Como diz o ditado, nem tudo que brilha é ouro. Mas também, nem tudo que é ouro necessariamente brilha. Foi essa a ideia que atingiu Tarja quando ela começou a trabalhar em seu novo álbum solo In The Raw.
"Ouro, nós pensamos, é algo polido e perfeito, sofisticado, um luxo - mas em seu estado natural, é um elemento bruto" explica Tarja. Assim como a música em seu novo álbum: uma combinação de orquestração sofisticada e refinada, coro, e sua voz classicamente treinada contra um centro dark, pesado, bruto. Colocado de forma simples, In The Raw é um trabalho incrível, folhado a ouro.
Três anos depois de seu último álbum, The Shadow Self (2016), In The Raw tem a voz de Tarja soando como sempre avassaladora. Trabalhando com muitos dos mesmos músicos e time de produção de antes, a intenção era trazer a ideia de crueza, brutalidade, que combinassem com os sentimentos que Tarja estava tendo no inicio do processo.
O álbum tem Tarja indo a lugares crus, pessoais em suas letras. Se abrindo mais do que nunca antes, ela diz que se sentiu nua com sua honestidade, mas satisfeita com os resultados de suas palavras.
O primeiro lançamento do álbum é a música Dead Promises, que é tudo isso e mais. Combinando o poder da voz de Tarja com guitarras trovejantes, a agressão da qual ela fala é trazida a frente, não ameaçando quebrar algo frágil, mas reforçando seu poder. "Eu realmente gosto de como as guitarras soam: na sua cara", ela diz "se eu estou cantando poderosamente, eu preciso de algo poderoso atrás de mim para que eu não me sinta isolada." Fãs descobrirão que no álbum, há uma versão desta música em dueto com o cantor Bjorn Speed Strid, do Soilwork.
"O único direcionamento que eu dei para o Alex (Scholpp) antes de começarmos a trabalhar em Dead Promises foi que eu queria uma música no álbum que fizesse as pessoas (e eu) pular nos shows. Muito :)
Ele criou a base na guitarra e eu gostei desde a primeira audição. Também decidi ali que queria a guitarra bem presente na música. O som bruto da guitarra ritmica em feral me dá a energia que eu preciso para relaxar enquanto canto. Eu tenho uma voz forte que precisa do apoio da minha banda, para que eu não me sinta sozinha. É precisamente essa energia bruta, agressiva que geralmente estava presente nas demos dos outros álbuns também. Eu comecei a pensar que eu não queria perder esse som dessa vez, e que ainda que nós fossemos ter a orquestração e o coro e vários elementos ricos no álbum, a guitarra e a banda precisavam ser o elemento principal dessa vez.
E assim o conceito de In The Raw começou a se formar.
Eu amei colocar alguns vocais mais operísticos nas músicas, que é um tipo de trademark desde o começo da minha carreira de rock. Antes de gravar meus próprios vocais, eu pensei na possibilidade de ter essa música como um dueto no álbum. Björn Speed Strid do Soilwork é um cantor talentoso que eu admiro há muito tempo. Quando ele aceitou ser parte da música, eu sabia que seria incrível. Ele fez um ótimo trabalho, você pode ouvir seu incrível alcance vocal."
Railroads
“Aparentemente, parece que eu escrevi letras estranhas, mas eu me inspirei em um livro. Paulo Coelho é um escritor muito importante, e descobri muito sobre mim mesma através de seus textos”, Tarja recorda. “No Aleph, ele vai em uma jornada e trem através da Sibéria, e ele escreve um livro baseado nas experiências dessa viagem. Eu quis ir além de tudo e pensar em mim mesma e na minha própria jornada. O álbum inteiro é uma jornada, de certa forma.”
O engraçado é que, “Railroads” é uma música muito antiga, a qual eu já tinha em demo por anos. Sempre pareceu uma viagem de trem e eu até a nomeei dessa forma antes de ter qualquer letra ou antes do “Aleph” ter sido publicado. É tão antiga que nem posso lembrar quando comecei a compôr, para o primeiro ou segundo álbum?”.
Goodbye Stranger
"A busca por um som cru nas músicas encontrou sua melhor expressão em Goodbye Stranger. Para mim, que estou acostumada a ter teclados, orquestra, e outros elementos em minhas produções, é bem diferente escrever uma música onde o poder vem todo da bateria, guitarra, baixo e vocais somente. Mas é assim que eu a amo! A música tem um clima aéreo, leve, espacial, flutuante nela mesmo sendo bem pensada.
Estava na minha cabeça há muito tempo que eu queria cantar com a minha amiga Cristina Scabbia. Meu sonho foi realizado nessa música. É uma honra ter a voz dela no meu álbum e nessa música em especial, onde consegui tê-la muito presente. Eu geralmente gosto de dar bastante espaço para os meus vocalistas convidados para que as colaborações sejam uma experiência divertida."
Let it go, let it go!
Why crave to hold your breath?
