A rainha do metal sinfônico, Tarja Turunen, retorna com Act II, seu terceiro álbum ao vivo, dando continuidade ao Act I, de 2012. Com uma artista tão experiente, não é surpresa que as coisas sejam bem produzidas, e Act II cumpre com todas as expectativas. Enquanto o pacote do DVD traz dois shows - uma apresentação íntima "Metropolis Alive," que foi gravada brevemente antes do lançamento do The Shadow Self (2016) e uma gravada mais ao fim de 2016 em Milão, Itália. O CD só cobre o concerto em Milão, mas com 20 faixas (incluindo dois medleys), não falta música boa.

A faixa de abertura "No Bitter End" prepara o palco pro álbum inteiro; como esperado, a performance ao vivo é bem executada. A produção é afiada e clara, a banda fornece uma performance excelente e energética, e os vocais de Turunen são o principal, e envolventes de forma impressionante. "Demons in You" tem uma sensação legal, enérgica, com uma abertura meio de jazz que soa improvisada e funciona bem ao vivo, com grandes momentos de energia similar encontrados em "Shameless" e "Innocence" (especialmente com a intro no piano característica de Grieg nesta última faixa). Enquanto estes momentos dentro da banda principal são ótimos de se ouvir, Turunen é claramente o evento principal, e há muitos momentos que demonstram sua extensão vocal fenomenal. "Calling from the Wild" começa com um sentimento calmo e obscuro que demonstra tanto seus staccati no estilo Nightwish, aqueles "ah", tanto quanto sua muito efetiva região grave e seu timbre vocal lindo e obscuro. Os vocais se mantém através de todo o show, com "Die Alive" mais pro final demonstrando uma grande quantidade de diversão na performance vocal, que é especialmente impressionante ao fim de um show tão longo. A maior parte do setlist demonstra um grande senso de contraste e estrutura, equilibrando as músicas mais enérgicas com as mais lentas e calmas, o que cria um sentimento fluído de vai e vem. A única parte mais fraca de tudo é o último quarto do setlist, quando uma sequência de músicas mais lentas e baladas, de "Victim of Ritual" até a canção um pouco ironicamente chamada "Too Many," que fazem com que se perca o impulso inicial. Enquanto as performances são bem feitas e as últimas três músicas recuperam um pouco disso, é um elemento infeliz que poderia ser consertando ajustando a ordem das músicas para manter o ímpeto e é um pouco enigmático, dado que isso é bem feito no começo do show.

Os dois covers e os dois medleys no álbum são outros pontos altos do álbum. O cover de "Supremacy," do Muse, é bombástico e a banda estabelece um ritmo ótimo para apoiar algumas linhas vocais fantásticas que são muito impressionantes quando tocadas ao vivo. Igualmente, o cover de "Goldfinger" funciona bem no estilo do metal sinfônico e o estilo vocal de Tarja particularmente se encaixa nesta música. O que é impressionante em ambas estas faixas é a habilidade de Turunen de imbuir nestes covers o seu próprio senso de identidade, fazendo com que sejam suas próprias músicas ao invés de simples covers. Os dois medleys são igualmente excelentes. O medley de Nightwish - que consiste de "Tutankhamen," "Ever Dream," "The Riddler," e "Slaying the Dreamer" - tem uma enorme quantidade de energia nele, e há uma certa magia em ouvir as clássicas do Nightwish performadas com a voz de Trja novamente. É sempre bom ouvir quando performances ao vivo se desviam um pouco da gravação, e as liberdades tomadas com as partes vocais no medley são refrescantes, pareadas com algumas novas combinações instrumentais (tais como incluir uma parte de "The Riddler" entre a intro e o começo de "Ever Dream") que arranjam as melhores partes dessas músicas em uma composição efetiva. O segundo medley é completamente acústico e consiste de "Until Silence," "The Reign," "Mystique Voyage," "House of Wax," e "I Walk Alone". Este medley chamou a minha atenção, dado que os poderosos vocais de Turunen foram considerados uma parte fundamental de o Nightwish se tornar uma banda de metal ao invés de uma banda de folk acústico. O medley funciona muito bem, juntando a banda e o vocal bem, e todos os envolvidos estão claramente curtindo. Há uma grande musicalidade no show da banda, estabelencendo uma intersecção entre uma variedade de gêneros do folk-rock até o clássico e até o jazz (e um trabalho de piano especialmente bom).

Todos os elementos no show são fortes, da gravação até a banda, até a escolha de músicas e os vocais centrais. Uma grande variedade de estilos é exibida, com o aspecto principal do metal sinfônico nunca se distanciando, mas ainda permitindo que Tarja mostre sua extensão impressionante, tanto em vocal quanto em estilo. Este é um ótimo lançamento ao vivo e uma grande performance que qualquer fã da Tarja ou de metal sinfônico com certeza vai curtir.

Banda: Tarja
Álbum: Act II
Ano: 2018
Gênero: Symphonic Metal
Gravadora: earMUSIC
País de origem: Finland