificando minha voz fazendo essas coisas, porque minha técnica é forte o suficiente. E também que... Eu procuro aquela perfeição. Mesmo em meus concertos, mesmo nos shows de rock eu procuro a perfeição. Porque eu vejo meu guitarrista fazendo o mesmo. Eu vejo meu baixista fazendo o mesmo. Meu baterista, exatamente o mesmo, o tecladista, o cellista...
E: O novo tecladista...
T: É. Hoje ele definitivamente vai estar procurando a perfeição, ele deve estar tipo "puta merda!" (risos) mas todos nós dividimos isso. Nós dividimos o sentimento de querer fazer o melhor show. E isso é incrível, depois de tantos anos. Alguns desses caras estão comigo desde o começo da minha carreira solo, e eles ainda estão fazendo isso, e isso é fantástico, é quando se torna divertido - quando você pode puxar até o limite e se divertir. Quando eles estão sorrindo para mim no palco, eu olho pra eles e estou tipo "yeah!", quando estão sorrindo, é a melhor coisa, receber aquela emoção de "hey, estamos nos divertindo muito".
E: Vou dizer pra eles sorrirem pra você no palco hoje...
T: Sim! Se não há sorrisos, tem alguma coisa errada! (risos)
E: Bom, eu estava pensando em te perguntar sobre música Romena...
T: Meu deus, não pergunte. (risos)
E: Ok, não vou. Vamos pular a pergunta (risos).
T: Ufa! (risos)
E: Mas se quiser comentar...
T: Deixe eu pegar de volta... Eu tenho música da Romenia na minha coleção de álbuns. Mas o fato é que minha coleção de álbuns está guardada em caixas de mudança faz três anos! Eu não vejo meus álbuns faz três anos. Sério, isso é um desastre, estivemos mudando e mudando e mudando e indo de um lugar para o outro o tempo todo e ainda não temos uma casa!
E: Então agora você está...?
T: No Caribe, na pequena ilha de Antigua. E com alguma sorte voltando para a Europa, para a Espanha, ano que vem.
E: Então você não sente falta da Finlândia?
T: Finlândia, nossa... Faz muitos anos que estou longe da Finlândia. Eu sinto falta de algumas coisas da Finlândia, não sinto falta de morar lá. Eu sinto falta de... Obviamente minha família e amigos, toda minha família ainda mora lá, eu sinto falta das lindas noites de verão, dos cenários lindos dos lagos... Disso eu sinto falta. Fora isso, eu tenho uma sauna em casa, eu cozinho comida finlandesa em casa várias vezes para minha família, e eu sou finlandesa, de qualquer modo. Mas eu não aguento a escuridão, não me faz me sentir bem. Eu escrevo quando me sinto energizada, quando há luz... Não necessariamente calor, mas luz, eu preciso disso.
E: Obrigada.
T: Obrigada a você!