Take it slow, take it slow
There is no life in death
It is time, it is time
to leave the past behind and face yourself alone
In the raw
Tears In Rain
“Johnny Andrews sempre me faz voar com suas ideias para novas músicas! Sempre foi um prazer escrever com ele. Depois de anos, ele também entende melhor minha voz e meu gosto musical, então o processo de composição fica mais fácil dessa forma. Embora dessa vez não sentamos na mesma sala enquanto a música tomava forma, preciso dizer que essa me deixa muito feliz e orgulhosa. Quando terminamos de escrever a música, já a senti como uma das mais fortes do álbum. Tem a energia que me leva para frente. Usamos uma citação muito famosa do filme de Ridley Scott, Blade Runner. Um clássico que define o tom para a história da música ‘todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva’.”
I wish I could feel,
but I can't remember
What was forever
is never more
There's no monuments
just the fading sense
of what came before
We are gone
Nothing of us remains
Like tears in rain
Who we are
all of it washed away
like tears in rain
You And I
“Frequentemente me pergunto o que houve no mundo da música que eu dificilmente consigo pensar em grandes baladas recentes como as dos anos 60, 70, 80 e 90.
Sinto falta dessas ótimas baladas, então decidi fazer uma tentativa com a ajuda do meu amigo Matthias Lindblom.
Amo piano como instrumento. Comecei meus estudos musicais com o piano quando era jovem e hoje em dia escrevo minhas músicas com ele. Senti que eu precisava ter uma música com piano no álbum. Amo a simplicidade dessa música, embora o som massivo da orquestra possa fazer você sentir a beleza da vida. Quase como uma celebração da vida! A história dessa música pode significar o mundo para muitos.”
The Golden Chamber
"Essa música não tem uma banda de rock por trás dela, mas também representa quem eu sou. Como eu amo trabalhar com o compositor de trilhas sonoras Jim Dooley!!! Quando se trata de orquestras e coros, ele éo que eu quero do meu lado. Ele perfeitamente entende e compartilha o meu amor por música de filme. Eu amo a liberdade de expressar minhas emoções de formas simples mas efetivas. The Golden Chamber é uma jornada adentro da caverna escura onde eu mergulhei na esperança de encontrar algo mais brilhante. Tem a sensação de uma jornada de auto-conhecimento de novo. Foi bom escrever algumas linhas em finlandês de novo, o que eu não tinha feito em anos. Tudo fez sentido quando eu tinha a ideia geral dessa música orquestral pronta. É um caminho fora do comum para um álbum de metal, mas eu tinha que retornar para as minhas raízes e expressar minha paixão por música de filme com a música central desse meu novo álbum."
Spirits of the Sea
"É ótimo poder trabalhar com pessoas que me inspiram. Bart Hendrickson é um deles. Eu tenho escrito muitas músicas com ele no passado e nossas músicas sempre tiveram um toque especial e único. Bart está envolvido tanto na cena cinematográfica musical quanto no rock, então vocês podem imaginar que a mágica acontece quando nós dois nos juntamos para escrever uma música. Ele me enviou uma demo com uma pequena semente do que seria Spirits. Estava escuro, triste. Inicialmente pensei que ela não ia caber o álbum e eu tinha outras canções na época. Uma música triste precisa de uma história triste. Quando compus as melodias, uma linha veio claramente para mim: Spirits of the Sea. Eu não conseguia tirar isso da minha cabeça. E então me lembrei de ler a notícia do incidente do submarino ARA San Juan da Argentina. Ele desapareceu, deixando algumas dúvidas sobre os 44 membros da tripulação. De repente, o mundo inteiro esperava que esta embarcação pudesse ser encontrado e o impacto seria imenso. Eu morei na Argentina há muitos anos, então senti uma conexão e inspiração para escrever uma história sobre isso. Eu adorei escrever essas letras sonhadoras, mas sombrias nessa música em particular eram como um lembrete. Eu imaginava o que esses homens e mulheres da tripulação e seus entes queridos poderiam ter passado. Uma perda triste e desnecessária.
Pelo lado positivo, estou muito feliz de contar com Carlinhos Brown, um famoso artista brasileiro, que é um grande percussionista. Ele definitivamente ajudou a moldar o som tribal para os álbuns mais bem sucedidos do Sepultura. Ele me deu o sabor que eu procurava para a música. Agora meus ouvintes podem mergulhar fundo e abraçar a memória dos espíritos do mar comigo".
I watched you go at wave-beaten shore where wind stood still
Felt grey and cold the moment you went away from me
Now dreams are sleeping with your quiet destiny
Underway to dwell the longer on your memory
Meet me at the hour of dawn
Think of us after you’re gone
Wait for me at the edge of the sky
Promise me our love won’t die
Fear of men no longer lives
Let the sunlight dry our tears
I'll go
The Ashrays chanting with their velvet silver hair
Nocturnal, luring choirs will live to tell the tale
The quest of overwhelming fortune came to an end
Burning inside of us remain their eternal flames
Never let them go
Where the stars can’t reach,
living infinite
They’ll always know
Kept in secrecy
44 and me
Spirits of the sea
Never break their freedom in supreme tranquillity
Seeking for truth
My brothers of the blue