“Você me verá na música até meu último suspiro"
 
E: vendo quanto movimento sempre tem a sua volta, você parece a artista mais ocupada do mundo, estou errado?
Tarja: Obrigada por me fazer rr! (risos). Estou ocupada, bastante ocupada, mas realmente gosto que seja assim. Obviamente tenho meus prazos e às vezes tenho que correr para entregar todas as coisas que estou fazendo ao mesmo tempo, mas sou uma mulher que precisa seguir melhorando e progredindo. Ser uma artista é um trabalho constante, e se fosse de outra maneira você já não teria mais notícias minhas!
 
E: Seu último álbum, IN THE RAW, foi um novo sucesso na sua carreira. Suponho que toda vez que você compõe e grava um disco você utiliza um tempo que, literalmente, não tem. Certo?
T: Tem razão. A verdade é que preciso desses três anos entre cada álbum de rock que faço, já que estar em tour para mim é muito pesado. São períodos sangrentos e enquanto estou nas tours não consigo compor. Quando estou em tour, minha cabeça está bem longe do processo de criar música. Também tenho muitos outros projetos acontecendo simultaneamente, mas só tenho que ficar de olho neles para não queimar.
 
E: Quando um artista tem tanto trabalho, uma pergunta parece obrigatória: você continua motivada com o que faz? ainda gosta e sente conforto em ser uma artista internacional com tanto trabalho?
T: Eu adoro a música. A música foi meu primeiro amor na vida e me sinto muito privilegiada de poder trabalhar com esse amor. Posso ser livre, feliz e me expressar com meu trabalho. Tem algo melhor que isso? se um dia eu não sentisse essa paixão pela música, seria o momento de mudar toda a minha vida. Realmente espero que nunca aconteça. Por exemplo, se eu não pudesse mais estar nos palcos, me tornaria uma merda miserável e não seria uma companhia agradável. Eu respiro por e para a minha arte.
 
E: Por outro lado, para continuar progredindo nas suas habilidades interpretativas, estou certo de que você precisa seguir estudando e praticando com sua voz. Como você organiza seu tempo para isso?
T: Eu levo um estilo de vida muito agitado, porque tenho que planejar todos os meus horários com antecipação, do contrário teria sérios problemas de falta de tempo. Não se esqueça que além de tudo sou mãe de uma menina de 7 anos! (risos)
Sobre o treinamento da minha voz, eu tenho aulas de canto de vez em quando com minha professora e também treino meu corpo. É um treino constante, o cuidado com o corpo e a voz, são aspectos tremendamente importantes. Meu corpo é meu instrumento, então tenho que tomar conta dele. Meu esposo está trabalhando comigo, ele se ocupa principalmente dos meus horários e se assegura de que eu faça o que tenho que fazer, algo que tem sido uma grande benção para que nossa relação dure.
 
E: A última vez que te vimos na Espanha foi no festival Rock the Coast, mas agora você tem datas aqui para sua próxima tour. O que podemos esperar?
T: Como estarei promovendo meu álbum ITR, certamente escutarão canções dele, mas também de outros. Terão que estar preparados para arrasar e se divertir! Trago comigo um incrível conjunto de músicos que estão trabalhando comigo faz anos e estou ansiosa para que cheguem logo as datas. Já passou muito tempo desde a última tour pelo país, então estou feliz de poder fazer quatro shows aqui.
 
E: Para esta tour você terá uma data em Lisboa e depois quatro na Espanha. Quando tratamos de uma tour, você acredita que seus primeiros shows são os melhores devido ao cansaço que se segue ou ao contrário, porque mais tarde você está mais acostumada a tocar todas as noites?
T: Depois da Espanha ainda temos a França e o Reino Unido. É engraçado, porque toda vez que começamos uma tour leva uns quatro ou cinco shows para nos sentirmos confortáveis e realmente poderosos. É só o sentimento geral da banda, porque obviamente todo mundo sempre tenta melhorar, então leva alguns shows no começo até que consigamos a perfeição. Não é que o público veja ou escute alguma diferença, é só sobre a vibe entre nós, músicos. Mas, claro, no começo da tour todos estão mais emocionados de estar tocando de novo e também mais para o final, quando estamos acostumados ao ritmo de tocar város shows, estamos todos mais calmos, então a emoção nunca para.
 
E: em que outras cidades espanholas você gostaria de tocar e por quê?
T: Málaga! Poderia pegar meu próprio carro e ir dirigindo para a casa de shows (risos).
 
E: Durante muito tempo você encabeçou a lista de grandes cantoras mulheres no mundo do metal, uma lista que cada vez mais traz atenção e reconhecimento à mulheres em um cenário previamente bem masculino. Que cantores novos tem te surpreendido? E qual você vê ter mais possibilidades de sucesso no futuro profissional?
T: Eu tenho escutado várias bandas com cantoras mulheres ultimamente, que estão tendo um bom som e estão crescendo. Outro cantor que descobri recentemente é Harry Styles, que tem uma voz incrivelmente assombrosa.
 
E: Você tem vários artistas convidados em álbuns, como Bjorn Strid, Cristina Scabbia, Tommy Karevik, Michael Monroe, Chad Smith... Alguma vez já pensou em levar alguns deles com você em uma tour?
T: Eu adoraria ter todos eles comigo! Dizer "venham, vamos!", mas é que, por exemplo, as pessoas que você citou estão muito ocupadas, talvez tão ocupadas como eu. Fazer coincidir nossos horários é um trabalho exigente e uma tarefa bastante impossível, mas eu sigo sonhando em algum dia conseguir.
 
E: No The Shadow Self há um cover da banda Muse, um grupo muito atual e com grande aceitação na fã-base. Alguma vez já pensou em tocar com esse tipo de banda que tem um reconhecimento internacional gigantesco?
T: Não tenho nada contra colaborações em geral. Na verdade, amo colaborações, sempre aprendo algo de interessante delas. Felizmente tive a oportunidade de trabalhar com vários tipos de artistas e bandas diferentes na minha carreira, e tem sido maravilhoso ver todas as diferentes maneiras com que trabalhamos e produzimos nossos produtos.
 
E: Algumas pessoas dizem que o mundo da música é um carousel com altos e baixos. Sua carreira sempre tem crescido e graças a qualidade de seus álbuns e shows, parece que permanecerá assim por bastante tempo, mas alguma vez você já pensou em estabelecer um limite onde deixaria tudo para trás para desfrutar tempo com a sua família com sua tranquilidade?
T: Eu preciso fazer pausas entre as tours grandes e da vida caótica em geral que tenho, então nós planejamos sempre férias familiares juntos, pelo menos uma vez por ano. Mas imaginar uma situação em que simplesmente deixaria para trás a música para me dedicar a minha família e vida pessoal... eu acho que seria uma mudança grande demais para mim. Não vai acontecer comigo, porque me verás [na música] até meu último suspiro.