Leia abaixo nossa resenha sobre o show da Tarja no Rio de Janeiro. Escrita por Grace Kohlmann. Fotos por Myla Eslayne.
O RETORNO DA DEUSA
Eu sei que esse título parece ter saído de algum livro/filme épico a lá “O Senhor dos Anéis”, e, admito, é um tanto clichê, ainda mais quando o assunto é Tarja ( já que todos os admiradores fervorosos da cantora se referem à ela como “Deusa” pelo menos uma vez por dia); se você está lendo esta resenha, e é fã da Tarja assim como nós, COM CERTEZA você já se referiu à esta bela finlandesa de 33 anos como entidade divina, pelo menos uma vez na vida! Eu até estaria disposta a apostar meu precioso encarte do “My Winter Storm” autografado pela própria neste palpite, mas, não estamos aqui para fazer apostas, e sim, para descrever a noite mágica que os mais de 700 fãs cariocas tiveram a honra de presenciar no último domingo, dia 13 de março de 2011, na Fundição Progresso. E é por essas e outras, que, este título compensa seu tom clichê e batido, pois representa de maneira sucinta e incrivelmente verdadeira os sentimentos e pensamentos de todos os fãs naquela noite: A DEUSA VOLTOU!
Agora imagino que, você tenha ficado um tanto desapontado quando leu no parágrafo anterior o número de fãs presentes no estabelecimento. Não o culpo por isso; realmente, apenas 700 fãs parece ser “uma puta falta de sacanagem” mesmo, mas, antes que alguém comece a “xingar no twiiter hoje, muito!” vamos analisar alguns fatos que merecem ser considerados: Primeiro, para um show de Metal, marcado um tanto em cima da hora, em plena ressaca de carnaval (quando muitos ainda estavam viajando), com preços salgados, e ainda por cima com shows de gigantes do Metal como Iron Maiden e Ozzy Osbourne agendados para as próximas semanas, 700 pessoas na Fundição Progresso é praticamente um Woodstock! Parece exagero, mas, se você for considerar todos esses fatores, é a mais pura verdade. Claro que Tarja consegue atrair um público bem maior do que esse, porém, o fato de ela conseguir reunir tamanha quantidade de fãs em plena ressaca de carnaval, só mostra o fascínio que Tarja exerce sobre seus admiradores.
O segundo fator a ser considerado sobre esse show, é que, se o público carioca faltou em comparecimento, compensou em entusiasmo! Gritos ensurdecedores tomaram conta da casa quando os primeiros acordes de “Dark Star” irromperam pelas caixas de som, e, mesmo parecendo impossível, estes gritos tornaram-se ainda mais estridentes quando Tarja entrou em cena cantando os primeiros versos da música. Coube a Doug Wimbish cantar a parte do dueto destinada a Phil Labonte, tarefa que ele cumpriu com excelência, revelando um timbre de voz muito agradável de se ouvir! Durante a maior parte da música, a banda permaneceu atrás da cortina preta/transparente que exibia a lindíssima foto do encarte de “What Lies Beneath”. Era possível ver Tarja encostando a mão na cortina de uma maneira soturna, como se fosse uma barreira intransponível entre ela e os fãs, dando um belíssimo toque teatral para a perfomance! Assim que a música chegou ao fim, Tarja comprimentou seus fãs cariocas em um português quase perfeito, fazendo o público ir ao delírio!
O show continuou com a ótima “My Little Phoenix” (com direito ao clássico “duelo de bater cabeça” entre Tarja e seu violoncelista Max Lilja), e a comovente “I Feel Immortal”, com o refrão cantado uníssono pela platéia (fato este que se repetiu com quase todas as músicas do repertório). Depois foi a vez do arrasta-quarteirão “In for a Kill” contagiar a todos, assim como “Falling Awake”, música a qual a vocalista revelou ser sua “favorita ao vivo” segundos antes de tocá-la. O guitarrista argentino Julian Barret mostrou todo seu talento nesta música com um solo melodioso e cativante. Logo chegava a vez de “I Walk Alone”, música marcante de sua carreira solo. Tarja permitiu que o público cantasse uma boa parte da canção, promovendo um verdadeiro karaokê, e esboçou vários sorrisos ao perceber o quanto os fãs estavam familiarizados com a letra.
Por fim chegava a vez de Tarja se retirar por alguns minutos, e deixar sua banda brilhar sozinha. Primeiro foi a vez do baterista (e fã número 1 da cachaça brasileira), Mike Terrana, que deixou todos boquiabertos com sua inacreditável habilidade na bateria. Ele também tocou uma das músicas de seu incrível projeto “Sinfonica”, no qual ele oferece um toque Rock and Roll à icônicas músicas clássicas. A escolhida da noite foi “William Tell Overture” de Rossini (você pode até não conhecer música clássica, mas com certeza já ouviu essa música! É só lembrar dos desenhos do Tom e Jerry e do Pica-Pau que você assistia quando era criança). Logo depois o restante da banda retornou ao palco para uma “Jam”, que teve destaque para Wimbish, provando a sua extraordinária habilidade para o baixo, com solos agudos e complexos, chegando até tocar com os dentes, no melhor estilo Jimi Hendrix.
