Adicionamos na seção de mídia do site uma entrevista para a revista Metal Hammer da Alemanha onde Tarja ataca de filósofa!
Para ler a entrevista completa, clique aqui.
Abaixo, uma interessante entrevista com Mike Terrana, em que ele cita nossa querida finlandesa como sua artista preferida:
"Minha artista favorita é a Tarja. Nós nos damos super bem. Eu gosto de sua música e creio que é uma vocalista muito talentosa. Como disse, também tenho criado meus próprios projetos. Nunca fui um tipo que ficou sentado, recebendo ordens."
Clique em "Leia Mais" para ler a entrevista completa!
"Estaria perdido sem minha bateria"
Por sua passagem em Buenos Aires como baterista de Tarja, falamos com Mike Terrana sobre sua carreira e seu projeto solo: Sinfonica.
Latin Metal: Como começou seu interesse por tocar bateria aos oito anos e quem foi a pessoa que te deu apoio para que continuasse a estudar e praticar em tão tenra idade?
Mike Terrana: Por algum motivo sempre me atraí por tocar bateria. Lembro-me da primeira vez que vi alguém tocar: realmente me tocou, me hipnotizou. Eu gosto de poder e volume, assim que disse a mim mesmo "quero fazer o que esse cara está fazendo". Recordo-me que estava em férias, quando garoto, e estava no meio dos adultos vendo shows ao vivo. Eu especialmente prestava mais atenção nos bateristas; meus pais pensavam que eu estava louco, mas era algo que me encantava. Adoro tocar música, é uma das coisas mais bonitas do mundo.
Sempre me inspiraram outros compositores de diferentes estilos de música, escuto de tudo, vejo a todos... A inspiração vem de fontes distintas. Considero que, se queres ser um bom artista, tens que estar aberto a tudo: é a unica forma de aprender e crescer. Encanta-me praticar sozinho, estar sozinho com minha bateria. É como minha religião ou, melhor dizendo, como minha forma privada de meditar. Quando eu era jovem, sonhava em ser chamado para tocar nos álbums dos Beatles; logo cresci e comecei a trabalhar mais seriamente sobre os aspectos técnicos da percursão. Só praticar entre quatro paredes e cinco horas por dia, mas ultimamente é um pouco menos porque estou em turnê constantemente. Quando eu iniciei minha carreira, eu nada tinha que dizer o que praticava: eu queria fazê-lo, era uma necessidade. E nunca deixarei de fazê-lo. Tocar bateria representa uma grande parte de minha vida e é algo realmente divertido... Honestamente, estaria perdido sem minha bateria.
LM: Tendo em conta que entre tuas principais influências encontram-se bateristas como John Bonham, Ian Paice e Terry Bozzio, entre outros. Quão importante acreditas que isso influencia tua própria forma de tocar, para que possas destacar-te dentro de uma banda?
MT: É definitivamente muito importante e os bateristas que que você nomeou todos têm sua própria personalidade. Considero que isso é o que possibilita que as pessoas o sigam e façam a diferença.
É muito fácil copiar o que fazem os demais, creio que quando um recém começa, e é jovem, é importante que se inspire em seus ídolos. De todas as formas, conforme fui crescendo me dei conta que tinha que ser eu mesmo, que tinha que encontrar meu caminho e me tornar alguém original. Foi um caminho longo, difícil, cheio de desafios, mas muito interessante.
Parecia que nunca terminaria. Sou uma pessoa que sempre desfrutou de mudanças e evoluções pessoais, e penso que tens que ser esse tipo de pessoa para poder criar uma boa arte!
LM: Qual foi o motivo pelo qual se afastou de Rage, para imediatamente unir-se à bandas como Masterplan, Axel Rudi Pell, Tarja e inclusive criar seu próprio projeto, Sinfonica?
