Entertainment Focus foi convidada para ouvir o novo album de Tarja Turunen, What Lies Beneath, e a própria Tarja estava lá para responder perguntas sobre o novo álbum. Esta é a parte um da nossa entrevista.
Como vai sua estada em Londres?
Essa cidade é muito bonita no verão. Chegamos ontem. Então tivemos um show no Wacken (Wacken Festival em Schleswig-Holstein, ao norte da Alemanha) anteontem e me senti um pouquinho cansada. Acabamos de voltar de Buenos Aires, onde vivo na Argentina.
Como foi o Wacken?
Foi maravilhoso. Acho que foi meu melhor show até agora, em toda a minha carreira. Havia 80 mil pessoas esse ano. Um belo show. Pessoas muito legais. Depois que o lance solo começou, tudo se abriu. Não houve respostas reais dadas a mim. E agora, para o Segundo álbum, tem sido ótimo. Sinto como se esse fosse o melhor lugar para estar. Então o Wacken foi um show muito importante.
Você mesma produziu o seu album. Como foi isso?
Sim, isso soa louco, hm? Produtora é uma palavra muito grande. É um grande passo para mim também. Definitivamente foi uma experiência de aprendizado desde o começo. Mas senti que isso precisava ser feito depois do meu primeiro álbum. Precisei tomar o controle de alguma forma, na produção. Já que já conheço todas as pessoas. Minha banda estava lá e estivemos em tour juntos por alguns anos. E o pacote inteiro estava pronto. Então foi muito mais fácil pra mim começar a direcionar as pessoas e ver como isso funciona. A primeira coisa pra mim foi fazer os sons demo o mais próximo possível das músicas finais e a produção final. Então foi um tipo de demonstração longa pra mim. Começamos as gravações em fevereiro, então toda a primavera se foi na produção. E agora, finalmente, o álbum está pronto. Mas foi divertido. Quero dizer, muito divertido. Estou realmente animada com isso.
Você poderia nos orientar pelo processo de composição?
Isso aconteceu em mais ou menos dois anos. Eu estava em turnê simultaneamente, e em qualquer raio de lugar em que parasse, escrevia músicas onde estivesse no momento. É claro que escrever músicas ainda é muito novo, muito recente pra mim. Você pisa em terreno ainda desconhecido. Há muitas coisas que aprendemos diariamente ao escrever músicas. Sobre você mesma, sobre a forma como você vê o mundo. Mas isso é animador demais para mim para eu mesma poder explicar. Coloco isso nas letras ou nas músicas. Como me sinto. O que sinto. Isso tem sido grande, grande. Novamente, digo que é um aprendizado porque é definitivamente isso. Na música, há muitas coisas para aprender todos os dias. Sempre há alguém melhor do que você vindo. E isso não é ruim. Mas não quero parar. Esse é o meu negócio, e simplesmente não posso parar. Porque o progresso ou fazer progressos ou desenvolver a mim mesma é o mais importante. E escrever para esse álbum foi uma jornada bem longa dentro de mim mesma, estive escrevendo músicas sobre o que há escondido e o mundo à minha volta, de modo que todas as músicas estão conectadas de alguma forma com o título What Lies Beneath. Então isso está oculto sob a superfície ou sob a água, já que sou uma amante de scuba diving. Ou o que está escondido em nós como seres humanos. Como às vezes seria bom olhar duas vezes as coisas. Já vi isso muitas vezes. Às vezes você vê algo e no dia seguinte faz o mesmo, mas não parece isso. É o quão assustadoras as coisas são no mundo. Deixe-nos ter tempo para olhar para as coisas (adequadamente).
Você é uma mergulhadora. O que acha tão incrível em estar sob a água?
Oh, é muito difícil de explicar para as pessoas que ainda não tentaram fazer isso. Sinceramente, você deveria tentar (risos). Acho o mundo subaquático absolutamente fascinante. As cores são realmente belas. Se você vê aquele tipo de cores na água... É como se estivessem brilhando três vezes mais. É um mundo dos onhos. É silencioso. Mas o fato é que a minha vida está na estrada o tempo todo. Estou há muitos anos assim. Há pouquíssimos momentos silenciosos de verdade. Vivo em Buenos Aires, que é uma cidade grande como Londres e muito barulhenta.
