"Como a Tarja Turunen se tornou carnívora?
Tarja Turunen tem passado os últimos vinte anos de sua vida no exterior. Ela já morou em Karlsruhe, na Alemanha; em Buenos Aires, na Argentina, e pelos últimos três anos em Estepona, na Espanha. Embora ela tenha deixado a Finlândia, a Finlândia não a deixou.
A entrevista se passa na casa de Turunen, uma linda moradia que foi finalizada há alguns anos. Pastéis da Carélia são servidos à mesa para convidados e Turunen serve café em canecas de Marimekko. A característica mais predominante da sala de estar é a cadeira redonda desenhada por Eero Aarnio. Outros designs e pratos finlandeses estão dispostos por toda a casa, também.
 
— O estilo finlandês é parte de nossa família. É evidente até em meu marido argentino, Marcelo. Além disso, em nossa casa o maior fã de pastéis da Carélia é exatamente o Marcelo, eu pelo menos passo mais tempo na sauna que ele.
 
Os anos no exterior foram muito frutíferos, Turunen vê que seu jeito finlandês tem sido majoritariamente exitoso tanto profissionalmente quanto em sua vida privada.
— É até engraçado porque alguns de meus fãs sul americanos estudam finlandês. As pessoas estão interessadas em bandas finlandesas e os maiores nomes da música clássica são familiares no exterior.
— O jeito finlandês também tem uma marca positiva no sentido de que somos vistos como pioneiros.
 
Argentina e amigos
— Da Alemanha eu me mudei para a Argentina, Marcelo já estava na minha vida nesse tempo. O ritmo de vida é completamente diferente na grande cidade de Buenos Aires. Na verdade, não foi um grande choque para mim, eu sempre vivi uma vida muito corrida, fazer turnê ao redor do mundo me ensinou bastante.
— É claro que a burocracia da Argentina e a lentidão me surpreenderam. As primeiras visitas a repartições públicas são muito frustrantes, há muitas filas e as coisas parecem não funcionar. Você aprende que se você planeja fazer cinco coisas em um dia na realidade você só vai conseguir fazer duas no máximo. O ponto é aprender a não se estressar.
 
— A vida em Buenos Aires foi caótica de muitas formas. Você podia ver todas as cores da vida lá. Eu amo esse tumulto. Para uma menina do interior, de Kitee, passar todos os dias em Buenos Aires é uma aventura.
— Eu fiquei impressionada com a cozinha argentina. Eu não era muito comedora de carnes antes. Demorou anos para o Marcelo me fazer experimentar carne argentina. Uma vez que você prova, você certamente vai querer mais, porque é tão bom, é como doce. Tenho sorte que há um restaurante aqui em Marbella onde você pode conseguir carne argentina cozida de boa qualidade. Nós vamos lá pelo menos uma vez por semana para comer.
 
Para a segura Espanha
— Mudar para a Espanha foi uma solução muito natural para nós. A maioria dos meus shows acontece na Europa Central e Oriental, voar o oceano constantemente começou a pesar bastante. Especialmente quando nossa filha cresceu para uma idade em que não podia mais ir a todas as turnês. Ficar longe da minha família é uma coisa terrível, e enquanto vivo na Espanha uma viagem de turnê pelo menos não dura longos meses.
— A preocupação com a segurança da Naomi foi o fator mais importante pelo qual nos mudamos para a Europa. A situação política, financeira e social da Argentina está em um estado tão frágil que alguns efeitos colaterais facilmente ameaçam a segurança das pessoas. Aqui em Andaluzia a situação é completamente diferente.
— Naomi também aprendeu como ser uma mulher do mundo desde muito cedo. É muito divertido ver ela pedindo sua própria comida em um restaurante em espanhol, inglês ou finlandês. Os garçons geralmente sorriem quando ela levanta o dedo e pede “a conta, por favor”.
 