MT: Toquei com muitas bandas durante os meus trinta anos de carreira profissional, e às vezes as coisas não funcionam em termos pessoais, criativos e financeiros. Rage seguiu seu caminho e eu fui à busca de pastos mais verdes. Creio que foi uma sábia decisão. Eu desfruto da liberdade no processo criativo. Não gosto de repressões e nem das regras sem sentido. Isso não é Rock n'Roll, e o Rock n'Roll se trata de rebelião, da liberdade, da arte e da diversão! Encanta-me trabalhar com muita gente de uma vez, como estou fazendo no momento. Minha artista favorita é a Tarja. Nós nos damos super bem. Eu gosto de sua música e creio que é uma vocalista muito talentosa. Como disse, também tenho criado meus próprios projetos. Nunca fui um tipo que ficou sentado, recebendo ordens. Tenho uma personalidade forte e uma grande percepção para os negócios. Além disso, sei o que eu quero fazer e como quero fazer. E isso é o que faço.
Sinfonica foi fundada e conceitualizada para celebrar meu aniversário de 50 anos.
LM: É difícil continuar tocando com tantas bandas ao mesmo tempo, assim como ter uma agenda cheia de shows, e uma grande demanda para cumprir com as sessões de gravação impostas por cada artista?
MT: Não é difícil porque sou uma pessoa muito organizada, e me encanta trabalhar e estar em turnê. Se estou em casa por mais de algumas semanas, começo a ficar louco. Necessito tocar bateria diante de um público! Eu consigo por mim mesmo, já que é a única forma de fazer com que as coisas saiam bem. É um trabalho muito árduo, mas alguém tem que fazê-lo.
LM: Você participou do Festival Masters of Rock na República Tcheca com várias das bandas nas quais você toca hoje. Há algum segredo na forma de treinar para que você possa dar conta de uma performance por tanto tempo?
MT: Na verdade, venho treinando há anos. Atualmente tenho 51 anos, mas não me sinto cansado, débil ou mais lento. Corro, levanto pesos e pratico para estar sempre em forma. Não há segredos: simplesmente um estilo de vida sano e trabalho duro. Não bebo muito, fumo um cigarro de vez em quando, mas nunca consumi drogas e sempre me alimentei bem. Considero que a minha vida é simplesmente baseada em dedicação e moderação.
LM: A concepção geral de Sinfonica é fazer um tributo aos maestros da música classica, mas também a Cozy Powell, quem tocava "Obertura 1812" com Rainbow. O que significa seu desaparecimento físico para você?
MT: Senti-me muito triste quando Cozy Powell morreu. Ele significava muito para um monte de pessoas, tanto baterista como músicos em geral. Tinha uma personalidade genial, tocava em grandes bandas e sempre teve uma aprência e um estilo muito bons. Também tinha um forma mágica de tocar bateria, ele imprimiu seu próprio selo. Lamento por não tê-lo conhecido pessoalmente, mas sei que de gente que o conheceu e me comentaram que ele era um homem muito simpático, um verdadeiro cavaleiro com um notável senso de humor. Nos deixou seu legado para que nós aprendamos dele... Simplesmente, digite seu nome no Youtube, sente-se e desfrute!
LM: Foi complexo o processo de adaptação das peças clássicas, compiladas em seu primeiro álbum de Sinfonica, para a percursão?
MT: Sinfonica é um projeto em que estive trabalhando há mais de dois anos. Queria fazer algo para as novas gerações. Logo, ao escutar vários temas clássicos, me dei conta de que alí há raizes do que chamamos de "música moderna".
Progressões de acordes, mudanças na métrica, diversos sotaques... Tudo isso foi inventado nesse marco. Eu não tenho educação clássica, mas mesmo assim sei apreciá-la e, por algum motivo, pude mergulhar nela e estudá-la por mim mesmo. Por isso pude criar minha própria interpretação na bateria dessas finas obras de arte. Minha ideia original foi pegar peças clássicas famosas e adicionar minha bateria a elas, sem estragá-las. Quero dizer, é óbvio que essas músicas foram compostas por pessoas brilhantes e não precisam de minha bateria para soarem melhores. Queria tocar dinamicamente com uma orquestra. Para fazer isso, peguei todas as canções e escrevi algumas partes da minha bateria. Tive que ter muito cuidado ao fazer isso, pois o erro, menor que fosse, nesse tipo de música poderia aruiná-la ou destrui-la toda. Além disso, passei um ano buscando as peças clássicas mais apropriadas que, em primeiro lugar, foram famosas e, em segundo, que pudessem ser tocadas com bateria moderna.
LM: Sua intenção foi manter as linhas tradicionais dos temas originais, deixando o moderno unicamente para a interpretação?
