Tarja: Primeiro, obrigada por ter nos recebido hoje, neste lugar especial, celebrando a cidade. Estou muito honrada por fazer parte disso e muito feliz por voltar a Romênia. É sempre um prazer visitar este país lindo e seus fãs. Viemos da Polônia, estávamos no  festival  “Majorca” noite passada... não, no dia anterior, nós viajamos noite passada. Fizemos um longo percurso para chegarmos até aqui: dois voos e uma viagem de carro saindo de Bucareste. Bem interessante, pelas montanhas. Queria ter visto mais, mas infelizmente nosso tempo sempre é limitado.

 

Repórter: Você já esteve na Romênia várias vezes. Qual a diferença do público romeno?

Tarja: O público romeno é muito caloroso. Vocês sempre nos receberam muito, muito bem. É sempre um prazer vir cantar para vocês. É engraçado, porque eu sou uma garota nórdica, venho da Finlândia, onde esse tipo de música é bastante celebrado mas nossa cultura é muito diferente da de vocês. Indo para o sul da Europa as pessoas vão ficando mais... fervorosas. É sempre muito bom cantar na Romênia.

 

Repórter: O que podemos esperar do show desta noite?

Tarja: Será um show longo, com uma setlist de matar. Vamos tocar músicas de todos os meus álbuns, incluindo os mais antigos. Talvez tenha uma surpresa para vocês... vamos tocar uma música que nunca tinha sido tocada.

 

Repórter: O que você prefere: o momento da composição ou da performance?

Tarja: São estágios muito diferentes. Hoje eu gosto muito de escrever sozinha e com as pessoas que trabalham comigo. Tenho músicos maravilhosos, um time de pessoas incríveis que me ajudam; eu sou muito sortuda! Atualmente, componho músicas sozinha muito mais que antes. Aprecio muito esse processo. Encontrei a paz e confiança para compôr, o que é incrível. Quando estou produzindo, quando a gravação está em minhas mãos e posso ouvi-la...pensar em todo o processo pelo qual passei é fantástico. Cantar essas músicas para o público e ver a recepção das pessoas, ver que elas gostam... não há nada como isso... acho que seria uma pessoa miserável se não pudesse fazer shows, sabe? Seria muito triste cantar sozinha, na sala de casa. É maravilhoso receber o amor dos fãs.

 

Repórter: Como o mundo da música clássica aceitou que você também canta rock?

Tarja: Não é que eles aceitaram, eu não sei... será? (risos) ainda estou aqui depois de todos esses anos, com carreiras na música clássica e no rock. Como? Porque sou uma garota que trabalha duro. E porque sou respeitada diariamente. Acredito que música se trata de emoção, e quando você tem um coração aberto e é verdadeira com a música, você consegue ser aceita.

 

Repórter: Em qual dos dois estilos você se sente mais confortável?

Tarja: Sinto-me em harmonia com os dois. Você pode chama-los de diferentes, mas para mim é música. Eles estão em harmonia em mim. É como se fosse o balanço entre o lado direito e o esquerdo. A música clássica me mantém cantando, me mantém em forma, porque eu preciso treinar continuamente, não posso interromper esse processo. Depois de todos esses anos, eu percebo que estou muito mais livre quando estou cantando rock. Quando me sinto confiante no canto lírico, me sinto confiante no rock. Isso me dá liberdade de... me divertir, sabe?

 

Repórter: É incômodo ser apresentada como ex-Nightwish?

Tarja: Não. Eu sempre serei a ex-vocalista do Nightwish, não há dúvidas quanto a isso. Estive com eles no início da banda, mas para ser honesta, tenho meu próprio nome, minha própria carreira que é muito mais longa que a que tive com  a banda, mas não me importo, porque essa foi uma parte importante de minha história e me permitiu fazer música por conta própria. Nós fizemos lindas músicas juntos.

 

Repórter: O que vocês acham sobre esse tipo de festival no centro da cidade?

Tarja: O que esses rapazes acham a respeito do festival, pergunte a eles (risos)!

Kevin: Tocar nesse tipo de festival é maravilhoso, porque você está bem no centro cultural (..). Sou o único americano na banda. Em cada cidade que visito posso dizer “leve-me ao centro”... não dá para fazer isso nos Estados Unidos, porque não há necessariamente um centro da cidade. Eu sempre admirei como vocês... e isso é por toda a Europa... vocês tem um centro onde a cultura é vívida. É uma honra fazer parte de algo que existe há muitas gerações. Sentimo-nos honrados por sermos convidados para algo desse tipo.

Tarja: É lindo!

Kevin: muito lindo!

 

Repórter: estes são os integrantes de sua banda.

Tarja: Sim, este é o baixista, Kevin Chown; Max Lilija, violoncelista; baterista, Timm Schreiner; tecladista, Christian Kretschmar; e guitarrista, Alex Scholpp.

