Como vocês se sentem no Brasil e quais são suas impressões ?
Tarja Turunen: Nós estamos muito cansados, mas estamos muito felizes por estar neste país.
O que vocês esperam dos shows no Brasil ?
Tuomas Holopainen: É difícil dizer, pois é uma mudança muito grande, um show em um país tão distante quanto o Brasil, por isso nós só podemos tentar adivinhar. Mas pela resposta dos nossos fãs, pelos e-mails que recebemos, achamos que será um show muito bom.
Qual a diferença entre wishmaster e os seus outros álbuns, qual sua opinião ?
Tarja Turunen: Wishmaster é uma evolução natural de Oceanborn. Tudo aconteceu mais naturalmente. Nós não temos que pensar como compor ou mesmo como escrever as músicas ou para quem estará escutando. É claro, há muitas diferenças entre Wishmaster e Oceanborn.
Tuomas Holopainen: Eu acho que as principais diferenças são os vocais. Wishmaster é mais maduro, e ela usa muito mais os vocais, e coloca muito mais emoção nas músicas. Oceanborn é um álbum muito mais técnico.
O que vocês acharam de participar do CD coletânea da revista Gothic, uma vez que são mais influenciados pelo metal melódico ?
Tarja Turunen: Eu acho que a razão para os fãs de Gothic Metal continuarem gostando de nossos álbuns é que o primeiro álbum, Angels Fall First, é mais gótico... Tuomas: É isso. Angels é um álbum mais gótico. Nós começamos como uma banda de Gothic Metal, e junto ao fato de termos uma voz feminina, muita gente nos relaciona ainda ao Gothic Metal.
Quais são suas principais influências ?
Tuomas Holopainen: Como compositor, filmes e trilhas sonoras. Cada música pra mim é como se fosse uma pequena trilha sonora. E todo tipo de metal, desde Black até Gothic e Atmospheric. E é claro, música clássica.
Há alguma influência de Tolkien no seu primeiro álbum. Vocês planejam fazer algo mais específico no futuro, como o Blind Guardian ou Gorgoroth, por exemplo ?
Tuomas Holopainen: Na verdade eu escutei Blind Guardian há um tempo atrás, mas como essas bandas já fizeram coisas nesse gênero, eu não tenho intenção de fazer algo assim no futuro. E eu também não gosto muito de fazer álbuns conceituais.
Como vocês rotulam seu tipo de música ? Alguns rotulam como metal melódico, outros como doom metal...
Tarja Turunen: É um pouco difícil de dizer, rotular nosso som...
Tuomas Holopainen: As pessoas tendem a rotular tudo, eu acho muito difícil rotular música... Mas eu constumo perguntar aos alemães, eles são os melhores em rotular tudo (risos), e algumas pessoas dizem que somos "neo-classical progressive atmospheric gothic doom speed metal" (muitos risos). Pessoalmente, eu acho que somos somente uma banda de metal melódico.
Tarja, você possui algum cuidado pessoal com sua voz ?
Tarja Turunen: Eu canto todo dia, costumo praticar diariamente, tenho aulas de canto lírico toda semana, tenho meu método de praticar, mas não quero mostrar agora! (risos). (logo após ela solta um "oooh" agudo, em meio a muitos risos)
O Heavy Metal se transformou durante os anos. Ele passou ao thrash, depois ao death, houve uma renovação do black metal hoje em dia, e ele tem novas características. Vocês não acham que, por causa do estilo que fazem e também por haverem muitas bandas dentro deles, algumas ruins, que há o risco de vocês "caírem" ?
Tuomas Holopainen: Nós não costumamos nos preocupar com isso. Se acontecer, aconteceu, não haverá nada que possamos fazer. Nós fazemos o tipo de música que nós gostamos, não importa o que aconteça. Atualmente estamos felizes por estar entre grandes bandas de black metal, doom metal e metal melódico, mas quem sabe o que pode acontecer daqui cinco anos ?
Tarja Turunen: Mesmo porque ninguém nos disse como compor ou como escrever ou o que fazer, nós simplesmente fazemos a música que adoramos.