MT: Sim. Minha visão foi tratar de voltar no tempo, aproximadamente 300 anos, com meu set de bateria moderno, para improvisar com Mozart. Não estou seguro se eu ou outros compositores aprovariam a forma que interpreto sua música. Temos que recordar que há percursão nas composições originais, mas até então não contavam com o luxo dos avanços tecnológicos para criar o que hoje em dia se conhece como "Modern Day Trap Drum Kit". A palavra "Trap" vem de "Contraption" (mecanismo), que é o set de bateria moderna hoje em dia. Está composto por diferentes tons, pedais e outras peças que facilitam para uma pessoa fazer várias coisas. Se você olhar para uma orquestra tocando ao vivo, verá que o setor de percursão está dividido em diferentes seções e cada músico toca um instrumento percursivo separado: timbales, tambores, bombo... Preferi tirar todas as regras e ignorar o que os puristas da música clássica poderiam dizer ou pensar.
Queria deixar essas músicas mais 'rock'. O que está alí é o que eu sinto, me liberei e toquei com o meu coração. Queria que meu desempenho fosse real, cru e emocional. Passei um mês ensaiando e gravando minha performance para cada tema, dez horas todos os dias. Quando voltava para casa, me sentava, escutava e com a ajuda de meu computador pude editar essas demos, apagando o que eu não gostava. Queria que o som da bateria fosse puro, sem samplers, basicamente sem nenhum tipo de truque, como as que eu escutava em todos os discos. Financiei essa produção com meu próprio dinheiro, porque nenhuma companhia investiria nisso. Não fiz esse disco para mostrar o quão bom e inteligente eu sou. Fiz por amar a música, amo o conceito, e queria que as pessoas se divertissem com ela. Creio que isso é algo que se perdeu na atualidade. Queria que as pessoas se entretivessem, pois é isso que é a música para mim.
LM: A respeito da forma em que sucedem as peças contempladas em seu trabalho, há vários estágios: desde o solene "New World Symphony" aos alegres "Willian Tell Overture" e "Cancan". Você acredita que ao eleger os extremos fez com que o disco resultasse em uma acessível e mais plena audiência?
MT: Sinceramente, não pensei em como os temas fluiriam no álbum... Foi bastante difícil encontrar a peça clássica que levaria as pessoas a indagarem sobre a bateria do Hard Rock contemporâneo. Não foi até eu terminar de gravar todas as peças que comecei a montar uma lista de temas com uma ordem que tivesse sentido. De início, me surpreendeu como os temas ficavam bem juntos. De todas as formas, não posso falar pelos demais. Talvez meus fãs tenham uma opinião diferente.
LM: Dois dos compositores mais aclamados no mundo do Metal - Beethoven e Paganini - não estão presentes nesse disco. Existe a possibilidade de gravar uma continuação do atual no futuro, que inclua esses maestros?
MT: Oh, claro! Estou ciente disso e asseguro que tratarei de usar algumas de suas composições para o segundo disco de Sinfonica.
LM: Você se tornou uma grande fonte de inspiração para as gerações mais jovens que estão envolvidas no Heavy Metal. O que você recomendaria para um músico que só começou sua carreira nessa cena?
MT: Bom, me alegra escutar isso. Creio que é genial que os mais jovens encontrem inspiração no que faço ou digo. Penso que, se você é um baterista jovem, você tem que levar em consideração que toda a carreira começa de maneira profissional. Tem que ser realista com você mesmo e com os objetivos que se plantou. É um longo caminho e o negócio da música é cada vez menos simples, mas é divertido, e uma vez que está com ela é uma boa forma de vida.
Suponho que se reduza o quanto você quiser, e quanto você se esforça para conseguir suas realizações. Se você trabalhar duro, crer em você mesmo e ser concentrado, poderá realizar qualquer coisa na vida!
LM: Quais as possibilidades de se apresentar na Argentina, como o fez há alguns anos, para dar aulas de bateria aos músicos locais e tocar seu novo material?
MT: Muitas. De início estarei de volta com Tarja em 25 de Março deste ano, em Buenos Aires, e espero poder dar algumas aulas nos dias livres durante a turnê.
LM: Quais são destes estilos você não pode deixar de escutar: Jazz, Metal, Blues, Rock ou Música Clássica?
