E: você saiu da praira para chegar em outra praia aqui na Finlândia, bom dia, Tarja Turunen!
T: Bom dia!
E: você mora na Espanha. Tem tradições de verão, como as guerras de bolo daqui?
T: bom, isso não, é uma tradição incomum! Acho que talvez não dê pra chamar de tradição nem aqui (risos). Mas ao ar livre... Sim, nós gostamos de ficar ao ar livre, o ar e o clima, que nós temos bom o ano todo lá, constantemente podemos aproveitar as montanhas e o mar... e a vida!
E: você mencionou mais cedo que encontrou uma boa base para a vida...
T: Sim, foi muito importante. Eu estava me sentindo um pouco sem teto, sabe. Vivendo de uma mala de viagem por muitos anos, é uma vida que parece sem chão, tem muita diferença ter um lar e seu coração sentir que está em seu lugar.
E: mas você não parou de viajar, certo?
T: não, isso não muda faz... Quanto tempo eu faço isso? mais de vinte anos. O verão é uma época corrida, mas é bom porque os fins de semana estão cheios de festivais, e eu posso voltar para casa para ver minha família por uns dias, sempre, quase toda semana. Agora a sensação é diferente porque eu tenho um novo álbum vindo e tudo mais, eu vou estar longe de casa bastante, eu ainda não tenho essas tours longas, mas elas estão vindo.
E: Por todo o mundo? já sabe os lugares?
T: O álbum sai em agosto, começaremos em setembro uma longa tour na rússia, então em outubro uma longa tour na américa do sul, e aí Finlândia no fim do ano para uma longa tour de Natal, e alguns shows na Europa central também com a tour natalina. E ano que vem tour de novo o ano inteiro com o novo álbum, da Europa para ásia para a América, para América do Sul, mais uma tour na Rússia...
E: uau, você consegue se manter a par de tudo isso?
T: Não, não dá (risos). Claro que eu estou ciente de onde preciso ir e do que eu preciso fazer, mas você não pensa sobre isso. Eu vivo no momento e no presente, não é... saudável ficar pensando nas coisas com tanta antecedência. Você tem que se manter em forma, tanto fisicamente quanto mentalmente.
E: sua familia viaja com você?
T: Não mais. Minha filha começou a escola alguns anos atrás na Espanha, eles começam a escola bem cedo lá, Naomi só tem seis anos, faz sete no fim de Julho, mas isso mudou nossa vida. Ela nasceu como um bebê de tour e viu e foi comigo em todos os lugares, tanto no estúdio como nas tours pelo mundo... O mundo ficou um lugar pequeno pra ela, como uma menina internacional que já fala três línguas, mas é, foi uma grande mudança.
E: O In The Raw sai em agosto, e o primeiro Single Dead Promises já está disponível, vamos ouvi-lo. (...) Você disse que queria uma guitarra mais forte para acompanhar os vocais.
T: para apoiar minha voz. É um pouco como eu estar na frente de uma orquestra sinfônica com 60-80 músicos atrás de mim me dando apoio como cantora, eu preciso disso em uma banda de rock também, e a guitarra é um instrumento que pode fazer isso. Eu frequentemente componho com guitarristas hoje em dia, são colaborações que se tornaram importantes, que elas funcionem e sejam vívidas... Você pode ouvir iss no álbum todo. Claro que o álbum também é bem variado, é mais do que só guitarras e uma banda alta, também tem bastante orquestra e bastante de mim.
E: Tem muito de você, você compôs, escreve as letras. Como foi o processo dessa vez?
T: Foram dois anos, entre as tours quando eu ia pra casa eu compunha. Eu componho no piano, tenho um lindo piano de causa que é um instrumento bem melancólico, eu componho nele. Dar a luz a estas músicas demorou uns dois anos. Eu comecei a escrever as letras no começo do ano, e esse foi um processo bem doloroso, mas... Eu acredito que todo processo criativo tem uma certa quantidade de angústia, senão... Angústia dá bons resultados. Digamos, per aspera ad astra - pelas dificuldades até as estrelas. Ainda é verdade, também no processo criativo.
E: Na finlândia você é conhecida como uma cantora de música clássica, mas o metal permanece com você desde os tempos do nightwish. O que é isso?
T: Pense sobre mim, uma menina que começou a cantar numa banda de metal... Eu era estudante de música clássica, fui toda a minha vida até aquele ponto. Eu encarei um desafio naquele ponto, começar a cantar em uma banda de metal... eu sempre fui uma pessoa que ama desafios, se eu sinto que sou capaz de fazer algo, se eu gosto, é claro que tentarei meu melhor, é tudo ou nada, nada vai me parar, e é isso. A vida me levou para um lado diferente e eu achei um novo amor, achei um novo amor no metal, no rock, e hoje eu componho música eu mesma para minha própria audiência, o que é simplesmente maravilhoso. Eu encorajo as pessoas a terem suas mentes abertas. Se alguém diz que a grama é mais verde do outro lado do muro, vai lá e veja o que realmente é dalí, ninguém vai vir bater na sua porta e te levar lá.