Ela é uma das mulheres mais famosas e queridas do mundo do heavy metal, mas a carreira musical de Tarja Turunen não foi atrapalhada pelos altos e baixos que tem rondado revistas e sites de música ao redor do mundo. Hoje, sem dúvidas, Tarja mostra um semblante muito feliz e satisfeito. Contando com um albúm de estréia como solista aclamado criticamente, a incrivelmente talentosa voz operistica está a ponto de terminar seu muito aguardado segundo disco "What Lies Beneath". Matt Spall teve o prazer de conhecer Tarja no Musikbox Studios em Londres para uma entrevista muito otimista e emocionante, que resultou em um pequeno preview de cortes selecionados a partir do novo albúm.

Para chegar ao Musikbox Studio Highgate, eu tive que dirigir perigosamente perto do centro da maldade do mundo.Entretanto, chegamos rapidamente à aréa de highbury, sofrendo apenas um leve desconforto nasal. Cheguei cedo ao meu destino. De fato, tão cedo, que estava na metade de uma xícara de café no minuto que a aparição inesperada de Tarja pela porta com um sorriso enorme estampado em seu rosto fez todos na sala envergonharem com a sua cordialidade genuína.

Quase imediatamente, fui para o estúdio onde Colin Richardson e Tarja montaram muito do albúm e fui convidado para ouvir faixas selecionadas de "What Lies Beneath". Igualmente à um menino emocionado vendo seus presentes em uma manhã de Natal, Tarja alegremente nos contou os seus pensamentos sobre cada faixa antes de deixa-las atingir nos com sucesso através dos alto falantes.

 

  • Little Lies:

A primeira faixa é intitulada "Little Lies". Curiosamente descrita como "um pouco de choque" encontro-me com uma guitarra, riffs meio pesados que lembram um pouco Rammstein, o trabalho do baixo e um pouco de corais maravilhosos cortesia do Coro Nacional da Bratislava. A voz de Tarja dá um som mais mainstream, menos de ópera, mas ele se encaixa bem com a música de abertura e é um poderoso e bom presságio para o resto do álbum.

  • In for a Kill:

Em seguida é "In For A Kill", uma canção aparentemente inspirada pelos filmes de James Bond. Tarja explicou que, embora não seja uma grande fã dos filmes, ela estava interessada em como os artistas podem aproximar a escrita de uma canção à Bond. Escrita há quase dois anos, é uma das primeiras canções que escreveu para o álbum e realmente não é o meu favorito de tudo que está sendo tocado. Um estouro, um bom número épico, abre com o rico som da Orquestra Sinfônica Nacional Eslovaca (organizado por Jim Dooley) antes de dar lugar a um momento de alta, o sangue de bombeamento do metal com mais da voz inconfundível de Tarja. As últimas notas se vão e Tarja gira em torno da expectativa esperando minha reação, eu percebo que estou arrepiado.

  • Dark Star:

"Dark Star", uma canção co-escrita por Tarja e o ex-membro do FILTR Johnny Andrews, é a canção que será tocada no final. Com alguns cánticos misteriosos em turco que foram gravados em um celular quando Tarja visitou o país pela última vez, como vocalista convidado em "All That Remains" Phil Labonte e um acabamento claramente mais hard-rock,  que representa uma mudança total ritmo que funciona muito bem, mas é totalmente diferente de tudo o que a finlandesa tem colocado o seu nome ou voz.

As três canções seguintes que ouço ainda estão inacabadas, estão à espera da mixagem em Los Angeles, e do jeito que estão só me dão um verso e um coro que dão idéia de como soará.

  • Rivers Of Lust:

“Rivers of Lust” inclui Will Calhoun na bateria e é uma canção com guitarra escura menos cinematográfica, que fala sobre o abuso e a prostituição, e contém as melodias sublimes em todas as partes.

  • Underneath:
"Underneath" é apresentada como "uma balada assassina" em comparação que a própria Tarja faz com "Boy And The Ghost" de "My Winter Storm" beneficiada com a sensação de um musical em West End.

  • Until my least breath:
E, finalmente, "Until My Least Breath", uma canção escrita na época da morte de Michael Jackson e que explora as emoções e sentimentos que tal evento desperta, soa como um clássico de Hard Rock e Tarja, apesar de novamente ter sido co-escrita por Johnny Andrews, tem muito mais acentos europeus.



Embora seja díficil ter uma idéia correta das últimas três faixas que se passaram, sou muito grato por ter a oportunidade de ouvir e ter ouvido o suficiente para transformar meu entusiasmo pelo albúm.Posso dizer com segurança que, embora haja sim lugar à dúvidas sobre o título Tarja "a que nunca se engana"
, soa mais pesado e mais potente que seu predecessor com uma série de sutis novos toques para criar a originalidade de recepção.

Pouco depois, sentado em um confortável sofá na parte de descanso do estúdio, coloquei estes pensamentos para Tarja. A resposta é lógica. Pouco depois, sentado em um confortável sofá na parte de descanso do estúdio, coloquei estes pensamentos para Tarja. A resposta é lógica, espumante e positiva.