MT: "Heavy Weather" de Weather Report, "Asia" de Steely Dan, "Live at the Sands With Quincy Jones Orquestra" de Frank Sinatra, "Greatest Hits" de Luciano Pavarotti e "Led Zappelin 1" de Led Zappelin.
Para conhecer mais sobre Mike Terrana, acesse: www.terrana.com
Por sua passagem em Buenos Aires como baterista de Tarja, falamos com Mike Terrana sobre sua carreira e seu projeto solo: Sinfonica.
Latin Metal: Como começou seu interesse por tocar bateria aos oito anos e quem foi a pessoa que te deu apoio para que continuasse a estudar e praticar em tão tenra idade?
Mike Terrana: Por algum motivo sempre me atraí por tocar bateria. Lembro-me da primeira vez que vi alguém tocar: realmente me tocou, me hipnotizou. Eu gosto de poder e volume, assim que disse a mim mesmo "quero fazer o que esse cara está fazendo". Recordo-me que estava em férias, quando garoto, e estava no meio dos adultos vendo shows ao vivo. Eu especialmente prestava mais atenção nos bateristas; meus pais pensavam que eu estava louco, mas era algo que me encantava. Adoro tocar música, é uma das coisas mais bonitas do mundo.
Sempre me inspiraram outros compositores de diferentes estilos de música, escuto de tudo, vejo a todos... A inspiração vem de fontes distintas. Considero que, se queres ser um bom artista, tens que estar aberto a tudo: é a unica forma de aprender e crescer. Encanta-me praticar sozinho, estar sozinho com minha bateria. É como minha religião ou, melhor dizendo, como minha forma privada de meditar. Quando eu era jovem, sonhava em ser chamado para tocar nos álbums dos Beatles; logo cresci e comecei a trabalhar mais seriamente sobre os aspectos técnicos da percursão. Só praticar entre quatro paredes e cinco horas por dia, mas ultimamente é um pouco menos porque estou em turnê constantemente. Quando eu iniciei minha carreira, eu nada tinha que dizer o que praticava: eu queria fazê-lo, era uma necessidade. E nunca deixarei de fazê-lo. Tocar bateria representa uma grande parte de minha vida e é algo realmente divertido... Honestamente, estaria perdido sem minha bateria.
LM: Tendo em conta que entre tuas principais influências encontram-se bateristas como John Bonham, Ian Paice e Terry Bozzio, entre outros. Quão importante acreditas que isso influencia tua própria forma de tocar, para que possas destacar-te dentro de uma banda?
MT: É definitivamente muito importante e os bateristas que que você nomeou todos têm sua própria personalidade. Considero que isso é o que possibilita que as pessoas o sigam e façam a diferença.
É muito fácil copiar o que fazem os demais, creio que quando um recém começa, e é jovem, é importante que se inspire em seus ídolos. De todas as formas, conforme fui crescendo me dei conta que tinha que ser eu mesmo, que tinha que encontrar meu caminho e me tornar alguém original. Foi um caminho longo, difícil, cheio de desafios, mas muito interessante.
Parecia que nunca terminaria. Sou uma pessoa que sempre desfrutou de mudanças e evoluções pessoais, e penso que tens que ser esse tipo de pessoa para poder criar uma boa arte!
LM: Qual foi o motivo pelo qual se afastou de Rage, para imediatamente unir-se à bandas como Masterplan, Axel Rudi Pell, Tarja e inclusive criar seu próprio projeto, Sinfonica?
MT: Toquei com muitas bandas durante os meus trinta anos de carreira profissional, e às vezes as coisas não funcionam em termos pessoais, criativos e financeiros. Rage seguiu seu caminho e eu fui à busca de pastos mais verdes. Creio que foi uma sábia decisão. Eu desfruto da liberdade no processo criativo. Não gosto de repressões e nem das regras sem sentido. Isso não é Rock n'Roll, e o Rock n'Roll se trata de rebelião, da liberdade, da arte e da diversão! Encanta-me trabalhar com muita gente de uma vez, como estou fazendo no momento. Minha artista favorita é a Tarja. Nós nos damos super bem. Eu gosto de sua música e creio que é uma vocalista muito talentosa. Como disse, também tenho criado meus próprios projetos. Nunca fui um tipo que ficou sentado, recebendo ordens. Tenho uma personalidade forte e uma grande percepção para os negócios. Além disso, sei o que eu quero fazer e como quero fazer. E isso é o que faço.
