Prestes a lançar o sétimo álbum de sua carreira solo, “In the Raw”, em 30 de agosto, conversamos com a soprano Tarja Turunen sobre as participações no disco e por que ela escolheu dar as gravações um toque mais pessoal.

 

Repórter: Obrigada pelo seu tempo, Tarja. Você está prestes a lançar seu sétimo álbum. O que os fãs podem esperar?

Tarja: Meu deus, isso soa como muita coisa, muitos números (risos), mas soa muito legal... o sétimo álbum... você pode pensar, ao ouvi-lo, que é o mais pesado já lançado até o momento, mas quanto mais você se aprofunda nele, também ache que é o álbum mais orquestrado de minha carreira até aqui. É um álbum muito versátil e pessoal. Eu diria que é meu álbum mais pessoal, me sinto muito confiante sobre ele, foi uma grande tarefa terminá-lo. Pareceu um parto, porque eu estava tão cansada e não sabia se conseguiria escrever outra música (risos). Agora, sinto-me completamente revigorada. Já cantei a primeira música em alguns festivais e a recepção foi boa, me deixou confiante.

 

Repórter: Sete álbuns em sua carreira solo. O que você espera alcançar com esse álbum além do que foi alcançado com os anteriores?

Tarja: Na verdade, não penso dessa forma, eu vivo o momento. Quando componho, as músicas surgem como são. Talvez sejam músicas que, quando começo a compor, eu reencontre alguns demônios ou ideias que, quem sabe, sejam deixadas de lado. Elas são sobre sentimentos pessoais, sobre o momento que estou vivendo e o que quero dizer. Isso tudo se junta e toma forma. Eu nunca repito o que fiz antes. Eu realmente vivo naquele momento específico.

 

Repórter: Nesse álbum, você trabalhou com Bjorn, do Soilwork e com Cristina Scabbia, do Lacuna Coil. Como foi trabalhar com essas pessoas e o que elas adicionaram às músicas?

Tarja: Muito! Também o Tommy, do Kamelot. Eles acrescentaram muito, todos são cantores incríveis, únicos, com vozes inconfundíveis. Sou fã de todos, por isso eles estão no álbum. Sinto-me honrada, tenho muita sorte de ter as vozes deles no meu CD. Sempre que canto com alguém, procuro dar aos cantores espaço nas minhas produções, porque de outra forma não faria sentido. Eles precisam ser bem representados; espero que eu tenha tornado isso possível e que eles estejam felizes com as músicas das quais participaram. Tommy, por exemplo, veio com 48 gravações de vocais, eu não acreditei. Chorei feito criança ouvindo. Todos puseram suas almas nas minhas músicas, o que eu aprecio bastante. As músicas não seriam as mesmas sem as colaborações deles.

 

Repórter: Qual o critério que você utiliza para selecionar colaboradores? Há alguém com quem você queira trabalhar no futuro?

Tarja: Eu tinha essas pessoas em mente quando estava com as músicas prontas. Goodbye Stranger é bem diferente para mim – ela tem apenas guitarra, baixo e bateria – sem nenhuma orquestração ou teclados. É bastante crua. Eu tinha a Cristina em mente para um dueto há muito tempo. Essa é uma música para ser cantada com outra mulher. Esse tipo de música fala com quem ouve, essa foi a razão para pensar em quem poderia cantá-la comigo. Algumas músicas, como Silente Masquerade, não compus para ser cantada com outra pessoa. A princípio, quando a escrevi, ela não era um dueto de forma alguma. Quando estava em produção com orquestra e coro, percebi que como dueto ela ficaria fantástica e agora ela é.

 

Repórter: Você descreve esse álbum como bastante lírico e pessoal. Porque você decidiu tomar esse caminho nessa produção?

Tarja: Eu não estava pronta antes, não era o momento. Eu precisava fazer isso nesse álbum. Foi apenas isso.

 

Repórter: Como foi dar esse caráter tão pessoal às músicas desse álbum?

Tarja: Eu meio que comecei esse caminho nas letras dos meus álbuns anteriores. Comecei a me descobrir e a pensar que posso ser uma pessoa melhor ou porque sou tão perfeccionista. Comecei a me questionar. Por que me preocupo tanto com o futuro, por exemplo? Por quê? Por quê? Tudo é maravilhoso! Minha vida é repleta de amor, sou amada, posso amar, sou saudável. Não posso reclamar, então por que estou questionando as coisas? Era o momento para que eu fosse a fundo e a música sempre foi o caminho para mim. Somos tão sortudos por podermos fazer isso. Temos o meio para extravasar que a maioria das pessoas não tem. É um momento de vida, como me sinto e onde estou.

 

Repórter: Seu último trabalho foi há três anos. Você acha que mudou como cantora e como pessoa durante esse tempo?

Tarja: Como cantora, estou muito melhor agora (risos). Bem, eu estou! Tenho me exercitado feito louca! Não sei se tem a ver com o fato de ter chegado aos quarenta. Desde que cheguei aos quarenta, meio que deixei algumas coisas de lado. Comecei a viver. Sempre lembro de quando minha mãe chegou aos quarenta... eu era pequena e pensava que ela era tão velha e linda ao mesmo tempo. Em breve, farei quarenta e dois anos. Penso que sou tão jovem, vibrante e cheia de vida de um modo que não era antes. Não quero me preocupar tanto quanto antes, então me sinto mais confiante. Sinto que, como cantora, alcançar notas mais altas nunca foi tão fácil.

 

Repórter: Você trabalhou com nomes como Björn e Cristina. Você mantém contato com a cena do heavy metal?

Tarja: Infelizmente, não tanto. Quando você trabalha com música tanto como eu, tende a não saber muito sobre o que está acontecendo. Há algumas bandas que acompanho e, claro, gosto de ouvir as músicas e saber novidades a respeito. Bandas como In Flames, Rammstein ou Lacuna Coil. Acompanho as redes sociais deles para me manter a par do que está acontecendo mas, sobre novas bandas, não sei... é muito difícil para mim conhecê-las.

 

Repórter: Seu álbum será lançado no final de agosto. Quais seus planos para depois disso?

Tarja: A turnê começa logo depois do lançamento e será longa. Primeiro Rússia, em Setembro, em Outubro, América do Sul. Novembro e dezembro, concertos clássicos ou natalinos na Finlândia, Rússia e outros países europeus. Será uma longa turnê. Em janeiro, farei mais uma. Em fevereiro, outra turnê pela Europa, que continuará em março, durante a temporada de festivais. Então, muitas turnês.

 

Repórter: Obrigada pelo seu tempo, Tarja. Boa sorte com seu novo álbum. Você gostaria de deixar um recado para os fãs?

Tarja: Muito obrigada pelo apoio e pelo carinho. Obrigada por estarem comigo durante esses anos incríveis. Vocês têm estado comigo nos bons e maus momentos, o que é maravilhoso! Vejo vocês em breve!