Foi uma ótima “Jam”, porém um tanto longa demais, e o público já estava começando a ficar ansioso pela volta de Tarja; mas a espera foi compensada com a bombástica “Little Lies” e a emocionante “Underneath”, que foi abrilhantada com uma performance vocal arrebatadora da soprano, emocionando a todos os presentes (inclusive a aquela que agora escreve esta resenha). Em seguida veio o primeiro clássico do Nighwish da noite, “End Of Hope”, que fez com que todos cantassem e pulassem loucamente. Ao final da música, Tarja recebe um enorme sapo de pelúcia com um vestido roxo e pergunta: “Ela é tão bonita quanto eu?” arrancando risadas de toda a platéia. Logo em seguida o set acústico tomou conta da noite, com performances impressionantes de “Higher than Hope” (do fatídico álbum “Once” do Nightwish), “We are”, “Minor Heaven” e “The Archive of the Lost Dreams” (com direito a Tarja tocando uma belíssima melodia ao teclado, arracando aplausos dos fãs). É nessas horas que eu gostaria de ter algum talento com as palavras para poder descrever todos os sentimentos que tomaram conta não só de mim, mas de toda a platéia, ao ver a estonteante voz da finlandesa preencher todo o estabelecimento, envolvendo o público de uma maneira completamente hipnótica, quase mística. Várias vezes depois do show eu me perguntei se já havia visto algo tão bonito. A resposta era sempre “Não”.
Depois disso, Tarja pergunta a seus dícipulos se eles estavam dormindo. Todos responderam com um entusiástico “ Não” e Tarja retrucou: “Acho que tem alguém aí dormindo! Vocês querem mais música? Porque agora vamos acordar vocês!” Não existia melhor música para a tarefa do que “Ciaran’s Well”. Os staccatos de Tarja foram cantandos uníssono por uma platéia alucinada, o que fez a cantora explodir em agradecimentos com uma incrível felicidade estampada no rosto: “Vocês são lindos! Que pessoas maravilhosas! Amo vocês!”. Em seguida veio a viagem psicodélica de “Crimson Deep”, uma das melhores músicas de seu novo disco, e, depois de alguns minutos de espera, a banda retornou ao palco para um bis contagiante com o Medley “Where Were You Last Night / Heaven is a Place On Earth / Living on a Prayer”,“Die Alive”, e seu mais novo sucesso na MTV Brasil, “Until My Last Breath”.
Chegava a hora de banda e público se despedirem. Tarja e seus colegas colocaram os braços envolta um do outro, caminharam para a frente, levantaram uma das pernas no que parecia ser uma tentativa de dançar can-can, e fizeram uma reverência a platéia, que respondeu com aplausos calorosos. Ao sair de show, eu estava um desastre: Meus pés me castigavam, minhas pernas sofriam com o cansaço, estava completamente descabelada, e eu suava mais que político em CPI. Mas a minha alma estava em êxtase, assim como a de todos os fãs presentes naquele dia. Um excelente show, com um excelente repertório, que nem a falta da fantástica “Anteroom of Death” conseguiu prejudicar (embora esta tenha sido pedida aos gritos por quase toda a platéia durante os agradecimentos). Devo confessar que, ao contrário dos meus conterrâneos, nunca fui uma grande entusiasta da “Cidade Maravilhosa”. Sempre achei que tal expressão era um tanto supervalorizada. Mas depois de ver um show como esse, ainda embriagada pela adrenalina e pela emoção, e com as minhas músicas preferidas ecoando na minha cabeça, naquele momento eu realmente senti que o Rio era uma cidade maravilhosa...Porque a Tarja estava nela!
Setlist
1 - Dark Star
2 - My Little Phoenix
3 - I Feel Immortal
4 - In For A Kill
5 - Falling Awake
6 - I Walk Alone
7 - Solo de bateria + Little Lies banda
8 - Little lies
9 - Underneath
10 - End of All Hope
11 - Higher Than Hope/We Are/Minor Heaven/Archives of Lost Dreams (set acústico)
12 - Ciaran’s Well
13 - Crimson Deep
14 - Where Were You Last Night/Heaven is a Place on Earth/Living on a Prayer
15 - Die Alive
16 - Until My Last Breath
2 - My Little Phoenix
3 - I Feel Immortal
4 - In For A Kill
5 - Falling Awake
6 - I Walk Alone
7 - Solo de bateria + Little Lies banda
8 - Little lies
9 - Underneath
10 - End of All Hope
11 - Higher Than Hope/We Are/Minor Heaven/Archives of Lost Dreams (set acústico)
12 - Ciaran’s Well
13 - Crimson Deep
14 - Where Were You Last Night/Heaven is a Place on Earth/Living on a Prayer
15 - Die Alive
16 - Until My Last Breath
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