Sinfonica foi fundada e conceitualizada para celebrar meu aniversário de 50 anos.
LM: É difícil continuar tocando com tantas bandas ao mesmo tempo, assim como ter uma agenda cheia de shows, e uma grande demanda para cumprir com as sessões de gravação impostas por cada artista?
MT: Não é difícil porque sou uma pessoa muito organizada, e me encanta trabalhar e estar em turnê. Se estou em casa por mais de algumas semanas, começo a ficar louco. Necessito tocar bateria diante de um público! Eu consigo por mim mesmo, já que é a única forma de fazer com que as coisas saiam bem. É um trabalho muito árduo, mas alguém tem que fazê-lo.
LM: Você participou do Festival Masters of Rock na República Tcheca com várias das bandas nas quais você toca hoje. Há algum segredo na forma de treinar para que você possa dar conta de uma performance por tanto tempo?
MT: Na verdade, venho treinando há anos. Atualmente tenho 51 anos, mas não me sinto cansado, débil ou mais lento. Corro, levanto pesos e pratico para estar sempre em forma. Não há segredos: simplesmente um estilo de vida sano e trabalho duro. Não bebo muito, fumo um cigarro de vez em quando, mas nunca consumi drogas e sempre me alimentei bem. Considero que a minha vida é simplesmente baseada em dedicação e moderação.
LM: A concepção geral de Sinfonica é fazer um tributo aos maestros da música classica, mas também a Cozy Powell, quem tocava "Obertura 1812" com Rainbow. O que significa seu desaparecimento físico para você?
MT: Senti-me muito triste quando Cozy Powell morreu. Ele significava muito para um monte de pessoas, tanto baterista como músicos em geral. Tinha uma personalidade genial, tocava em grandes bandas e sempre teve uma aprência e um estilo muito bons. Também tinha um forma mágica de tocar bateria, ele imprimiu seu próprio selo. Lamento por não tê-lo conhecido pessoalmente, mas sei que de gente que o conheceu e me comentaram que ele era um homem muito simpático, um verdadeiro cavaleiro com um notável senso de humor. Nos deixou seu legado para que nós aprendamos dele... Simplesmente, digite seu nome no Youtube, sente-se e desfrute!
LM: Foi complexo o processo de adaptação das peças clássicas, compiladas em seu primeiro álbum de Sinfonica, para a percursão?
MT: Sinfonica é um projeto em que estive trabalhando há mais de dois anos. Queria fazer algo para as novas gerações. Logo, ao escutar vários temas clássicos, me dei conta de que alí há raizes do que chamamos de "música moderna".
Progressões de acordes, mudanças na métrica, diversos sotaques... Tudo isso foi inventado nesse marco. Eu não tenho educação clássica, mas mesmo assim sei apreciá-la e, por algum motivo, pude mergulhar nela e estudá-la por mim mesmo. Por isso pude criar minha própria interpretação na bateria dessas finas obras de arte. Minha ideia original foi pegar peças clássicas famosas e adicionar minha bateria a elas, sem estragá-las. Quero dizer, é óbvio que essas músicas foram compostas por pessoas brilhantes e não precisam de minha bateria para soarem melhores. Queria tocar dinamicamente com uma orquestra. Para fazer isso, peguei todas as canções e escrevi algumas partes da minha bateria. Tive que ter muito cuidado ao fazer isso, pois o erro, menor que fosse, nesse tipo de música poderia aruiná-la ou destrui-la toda. Além disso, passei um ano buscando as peças clássicas mais apropriadas que, em primeiro lugar, foram famosas e, em segundo, que pudessem ser tocadas com bateria moderna.
LM: Sua intenção foi manter as linhas tradicionais dos temas originais, deixando o moderno unicamente para a interpretação?