 

Repórter: posso fazer uma pergunta mais pessoal?

Tarja: não sei (risos).

 

Repórter: Você é bem ativa nas redes sociais. Vi um post seu com a tag #workingmama (mãe que trabalha). Como você consegue conciliar vida de artista, de mãe e vida pessoal?

Tarja: Isso pode soar bastante complicado. Ser artista e ser mãe não é fácil, mas eu tenho um ótimo parceiro de crime. Meu marido me ajuda muito. Quando minha filha nasceu, ela nasceu para ser um bebê de turnê. Todos esses rapazes a conhecem desde quando ela nasceu. Ela estava em todos os lugares pelo mundo comigo. Esse mundo ficou próximo a ela, se tornou o mundo dela. Ela fala três línguas. Ela se divertia muito quando estava em turnê. Agora, ela está na escola, que começa neste verão; mas tudo que ela aprendeu durante o tempo pelo mundo, aberta às pessoas, às coisas, continua sendo importante. Somos todos os mesmos, no final do dia. Para mim, claro, é difícil ficar longe de minha família no dia das mães. Adoraria correr com minha filha, como costumávamos, mas sei que ela está bem. Graças à tecnologia, posso conversar com ela pelo facetime. Ela me liga para dizer oi, conto que estou indo para o palco. Ela está bem. É sobre encontrar a harmonia entre ser mãe e artista.

 

Repórter: Li em algum lugar que você está preocupada com as mudanças climáticas. Você discute esse problema com sua filha?

Tarja: Sim, ela chega da escola e nós sempre discutimos isso. É o futuro, é algo muito importante.

 

Repórter: Que conselho você tem a dar para jovens, adolescentes que estão prestes a começarem uma carreira na música?

Tarja: Bom, não sei se consigo encontrar um, mas eu... é somente o fato de que você tem que ser verdadeira consigo. Claro, é necessário ser brava e ter muita coragem para adentrar no mundo da música. Nada vem muito fácil. Os anos 80 já se foram, não voltarão. É uma luta ser artista. Quando você está muito alto, é tudo muito instável. Você precisa trabalhar muito e procurar por ajuda.

Repórter: O país de onde a pessoa vem não interfere no sucesso? Quero dizer, americanos talvez tenham mais sucesso que romenos...

Tarja: Bem...

Kevin: Eu não sei se concordo com você nisso, porque sou americano. Acho que muitas pessoas em vários lugares assumem que se você está nos Estados Unidos, é mais fácil, de alguma forma. Eu discordo. Acho que os EUA é mais desafiador, porque você tem um tipo de competição elaborada, da qual você sempre faz parte. Acho que quando você vai a países menores, é como se fosse ir para casa. Você tem apoio das pessoas não só pela música, mas por ser também representante do país, da cidade...é um grande sistema de apoio para artistas de qualquer país. É sobre ser honesto e sua voz se tornar a voz de muitos.

Tarja: Inteligência é muito necessária, na verdade...

 

Repórter: Sorte, talvez?

Tarja: Sim, isso também.

 

Repórter: Qual a parte mais difícil se ser uma celebridade?

Tarja: Isso (risos). Não, estou brincando...

Christian: Ficar trancado no quarto de hotel.

Tarja: Sim, essa é a parte mais difícil. Eu fico trancada no meu quarto, apenas aguardando a hora de sair. Bem, eu saí do meu país natal há alguns anos e essa foi uma das razões, porque no final do dia eu sou apenas uma pessoa; mas ser uma “celebridade”... eu não apreciava isso. Eu não podia ter uma vida normal, e agora que tenho uma família...

 

Repórter: O que você teria se tornado se a música não fosse parte da sua vida?

Tarja: Eu acho que faria algo relacionado ao teatro, porque quando eu era criança meus pais me levavam para ver muitas peças e musicais. Talvez atrás da cortina fosse meu lugar, eu não sei...

 

Repórter: Você planeja voltar a morar na Finlândia algum dia, quando for mais velha, com sua família?

Tarja: Não, mas eu não sei o que o futuro trará para mim; mas há certas coisas do meu país natal das quais eu sinto muita falta. Minha família ainda mora lá. Eu tenho a Finlândia em mim o tempo todo. Sou finlandesa, e não se tira esse aspecto de uma mulher nascida na Finlândia. Amo visitar meu país natal, amo estar lá, mas acho que meu lar deve ser onde meu coração está.

 

Repórter: Falando sobre o futuro, quando será lançado seu novo álbum?

Tarja: Uma música foi lançada há poucos dias, música que compus com Alex. O álbum será lançado no final de agosto. Estou muito feliz com ele e começarei uma turnê... coisas boas acontecerão.

 

Veja o vídeo aqui.