Em seu site, a jovem designer Sharon Boucquez de apenas 26 anos falou sobre o vestido usado por Tarja para representar Ana Bolena para o projeto “Portraits” de Tim Tronckoe.

“Vestidos históricos sempre foram uma das minhas maiores obsessões, mas como uma jovem designer que acabou de sair da escola, parecia que estava fora do meu alcance. E agora estou aqui, orgulhosa de dois vestidos com inspirações históricas.

O primeiro que eu quero falar é a minha interpretação de um vestido do início do século XVI que foi usado pela cantora de metal Tarja Turunen. Tarja tem a aparência perfeita para representar Anna Bolena da Inglaterra.

Típico para vestidos daquele período, eram a gola quase quadrada mas levemente curvada, mangas estreitas e no inverno cobertas por enormes punhos de pêlos. Claro que haviam diversas camadas, mas como era para um projeto fotográfico, decidi fazer apenas duas saias.

O vestido é customizado nas medidas da Tarja, o que significa que é feito para o corpo dela. Desenhei o padrão do zero usando o método de elaboração de padrões. Brinquei com o formato da gola baseado nas fotos e pinturas daquele período para fazê-lo o mais preciso possível. Usei o mínimo de de costuras, já que era o comum para esse tipo de vestido.

Para a underskirt eu desenhei o painel frontal em forma de triângulo e mantive-a reta sobre a barriga. O resto da saia são retângulos que foram colocados juntos na cintura para criar volume. O mesmo para a saia de cima, menos o painel frontal.

Desenhei as manhgs muito estreitas como era o estilo no passado. Mas as mangas de pele artificial pediam por alguns rascunhos e experimentos até eu encontrar a forma perfeita.

A underskirt tem um painel frontal feito em um tipo de veludo de outro com uma impressão em damasco pois esse será visível, enquanto os painéis invisíveis estão em algodão não branqueado. Para o overskirt e corpete encontramos este belo veludo de seda em um azul escuro real. Tinha que ser o azul certo e aquele brilho rico que você esperaria de vestidos reais de veludo. Encomendei muitas amostras, mas apenas uma loja em Bruxelas os tinha, Max Bloch, que tinha o tecido correto. 

Trabalhar com veludo não é tão fácil, apesar de que me acostumei já que fiz uma coleção completa de veludo na escola.

Tive que fortalecer o tecido, então usei uma solução moderna usando interface fundível. É uma camada que você passa na parte de trás dos tecidos. Existe em diferentes espessuras e rigidez, então usei uma muito espessa já que eu não planejava usar barbatanas. Novamente, isso foi para um photoshoot.

Forrei o corpete com um coutil pesado, o mesmo tecido que uso em espartilhos.

Nas mangas acrescentei pequenas algemas no mesmo tecido que a parte da frente da underskirt e terminei a parte de trás com ilhós dourados e cordão para amarrar.

Para adicionar um drama extra, gostaríamos dessas mandas de pele, e novamente fui muito seletiva em escolher a correta. Claro que não queríamos comprar pele de verdade, mas tenho que dizer que essa que encontramos em Verkempinck em Ostend parece muito real.

Depois um acessório adequado para a cabeça foi feito, junto com rolos de papel higiênico para debaixo das saias e também usamos uma já existente crinolina para criar o formato de sino.

Finalizei o vestido com costurando uma fita com pérolas ao redor da gola à mão, adicionando um colar de cruz.”