É difícil encontrar um lugar que seja realmente quieto. Então praticar scuba diving é algo que me permite ouvir o som da minha própria respiração enquanto mergulho. Me concentro na minha respiração e fico muito bem por dentro. É muito relaxante. Tudo o mais que estava aqui no dia anterior ou até mesmo no mesmo dia se vai. Esqueço tudo. É definitivamente uma inspirção. Acho que é importante pra todos ter uma válvula de escape, onde quer que ela esteja.
Você sempre teve vibrato natural em sua voz ou foi algo que você aprendeu a fazer?
Nunca aprendi a cantar com um vibrato (risos). Sempre tive meu vibrato. Ele vem com a respiração e a técnica correta. Estudando canto durante muitos anos. Então é definitivamente isso, a respiração é o nosso “core”. Aí vêm (se você canta) os músculos e se eles estão livres para a respiração. E, com a respiração, vem a voz. É só o caminho, o caminho natural comigo. E aí vem o vibrato naturalmente. Nunca penso nisso. Nunca penso no meu vibrato enquanto canto.
Quando está em ambientes como festivais, é difícil tocar? Você evita todas as noites mais tarde?
Claro que não é a coisa mais fácil pra eu fazer. Tenho que ter lugar para esquentar o show. Sempre encontrei o meu jeito. Se estive cantando meio tarde a caminho dos shows. Você tem que achar um caminho. Às vezes as condições não são as melhores. Sério, se você põe uma cantora de ópera nas condições em que tenho estado, eles provavelmente não conseguiriam lidar com tudo isso (risos). Tô falando. Isso é a vida. Você tem que se adaptar às coisas. O rock’n’roll é difícil de verdade, mas estou acostumada com a mesma técnica. Ainda estou tentando tirar o melhor da minha voz.
Ouvimos que você fez cover de Still Of The Night, do Whitesnake. Dave Coverdale já sabe disso?
Não tenho ideia. Estou com muito medo (risos). Fui uma grande fã de Whitesnake desde a adolescência. Poison, do Alice Cooper, esteve no meu primeiro álbum, e agora o Whitesnake está. Não será no meu álbum, será na versão deluxe, uma faixa bônus. Foi muito divertido fazê-la. Eu quis fazer um grande arranjo para orquestra. Algo massivo. A original tinha algum espaço pra isso. Então eu disse “hmmm... Vou explorar isso um pouco mais (risos)... Sim, tem um grande coro também. Acho que havia umas 200 pessoas cantando a sério na faixa. A Orquestra Nacional da Eslováquia.
Você fez o cover de Poison, de Alice Cooper, no ultimo e estará em turnê com o próprio em breve?
Isso é meio como “que diabos está acontecendo com a minha vida!”. Quero dizer que há muitas surpresas. Surpresas felizes. Estou absurdamente feliz com essa chance. A tou com Alice Cooper acontecerá em novembro.
Você vai fazer dueto com ele em Poison?
Acho que não (risos) Não! Não! Não! Acho que atirariam alguns tomates no palco. Não, eu não ousaria (risos).
Bem, e se ele pedisse?
Bem, aí a coisa é diferente! (risos)
Quando estava escrevendo o novo álbum você quis fazê-lo mais pesado ou mais melódico? Houve algum pensamento consciente de como você queria que ele soasse?
Eu queria fazer esse album soar como o que eu própria gostaria de ouvir. Como as minhas preferências musicais hoje, como uma amante da música. Já que foi um processo longo de escrita, acabei escrevendo cerca de 30 músicas. Então tive que tirar o melhor delas. Mas nunca tive nenhum pensamento subconsciente de que eu deveria escrever um álbum mais heavy. Que isso era o que eu realmente queria. Exceto pela orquestra. E pelo amor por filmes que eu ainda tenho.
Você faz uma canção de espião estilo 007 em In For a Kill. O que te fez escolher fazer isso?