MT: Sim. Minha visão foi tratar de voltar no tempo, aproximadamente 300 anos, com meu set de bateria moderno, para improvisar com Mozart. Não estou seguro se eu ou outros compositores aprovariam a forma que interpreto sua música. Temos que recordar que há percursão nas composições originais, mas até então não contavam com o luxo dos avanços tecnológicos para criar o que hoje em dia se conhece como "Modern Day Trap Drum Kit". A palavra "Trap" vem de "Contraption" (mecanismo), que é o set de bateria moderna hoje em dia. Está composto por diferentes tons, pedais e outras peças que facilitam para uma pessoa fazer várias coisas. Se você olhar para uma orquestra tocando ao vivo, verá que o setor de percursão está dividido em diferentes seções e cada músico toca um instrumento percursivo separado: timbales, tambores, bombo... Preferi tirar todas as regras e ignorar o que os puristas da música clássica poderiam dizer ou pensar.
Queria deixar essas músicas mais 'rock'. O que está alí é o que eu sinto, me liberei e toquei com o meu coração. Queria que meu desempenho fosse real, cru e emocional. Passei um mês ensaiando e gravando minha performance para cada tema, dez horas todos os dias. Quando voltava para casa, me sentava, escutava e com a ajuda de meu computador pude editar essas demos, apagando o que eu não gostava. Queria que o som da bateria fosse puro, sem samplers, basicamente sem nenhum tipo de truque, como as que eu escutava em todos os discos. Financiei essa produção com meu próprio dinheiro, porque nenhuma companhia investiria nisso. Não fiz esse disco para mostrar o quão bom e inteligente eu sou. Fiz por amar a música, amo o conceito, e queria que as pessoas se divertissem com ela. Creio que isso é algo que se perdeu na atualidade. Queria que as pessoas se entretivessem, pois é isso que é a música para mim.
LM: A respeito da forma em que sucedem as peças contempladas em seu trabalho, há vários estágios: desde o solene "New World Symphony" aos alegres "Willian Tell Overture" e "Cancan". Você acredita que ao eleger os extremos fez com que o disco resultasse em uma acessível e mais plena audiência?
MT: Sinceramente, não pensei em como os temas fluiriam no álbum... Foi bastante difícil encontrar a peça clássica que levaria as pessoas a indagarem sobre a bateria do Hard Rock contemporâneo. Não foi até eu terminar de gravar todas as peças que comecei a montar uma lista de temas com uma ordem que tivesse sentido. De início, me surpreendeu como os temas ficavam bem juntos. De todas as formas, não posso falar pelos demais. Talvez meus fãs tenham uma opinião diferente.
LM: Dois dos compositores mais aclamados no mundo do Metal - Beethoven e Paganini - não estão presentes nesse disco. Existe a possibilidade de gravar uma continuação do atual no futuro, que inclua esses maestros?
MT: Oh, claro! Estou ciente disso e asseguro que tratarei de usar algumas de suas composições para o segundo disco de Sinfonica.
LM: Você se tornou uma grande fonte de inspiração para as gerações mais jovens que estão envolvidas no Heavy Metal. O que você recomendaria para um músico que só começou sua carreira nessa cena?
MT: Bom, me alegra escutar isso. Creio que é genial que os mais jovens encontrem inspiração no que faço ou digo. Penso que, se você é um baterista jovem, você tem que levar em consideração que toda a carreira começa de maneira profissional. Tem que ser realista com você mesmo e com os objetivos que se plantou. É um longo caminho e o negócio da música é cada vez menos simples, mas é divertido, e uma vez que está com ela é uma boa forma de vida.
Suponho que se reduza o quanto você quiser, e quanto você se esforça para conseguir suas realizações. Se você trabalhar duro, crer em você mesmo e ser concentrado, poderá realizar qualquer coisa na vida!
LM: Quais as possibilidades de se apresentar na Argentina, como o fez há alguns anos, para dar aulas de bateria aos músicos locais e tocar seu novo material?
MT: Muitas. De início estarei de volta com Tarja em 25 de Março deste ano, em Buenos Aires, e espero poder dar algumas aulas nos dias livres durante a turnê.
LM: Quais são destes estilos você não pode deixar de escutar: Jazz, Metal, Blues, Rock ou Música Clássica?
MT: "Heavy Weather" de Weather Report, "Asia" de Steely Dan, "Live at the Sands With Quincy Jones Orquestra" de Frank Sinatra, "Greatest Hits" de Luciano Pavarotti e "Led Zappelin 1" de Led Zappelin.
Para conhecer mais sobre Mike Terrana, acesse: www.terrana.com