Tarja, como você havia dito a uma revista que não tinha contato com o heavy metal antes, como você vê hoje o metal, seus fãs, a maneira deles de vestir, de agir, o jeito como eles se comportam no shows, como você vê tudo isso ?
Tarja Turunen: Sim, eu nunca havia escutado metal antes do Nightwish, foi uma excelente experiência pra mim, eu sou uma garota muito sortuda, uma cantora lírica muito sortuda, pois há muitas cantoras líricas que não fazem nada além de música clássica, eu aprendi muito com isso. Eu tenho uma mente muito mais aberta hoje. Eu tinha uma visão muito diferente do que era o metal e tive até um certo medo no começo, mas hoje estou muito feliz.
Vocês já escutaram alguma banda brasileira ?
Tuomas Holopainen: No momento eu só lembro das maiores, Sepultura e Angra. Na verdade não sou nenhum grande fã delas, mas Sepultura tem grandes músicas e nós os respeitamos bastante.
Tarja, você percebe algum preconceito pelo fato de ter um jeito diferente de cantar, e por ser uma mulher no meio metal ?
Tarja Turunen: Sim, especialmente no começo. É claro que algumas vezes é difícil ser a única mulher no meio de tantos homens, e é uma tarefa dura, mas eu estou lidando bem com isso, e até gosto de viajar com o pessoal da banda.
Os que os fãs podem esperar do próximo álbum, uma vez que vocês mudaram bastante de um álbum para o outro ?
Tarja Turunen: Ooops!
Tuomas Holopainen: É muito difícil de dizer, porque nunca pensamos se a música vai soar de um jeito ou de outro, nós simplesmente compomos e escutamos como tudo fica no final. Mas nós não vamos mudar radicalmente de estilo.
No meio da década passada, apareceram muitas bandas com vocais femininos, como Tristania e Theatre of Tragedy. Como vocês se sentem sendo comparados à essas bandas, simplesmente por terem vocais femininos ?
Tarja Turunen: É natural essa comparação, mas não sei... não sinto nada! (risos) É claro, eu sou diferente dessas outras cantoras. Minha voz é mais bombástica, se compararmos com Tristania ou Theatre of Tragedy. É mais como uma soprano dramática, mais bombástica... Não sei, é difícil comparar.
Em quais países fora da Europa vocês tem maior repercussão e em que vocês fizeram shows ?
Tuomas Holopainen: América do Sul, e também fazemos algum sucesso no Japão.
Quais são os cuidados que vocês estão tomando para manter a mesma fidelidade do som de estúdio em seus shows, uma vez que vocês possuem arranjos muito complexos e muitos corais, por exemplo ?
Tuomas Holopainen: Bem, quando começamos a fazer os primeiros shows nós achamos que seria muito difícil reproduzir tudo ao vivo, mas tudo correu muito bem, até melhor sem os corais, mas após o terceiro álbum, decidimos preparar algumas fitas com os efeitos extras, falas e alguns corais, mas todas as músicas dos dois primeiros álbuns funcionam muito bem sem efeitos e corais.
Podemos esperar músicas dos primeiros álbuns aqui em São Paulo, mais especificamente "Beauty and the Beast" ?
Tuomas Holopainen: Não quero dizer aqui todo o set list, mas vocês podem esperar músicas de todos os três álbuns, e possivelmente "Beauty and the Beast".
Tarja Turunen: Ele a ama cantar! (risos)
Tuomas Holopainen: Oh sim, é claro! (em tom sarcástico)
Vocês tem algum vídeo oficial disponível ?
Tuomas Holopainen: Vídeos ? O que vc diz por vídeos ?
Algum show gravado, documentário ou coisa do gênero ?
Tuomas Holopainen: Eu não acho que tenhamos alguma coisa gravada.
Quem escolheu o nome Nightwish para a banda e qual a razão dele ?