James Bond. Começou como um tipo de brincadeira, eu acho. Havia dois compositores em Estocolmo, E eu os visitei e disse “vamos escrever isso”. Saiu como uma brincadeira escrver que deveríamos escrever como se fosse uma música para James Bond. Começamos a brainstormar em torno disso. Então a história, a música foi muito radical, bem além dos atributos de James Bond. E mais como nós como seres humanos. E estou falando de tubarões. Novamente temos um tipo de tema subaquático aqui. Sobre tubarões. Que nós, pessoas, pensamos que os tubarões estão nos caçando, mas na verdade nós é que os caçamos. Esse é o conceito completo da música, o quão triste ela é. A interpretação errada que temos na vida em geral é de que achamos que todos os tubarões são assassinos e que precisamos temê-los. Assisti um documentário chamado Shark Water. Chorei muito no fim. Foi muito horrível. Você deveria ter visto aquilo tudo. Foi terrível.
Como você entrou em contato com Joe Satriani? Ele toca na música Falling Awake?
Por Doug Wimbish, baixista do Living Colour. Ele esteve trabalhando comiugo por alguns anos. Gravou o baixo no álbum e é amigo de Joe. Eles fizeram turnê juntos nos EUA. Pude conhecer Joe quando fui trabalhar em Los Angeles, na mixagem do álbum. E eu tinha uma ideia de solo para Falling Awake. Tenho todos os álbuns de Joe e foi realmente uma grande honra tê-lo nessa faixa. Ele disse que sim e que ouviu a faixa e que amou. Então disse “sim, vou fazer isso” (risos)
Você teve bastante participações especiais nesse album. Como escolheu os artistas?
Quando fizemos as demos das músicas, a sensação de que eu precisaria de algum tempero especial estava lá. Eu queria um sabor especial para algumas músicas. Convidei, por exemplo, esse grupo alemão, o Van Canto, um grupo acapella. Eles fizeram um trabalho magnífico para a faixa de abertura (Anteroom of Death) É uma música bem agressiva e louca para abrir o álbum. Eu quis algo realmente inspirado nos arranjos vocais do Queen. Foi uma coisa bem maluca pra ser fazer com eles. Eles são uma banda alemã acapella realmente talentosa.
Então Will Calhoun veio tocar bacteria em algumas das músicas. Will é, novamente, um baterista diferente que eu já conhecia do Living Colour, assim como Doug, por alguns anos. Ele é um talento inacreditável. Realmente maravilhoso. Então pensei sobre cada música, as necessidades de cada música. Escolhi os músicos. Já que sou uma artista, não preciso tem um álbum assim. Sinto que não sou o tipo de artista que pode ser encaixada emu ma categoria específica. Sinto o que vem e isso vem porque sou muito, muito livre hoje em dia. Sinto que tendo essa loiberdade, nunca dou nenhuma pista do que está por vir.
Você participou da música The Good Die Young do Scorpions?
Foi um momento muito estranho quando Klaus me ligou (risos). Foi maravilhoso. Sério, uma honra. Na época eles me mandaram duas músicas. E eu poderia escolher a que mais me agradasse. Gravei a música e, depois de fazer isso, fiquei sabendo que seria o último álbum de estúdio deles. Eu não sabia disso antes. Fiquei completamente chocada. Meio “wow, estarei na última gravação” (risadas de descrença). É uma grande honra. Conheci os rapazes e tocamos a música ao vivo em um programa de tevê na Áustria.Belos cavalheiuros. Pessoas muito legais.
Você também trabalhou com Doro Pesch?
Doro...que mulher adorável. Ela é realmente uma lady amável. Nos vimos anteontem. E fizemos algo juntas.
Ela me pediu para cantar uma de suas músicas para o seu álbum e pedi desculpas por não ter a chance de tê-la cantando uma canção no meu álbum. Espero que possamos trabalhar e fazer alguma coisa. Ela está no ramo há muito tempo, trinta anos.
Com quem você gostaria de trabalhar?
Peter Gabriel (risos). Não, sério. Eu amo Peter Gabriel de verdade. Se eu tive um ídolo, ele é meu ídolo.
Há uma razão para isso?