“Sim, é mais impactante, mais Rock, se assim o quer. Mas não é um ábum de heavy metal porque sinto que tenho algo mais para dar para as pessoas e quero ser uma artista que tem uma mente aberta. Aqui tenho esta “beleza escura” como eu a chamo, mas também tenho a orquestra e elementos clássicos envolvidos. A gravação começou em fevereiro e temos trabalhado duro todos os dias para a conseguir completar. Produzi o álbum eu mesma, e este é um grande passo, compatado ao álbum anterior, para o qual só escrevi. Na época, em “My Winter Storm” realmente não conhecia ninguém envolvido nem que tivesse alguma relação pessoas com alguém concreto no negócio. Agora, entretanto, venho trabalhado com os músicos por três anos. Conhecer esses meninos e ter escolhido essas dezesseis músicas previamente são sinais de que tem sido muito mais fácil.
É muito agradável ver a confiança que as pessoas com quem trabalho têm em mim. Ela me faz crescer e tenho crescido muito nesse processo. Como artista, se me permite dizer, é a primeira vez que fiz muitas outras coisas no disco, como tocar piano, por exemplo. Nunca pensei em mim mesma como musicista, nem sequer perto disso, senão que fui impelida a essas situações, e isso me agrada muito, porque me vejo como bem sucedida nesses aspectos. É genial, porque tem me deixado mais segura. E quando dá certo, “É fantástico” (risos).

Aqueles que escutaram o álbum de estreia de Tarja ou que a puderam ver em tour nos últimos anos, já estarão familiarizados com os músicos de “What Lies Beneath” de quem fala com tanto carinho. Como antes, Mike Terrana (Rage) toca a batería, Doug Wimbish o baixo, Alex Scholpp toca a guitarra, Max lijia (ex Apocalyptica) faz uma aparição com o Cello, Christian Kretschmar contribui com alguns teclados e Wessen Mel diesenhou as partes de música ambiental.  Além dos convidados já mencionados, os irmãos de Tarja fazem algumas vozes  no cover de uma canção "sem nome" e a banda a Capella Van Canto aparentemente vai adicionar sua voz única para a canção de abertura do álbum (intro). Há outros convidados, mas, por ora, Tarja permanece de boca fechada.

"O que mais me orgulha desse disco é que faço os acordes eu mesma. Tive que tomar algumas decisões bem difíceis, mas me sinto orgulhosa de as ter conseguido fazer por minha conta. Originalmente, estava intensamente procurando um produtor, mas quando as canções eram demos, mudei de ideia. Me perguntava o difícil que pode ser conseguir alguém mais envolvido quando tenho uma ideia clara em minha cabeça de como quero que o álbum seja. As canções são meus bebês. Assim, apesar da pressão sobre mim, me davam oportunidades."

A paixão com que fala, somada aos seus olhos penetrantes, são uma combinação fascinante e me encontro sentado absorto, esperando intensamente cada palavra. Nessa situação, peço a Tarja que explique a inspitação que a levou a ter uma imagem tão clara em sua mente.

"Venho escrevendo em tantos lugares e tenho que ter uma indicação que me inspire. Não acho que eu poderia escrever em uma grande cidade agitada, porque preciso de silêncio ao meu redor. As relações humanas tem sido inspiradoras para mim. Para este álbum, o próprio oceano foi uma inspiração e inclusive os sentimentos bem interiores a nós têm sido inspiração para mim."

Enquanto fala, obtém-se a clara sensação de alívio e felicidade dentro de Tarja e quando digo isso a ela, ela aceita de todo coração.

"Tenho passado pela escuridão de um túnel por bastante tempo. Então, quando vejo a luz, é uma grande inspiração para ver que as coisas estão melhorando e que eu sou mais feliz agora. Agora sou muito mais feliz, agora estou em um lugar mais positivo. Isso eu não mudaria."

O título para o álbum “What Lies Beneath” veio da canção “Naiad”, que foi uma das primeiras canções escritas para este álbum, e leva o nome do personagem principal de uma famosa história de fantasia, desenvolvida pela própria Tarja. Ela explica que, mesmo que não haja um conceito específico na letra, não há um fio condutor das canções,  mas o vínculo é com o título do disco.

Por último, antes de Tarja ser levada de repente por outro entrevistador, tenho que falar de sua voz única e é interessante saber que Tarja sempre está aprendendo e tratando de melhorar, não importa o quão boa já seja. Alguns podem até a chamar de perfeccionista.

"Talvez uma perfeccionista. No último álbum, comecei a pensar como poderia conseguir levar minha voz à frente da música, já que é meu disco solo. Fiz experimentos com muitas ideias, e, com o tempo, aprendi uma técnica de não usar fones nas gravações de vozes. Em “What Lies Beneath”, consegui cantar melhor sem os fones. Para alcançar as notas altas de ópera, tenho que escutar minha voz naturalmente e realmente funcionou esta vez. Além disso, sempre sou má comigo mesma e neste disco realmente me cobrei bastante. Mas não podia ser de outra maneira."

Com este novo disco, escolhidas as aparições em festivais de verão, alguns concertos de orquestra e um tour que inicia no final do ano, com Alice Cooper, promete ser um ano emocionante para os fãs de Tarja e para ela mesma, e, pela força de sua exuberância empregada nessa reunião, só poderia completar o renascimento de um grande talento e de uma artista muito querida

“What Lies Beneath” sai dia 20 de agosto, pela Universal Records