Eu era um fã do Nightwish com Tarja Turunen nos vocais, mas não havia seguido sua carreira desde 2005, quando ela deixou a inovadora banda Finlandesa. ­Sua voz de treino clássico abriu as portas para o subgênero do metal sinfônico. Eu finalmente tomei conhecimento de sua carreira solo em 2016 com seu álbum de heavy rock, The Shadow Self. O tempo dirá, mas este álbum deve ser o maior sucesso dela desde sua antiga banda.

Entre as tours de seu álbum solo, Tarja conseguiu gravar um álbum "dark de natal" no Caribe. O álbum conta com onze clássicos natalinos retrabalhados na forma de belas, escuras, góticas versões, e uma música original de Tarja.

Eu sei o que você provavelmente está pensando. Há poucos álbuns de Natal no rock e no metal que são realmente bons. Além do da Trans-Siberian Orchestra, Ronnie James Dio e Tony Iommi ("God Rest Ye Merry Gentleman") e o do Type O Negative "Red Water (Christmas Mourning), bandas de metal fazendo álbuns de Natal geralmente terminam sendo cafonas e desnecessários (eu sei que devem ter alguns outros álbuns bons, mas esses foram os primeiros que me vieram a mente).

Então por que se dar o trabalho de ouvir o álbum de Natal de Tarja? Foi exatamente o que eu pensei. Entretanto, este álbum de Natal é diferente de qualquer coisa que você já tenha ouvido no ramo do metal.

Como Tarja explicou, o Natal não é uma época festiva, feliz, cheia de amor e glamour para algumas pessoas - para muitas pessoas. Talvez seu pai tenha se vestido de papai noel só para então quebrar o pescoço e queimar na lareira quando você era criança? Mas, falando sério, muitos se deprimem e ficam solitários na época natalina, sentindo falta de entes queridos que já se foram, deixando cadeiras vazias à mesa. É um momento de reflexão, e nem sempre essas reflexões são boas.

Uou, feliz natal para vocês também.

Então, novamente, por que você deveria escutar esse álbum? Porque Tarja, apoiada por uma orquestra que nunca é alta demais, deixa sua linda voz carregar o ouvinte escuridão adentro deste mundo alternativo e antigo do Natal. E mesmo assim, ao fim do álbum, você se sente feliz. Há poderosos ritmos tribais em "We Three Kings", uma das muitas músicas que se destacam aqui. Sua versão de "Deck the Halls" é de longe uma das mais arrepiantes já gravadas, soando como se pudesse estar na trilha sonora de "O Estranho Mundo de Jack" ou "Entrevista com o Vampiro". "God Rest Ye" foi trabalhada de modo a basicamente parecer uma música orquestrada do Nightwish, trazendo um momento de conforto e felicidade.

Esse álbum realmente se faz como a trilha sonora de um filme, com músicas crescendo até seus clímax - mas Tarja é o centro. Essa é uma das melhores performances que já ouvi dela. Esse é certamente o mais escuro, e talvez o mais memorável, álbum de Natal já feito por qualquer pessoa associada com o Metal.

Nota: 9/10.