Sua música (risos). E também o modo como ele a faz. O jeito como representa em suas músicas. O jeito dele de ser como pessoa. Pude conhecê-lo há alguns anos atrás e tremi como uma menininha, muito nervosa. Desejo ser como ele é hoje. Quero que não haja razões para sair voando por aí. Ele tem uma grande personalidade. Como músico. Grande artista.
Você tem um grande show vindo, nos Shepherds Bush. O que podemos esperar? Você trará muitos músicos? Haverá participações especiais?
Trarei minha banda. Não cheguei tão longe em meus pensamentos ainda porque o álbum está saindo. Definitivamente será baseado, durante toda a nova turnê do novo álbum vamos tocar muitas e muitas músicas legais. Haverá algumas surpresas, como sempre quero renovar o setlist. Haverá um novo baixista comigo (risos) e não posso contar quem será ainda, mas ele é da América. Doug Wimbish não estará lá. Mais ou menos o mesmo line-up.
Das onze músicas, com qual você ficou mais feliz?
Ohh, não me pergunte isso. Uma... bah... é muito difícil! Há uma grande diversidade, então seria bem difícil pra mim escolher uma música hoje. Às vezes amanhã será diferente (risos). Sério. É uma questão de emoção. Todo o album é sobre isso. Escrevi as músicas baseadas em certas emoções. Eu diria que foi maravilhoso tocar In For a Kill ao vivo, por exemplo. É a tessitura das músicas. Um grande alcance; Demanda muito poder, mas também muita concentração de mim. É o terceiro ou quarto take que você ouve. Quase todas as gravações foram feitas sem headfones, mesmo quando eu estava gravando, só tendo um microfone, uma sala com isolamento acústico e um monitor na minha frente e eu cantando ao vivo. É assim que eu sinto que gravo. Como um ouvinte, você pode me ouvir de verdade. Não são bits e pedaços, odeio isso. Então seria essa a música hoje. Amanhã pode ser totalmente diferente (risos).
Ouvi dizer que a gravadora quis que você refizesse uma das músicas. Qual foi a sua reação? Ficou frustrada com isso?
Sim. Eu mentiria se dissesse que não fiquei frustrada. Tem uma música chamada I Feel Immortal e ela estará no álbum. Ela me foi entregue muito tarde. Todo o resto já estava pronto. Mas tomei minha decisão. É claro, se eu não estivesse trabalhando com o selo, não precisaria deles. Mas, é claro, entendi o ponto de vista deles, já que eles me deram liberdade pra trabalhar na música. Então, basicamente, de tudo o que você ouve na música hoje, somente o refrão permanece o mesmo. Já que houve um tipo de liberdade, decidi trabalhar nisso. Dei todo o meu melhor. Teve um belo vídeo feito com ela. Gravamos na Islândia. Os cenários da Islândia. Oh, senhor, um belíssimo país.
O video de Falling Awake (o próximo single) tem um segmnto em que você põe maquiagem com uma cicatriz no rosto?
É exatamente isso. Quando recebi as primeiras fotos da capa e quando as mostrei para as pessoas e perguntei “e aí, o que acharam?”, disseram “oh, você está muito bonita!”, e foi só isso. E eu disse “sim!” porque é exatamente isso. Todo o álbum, encarte, foram todos feitos com a mesma ideia. Você deve olhar duas vezes na vida, em geral. Você não enxerga certas coisas à primeira vista. Então, após o segundo olhar, você vê as coisas diferentes. Foi inspirada por isso. Queria que todo o artwork fosse baseado em fotos porque amo fotografias, realmente amo esse tipo de arte. Então foi bem de um modo traumátivo, mas foi divertido fazê-lo. Fazer as coisas que estão na superfície parecerem diferentes do que há nas entrelinhas.
No seu primeiro album você incorporou várias personagens diferentes. Com o novo album acontecerá o mesmo?
Não. Não há personagens. Apenas eu falando sobre minha vida, contando histórias e fantasias também. É sobre como me sinto hoje em dia, bem saudável.
O novo album de Tarja, What Lies Beneath, estará disponível no dia 3 de setembro. Entertainment Focus trará para vocês uma review do álbum em breve. Fiquem ligados!