Seu sotaque causa sorrisos
A postura dos espanhóis frente a estrangeiros é geralmente considerada um pouco arrogante. Turunen tem uma sensação diferente a respeito do assunto.
— Quando um finlandês fala espanhol com um sotaque argentino para um espanhol, geralmente é motivo de diversão. Sempre criamos boas histórias e as conversas levam a finais engraçados. O dialeto de Andaluz é realmente difícil de entender. Enquanto construíamos a nossa casa nos perguntamos se a gente realmente falava a mesma língua que os construtores. Marcelo fala espanhol como sua língua nativa e ainda assim houve alguns problemas de comunicação algumas vezes.
 
Trabalhando em casa
A casa de Turunen tem uma sala que funciona como um estúdio, espaço de treinamento e o centro de trabalho criativo. A sala tem um piano de cauda que Turunen usa principalmente quando está compondo e fazendo arranjos, a sala também tem o equipamento perfeito para gravação e mixagem. Os videoclipes de Turunen também são editados lá.
— Eu e o Marcelo fazemos basicamente tudo nós mesmos. Nós contratamos músicos para diferentes sessões, eu escrevo minhas próprias músicas, produzimos os álbuns juntos e Marcelo vende os shows. Há muito trabalho mas quando você é seu próprio chefe dá uma certa liberdade para fazer os agendamentos e outras coisas. No momento, ninguém de fora faz decisões sobre o meu trabalho para mim. O trabalho de um artista tem duas partes. Uma parte é criar novas coisas e o outro é apresentar o material pronto em shows, à mídia, em álbuns e outros eventos.
— Essa parte criativa consome a maioria do meu tempo e energia. Por exemplo, depois do processo de compor e arranjar o álbum que foi lançado no último outono, eu estava completamente esgotada. Depois de uma espremida dessas geralmente demora muitos meses para eu conseguir criar qualquer coisa em frente ao piano.
No trabalho de um artista, você sempre está exposto à crítica. Turunen diz que críticas construtivas são uma ferramenta importante para o desenvolvimento, mas ela não liga muito para as perturbações das redes sociais e ela nem mesmo lê os comentários.
— Eu tenho ouvidos, mas não confio neles completamente. Eu mantenho uma relação de Skype com meu professor de canto argentino, antes das gravações dos meus álbuns nós fizemos algumas sessões online. Outra pessoa pode ouvir muitas coisas para as quais já estamos cegos e surdos.
 
Rússia tem os fãs mais fanáticos
Turunen faz turnês ao redor do mundo. Ela é conhecida em todo o mundo, mas onde estão os fãs mais intensos?
— Os fãs da América do Sul são bastante fanáticos, mas os fãs russos talvez sejam os mais intensos. Eu apresentei uma vez em Samara em um grande festival fazendo um dueto com um grande rock star russo e isso gerou muito feedback positivo. Na Rússia eu tenho sido aceita como uma roqueira e como uma artista de música clássica. Isso é bastante raro, geralmente uma audiência é claramente dividida entre um dos gêneros.
 
Trabalho clássico e outros projetos
Música clássica se tornou mais importante do que nunca para Turunen. Ela pensa que irá fazer muito mais concertos clássicos no futuro do que faz agora.
— Estou um pouco acima dos 40 anos agora. Pelo menos na minha opinião, minha voz agora soa e trabalha melhor do que nunca antes. Eu tomo muitos cuidados com minha voz e minha saúde. Eu espero que no futuro possa conseguir um status significante como cantora de música clássica.
 
Turunen também planeja todo tipo de projetos musicais ocasionalmente. Um projeto baseado em música eletrônica está no horizonte.
— Nós pensamos em gravar as últimas faixas para esse projeto durante as próximas semanas. É música eletrônica, onde uso minha voz como um instrumento. É tipo música para relaxar, mas não é música de elevador de modo algum, embora seja relaxante. Esse projeto já me tirou muitos anos e agora finalmente está começando a ficar pronto. Eu não consigo compartilhar nenhuma data para lançamento, mas virá.
— Eu não tenho planejado ir para o tango embora eu tenha cantado Satumaa no último verão. Um produtor comemorou que esse possa talvez ser o próximo projeto de sucesso. Teremos que adiar um pouco esse gênero, embora eu ache que a combinação Finlândia e Argentina seria bastante natural, Turunen ri."
 
Tradução Finlandês-Inglês: Tarja Turunen Suomi.