Tuomas Holopainen: Nightwish é o nome de nossa primeira música de nossa primeira fita demo, e como não pudemos pensar em um nome melhor para a banda em nossa demo, apenas colocamos o nome da música nela, e continuou assim até hoje.
Vocês são reconhecidos na Finlândia apenas entre o público de metal, ou no meio artístico em geral ?
Tuomas Holopainen: Eu tenho que dizer que temos muito mais público fora da cena metal do que a maioria das bandas de metal da Finlândia, por exemplo. Eu acho que somos uma das bandas que mais vende discos de metal. Embora o metal seja um estilo de música marginal na Finlândia, nós vendemos muito mais que a musica marginal em si. E nós também recebemos muitas cartas e e-mails de pessoas de 50, 60 anos, não só de adolescentes.
Tarja Turunen: Eu acho que outra razão pode ser porque temos muitas baladas, e as pessoas mais velhas gostam muito de baladas.
Tuomas Holopainen: Inclusive uma mulher de 78 anos ligou uma vez para uma rádio finlandesa para pedir que eles tocassem "Sleeping Sun".
Tarja, falando em música clássica apenas, qual a maior cantora, em sua opinião ?
Tarja Turunen: Oh... Eu prefiro uma cantora finlandesa, Zojla Izogolsky (sic) Vocês entenderam ? (muitos risos) Ela é uma cantora muito boa, uma soprano dramática.
Tarja já disse que gostava mais de música clássica, Tuomas que gostava mais de black metal, heavy metal. E vocês dois (Emppu e Jukka) O que vocês gostam ?
Emppu Vuorinen: Eu gosto mais de metal mais produzido, como Dream Theater e Stratovarius, eles são minhas maiores influências.
Jukka Nevalainen: Eu gosto de rumba ! (muitos risos)
Já que você gosta de Black Metal, o que você acha de bandas que passam mais a imagem do que realmente é a atitude delas, como Venom, por exemplo ?
Tuomas Holopainen: Eu não gosto muito de Venom, mas pra mim, música vem antes de tudo, mas não acho que seja errado que eles usem mais a imagem e a ideologia pra conseguir sucesso, desde que a música seja boa. Eu gosto muito de Dimmu Borgir e Cradle of Filth, eles fazem uma música muito boa e tem uma imagem muito forte.
Vocês são influenciados por trilhas sonoras de filmes também. Está sendo filmada a triologia do Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, vocês não pensam em encaixar o Nightwish na trilha sonora do filme ?
Tuomas Holopainen: Se eles dessem pelo menos uma chance! (risos) Eu gostaria muito de colocar uma música nesse tipo de filme, mas os diretores nunca ligaram pra nós pedindo que fizéssemos a trilha sonora!
Tarja, já que você possui toda essa influência clássica, vocês planeja, ou quer fazer um álbum clássico, solo ?
Tarja Turunen: Sim, eu adoraria fazer um álbum clássico, mas como não tenho nenhum tempo disponível... Talvez no futuro eu possa fazer um álbum solo, com uma orquestra.
A Tarja possui uma formação clássica, e estudou música por muito tempo. E quanto a vocês, estudaram música ou continuam estudando ?
Emppu Vuorinen: Eu adoraria ter estudado música, mas como eu era de uma cidade muito pequena na Finlândia, não haviam escolas de músicas. Mas quando tinha doze anos de idade, eu cheguei a estudar por uns três anos.
Tuomas Holopainen: Eu toquei clarinete quando tinhas cerca de nove anos. Meu segundo instrumento foi o piano. Depois cheguei a tocar em bandas de jazz e orquestras clássicas. O metal veio apenas após os 17 anos.
Tarja, se o Nightwish não tivesse entrado em sua vida, você conseguiria se imaginar em uma banda clássica, fazendo apenas música clássica ?
Tarja Turunen: Eu acho que sim... como eu disse antes, eu tive muita sorte, mas acho que poderia atuar na cena européia, alemã, mais precisamente, poderia estudar música em uma universidade.
2000 - Entrevista coletiva - Brasil
- Detalhes
- Entrevistas
- Acessos: 1527